Acredita-se que a prevalência de depressão atinja de 5% a 10% da população mundial e que somente de 1% a 3% recebam tratamento.
As mulheres são mais suscetíveis a ter depressão do que os homens, numa proporção de 3:1, admitindo-se que essa prevalência atinja de 5% a 12% das mulheres e de 2% a 3% dos homens. Essa diferença pode ser relacionada às influências hormonais sobre o metabolismo psíquico feminino.
Essa enfermidade não respeita pessoas, atingindo a qualquer um, com ou sem uma causa definida, com intensidade variada, fato que, muitas vezes, dificulta o diagnóstico. Algumas vezes, ela vem mascarada por sintomas cardiológicos como angústia e opressão no peito, situação que faz os pacientes procurarem os cardiologistas. Não é o coração físico sofrendo, mas o emocional, o espiritual.
Muitos ainda não acreditam que a depressão seja uma doença, acham que é uma alteração própria da idade ou ainda fruto de invenção da indústria farmacêutica para vender medicamentos. Grande engano este, pois a depressão é tão antiga quanto Adão e Eva no Paraíso, pois no livro de Jó, capítulo 3:24,26, encontramos uma descrição que nos faz lembrar de um paciente deprimido: “Por alimento tenho soluços, e os gemidos vêm-me como água. Sucede-me o que mais temia, o que mais me aterrava acontece-me. Vivo sem paz e sem descanso, eu não repouso: o que vem é agitação”.
A depressão não respeita pessoas com fé, atingindo crentes e não crentes, ou melhor, ela não respeita ninguém, atinge políticos, líderes mundiais, atletas, celebridades, autores, músicos e até santos católicos, como aconteceu a São João da Cruz ou mesmo a Santa Teresinha do Menino Jesus, no leito de morte.
A palavra "depressão" pode ter inúmeros sentidos, como por exemplo: estar para baixo, estar “down”, triste. Em navegação, depressão significa a distância angular de um objeto celestial no horizonte. Em geologia, a depressão é um local baixo ou oco.
Nos Estados Unidos, em 1929, o “crash” da Bolsa de Valores determinou o período da Grande Depressão econômica, que se alastrou pelo mundo todo nessa época. Evidentemente, nesse período negro da história econômica mundial, muitas pessoas sofreram de depressão mental, decorrente das perdas econômicas.
Aqui no Brasil também passamos por muitas crises econômicas que acarretaram inúmeras perdas, que levaram a graves depressões no sistema econômico financeiro e com grandes consequências sociais. Vocês se lembram do início do governo Collor? Do confisco das nossas economias? Quantas e quantas pessoas não ficaram em depressão grave por isso? Quantos não adoeceram? Quantos não se suicidaram?
A depressão é um estado de existência marcado por uma sensação de sermos empurrados para baixo, oprimidos, afetando-nos física, psíquica e espiritualmente. Em outras palavras: essa doença não é um estado da mente, mas um estado do ser.
A depressão, porém, pode não ser o fim do caminho! Surpreendentemente, é possível tratá-la como um sinal de esperança!
Dr Roque Savioli