O Papa dos jovens
Eu era bem pequena quando ouvi falar que ele viria ao Brasil pela primeira vez. Nunca imaginei que fosse um homem tão importante, mas logo percebi que sua visita era algo extraordinário. Como não tínhamos televisão em casa e morávamos na roça, minha mãe levou a mim e a meus irmãos, também crianças, para assistirmos, na casa da vizinha (que aliás já estava empilhada de gente), sua chegada à capital brasileira. Lembro-me ainda de que, enquanto esperava impaciente para vê-lo descer logo do avião, ouvia vários comentários a seu respeito, entre eles, ouvi uma senhora já idosa dizer com seu ar de sabedoria apurada: "João Paulo II é um santo vivo!" Virei-me rapidamente para ela na espera de que continuasse a falar, pois logo associei a imagem do Papa à dos “santinhos” que minha mãe tinha em casa. Mas entre tantas conversas paralelas e a ansiedade para ver a chegada do Papa à Terra de Santa Cruz, só consegui guardar isto: "João Paulo II é um santo".
Fui crescendo e acompanhando passo a passo sua trajetória, seu amor pela humanidade, sua voz forte, que depois se tornou trêmula e embargada, mas nunca se calou diante das multidões, encontrava sempre espaço em meu coração e no coração de tantos jovens, idosos e crianças por este mundo afora. Com o passar do tempo e o agravamento da doença (Mal de Parkinson), sua santidade foi se evidenciando ainda mais, assim como seu esforço para continuar a missão que lhe fora confiada, suas limitações expostas e seu sorriso em meio às dores eram prova disso. Quem não chorou ao vê-lo pela última vez em público, era quarta-feira, dia 30 de março, a Praça São Pedro estava repleta de fiéis à espera de ouvir sua voz, ele, com muito esforço, tentou falar, mas sem sucesso, acabou acenando e abençoando, com as mãos trêmulas, a multidão que o observava comovida. Era seu amor à humanidade, expresso na cruz de suas limitaçãos humanas. Depois de percorrer o mundo como “Messageiro da paz”, “João de Deus” e o “Papa dos jovens”, era hora de parar, de voltar ao Pai. Sua imagem, no entanto, jamais se apagou da lembrança de quem o viu de perto ou de longe.
Dizem que é na provação que se reconhece um santo. Ele foi provado e quem o acompanhou, atesta sua santidade. "Jamais perdeu a intimidade com o Céu". "Teve uma morte cheia de vida" são alguns dos comentários que ouvimos.
Hoje, a poucos dias de sua beatificação, e tendo em mãos as credenciais para trabalhar na cobertura deste evento mundial, penso contantemente em tudo que, na minha vida, traz por uma razão ou outra as marcas da sua fé, do seu ministério, do seu testemunho. E lembro-me também daquela senhora que, para mim, foi profeta; suas palavras acompanharam minha infância e tiveram grande influência na minha fé. Era o início do pontificado do Papa Wojtyla, suas obras ainda não eram tão conhecidas, e ela viu mais longe, declarando em primeira mão sua santidade.
Hoje já não está entre nós, mas se estivesse eu faria questão de recordar-lhe o fato e dizer que ela tinha razão, o mundo todo já sabe, ele era mesmo “um santo vivo”! Era “um homem de Deus” como também ouvimos tantos dizerem. E o mais bonito é que ele sabia transmitir esse Deus a quem amava, servia e queria testemunhar sem cessar; esse Deus a quem comunicava, com seu amor, em suas palavras, seu sorriso, seu testemunho, suas orações e sua caridade ordenada e multiplicada em inúmeros gestos e atitudes. Quem não se lembra, ao menos de ouvir falar, de seu gesto, por exemplo, quando doou o anel pontifício em prol da Favela do Vidigal durante a primeira viagem ao Brasil em 1980? Ou ainda do perdão concedido a Ali Ağca, homem que disparou um tiro contra ele na Praça São Pedro em 13 de maio de 1981?
E uma nuvem de testemunhos vêm à nossa lembrança, quando pessamos em Karol Wojtyla. Um homem que passou da formação clandestina à Catedra de São Pedro. De ator à personalisação da verdade. De leigo orfão a Pastor universal da Igreja.
Quanta superação, quanto entusiamo e quanta doação marcaram sua trajetória neste mundo!
Um pontificado de quase três décadas, o terceiro mais longo da história da Igreja, e uma vida de quase 85 anos, assinalada por perdas e dificuldades várias, mas também por inúmeras conquistas e lições de amor.
Entre suas marcantes características, recordo-me de João Paulo II como um homem orante. Rezava noites inteiras ou pelo menos muitas horas seguidas, como que atraído pelo divino desejo de comunhão com a Santíssima Trindade e com a Virgem Maria, a quem dizia pertencer: “Totus Tuus”. E depois falava e agia a partir daquilo que contemplava, rezava e meditava nas suas horas de intimidade com Deus. Acredito que está aí revelado seu segredo. Só uma profunda vida de oração gera santidade! E foi assim o Papa João Paulo II, a quem a Igreja, pela decisão de seu sucessor, irá declarar beato em poucos dias.
Que seu testemunho nos contagie e nos arraste para a meta da santidade em nossos dias, fazendo com que sejamos também nós “Santos vivos”. Esta é a mais nobre vocação humana.
Fui crescendo e acompanhando passo a passo sua trajetória, seu amor pela humanidade, sua voz forte, que depois se tornou trêmula e embargada, mas nunca se calou diante das multidões, encontrava sempre espaço em meu coração e no coração de tantos jovens, idosos e crianças por este mundo afora. Com o passar do tempo e o agravamento da doença (Mal de Parkinson), sua santidade foi se evidenciando ainda mais, assim como seu esforço para continuar a missão que lhe fora confiada, suas limitações expostas e seu sorriso em meio às dores eram prova disso. Quem não chorou ao vê-lo pela última vez em público, era quarta-feira, dia 30 de março, a Praça São Pedro estava repleta de fiéis à espera de ouvir sua voz, ele, com muito esforço, tentou falar, mas sem sucesso, acabou acenando e abençoando, com as mãos trêmulas, a multidão que o observava comovida. Era seu amor à humanidade, expresso na cruz de suas limitaçãos humanas. Depois de percorrer o mundo como “Messageiro da paz”, “João de Deus” e o “Papa dos jovens”, era hora de parar, de voltar ao Pai. Sua imagem, no entanto, jamais se apagou da lembrança de quem o viu de perto ou de longe.
Dizem que é na provação que se reconhece um santo. Ele foi provado e quem o acompanhou, atesta sua santidade. "Jamais perdeu a intimidade com o Céu". "Teve uma morte cheia de vida" são alguns dos comentários que ouvimos.
Hoje, a poucos dias de sua beatificação, e tendo em mãos as credenciais para trabalhar na cobertura deste evento mundial, penso contantemente em tudo que, na minha vida, traz por uma razão ou outra as marcas da sua fé, do seu ministério, do seu testemunho. E lembro-me também daquela senhora que, para mim, foi profeta; suas palavras acompanharam minha infância e tiveram grande influência na minha fé. Era o início do pontificado do Papa Wojtyla, suas obras ainda não eram tão conhecidas, e ela viu mais longe, declarando em primeira mão sua santidade.
Hoje já não está entre nós, mas se estivesse eu faria questão de recordar-lhe o fato e dizer que ela tinha razão, o mundo todo já sabe, ele era mesmo “um santo vivo”! Era “um homem de Deus” como também ouvimos tantos dizerem. E o mais bonito é que ele sabia transmitir esse Deus a quem amava, servia e queria testemunhar sem cessar; esse Deus a quem comunicava, com seu amor, em suas palavras, seu sorriso, seu testemunho, suas orações e sua caridade ordenada e multiplicada em inúmeros gestos e atitudes. Quem não se lembra, ao menos de ouvir falar, de seu gesto, por exemplo, quando doou o anel pontifício em prol da Favela do Vidigal durante a primeira viagem ao Brasil em 1980? Ou ainda do perdão concedido a Ali Ağca, homem que disparou um tiro contra ele na Praça São Pedro em 13 de maio de 1981?
E uma nuvem de testemunhos vêm à nossa lembrança, quando pessamos em Karol Wojtyla. Um homem que passou da formação clandestina à Catedra de São Pedro. De ator à personalisação da verdade. De leigo orfão a Pastor universal da Igreja.
Quanta superação, quanto entusiamo e quanta doação marcaram sua trajetória neste mundo!
Um pontificado de quase três décadas, o terceiro mais longo da história da Igreja, e uma vida de quase 85 anos, assinalada por perdas e dificuldades várias, mas também por inúmeras conquistas e lições de amor.
Entre suas marcantes características, recordo-me de João Paulo II como um homem orante. Rezava noites inteiras ou pelo menos muitas horas seguidas, como que atraído pelo divino desejo de comunhão com a Santíssima Trindade e com a Virgem Maria, a quem dizia pertencer: “Totus Tuus”. E depois falava e agia a partir daquilo que contemplava, rezava e meditava nas suas horas de intimidade com Deus. Acredito que está aí revelado seu segredo. Só uma profunda vida de oração gera santidade! E foi assim o Papa João Paulo II, a quem a Igreja, pela decisão de seu sucessor, irá declarar beato em poucos dias.
Que seu testemunho nos contagie e nos arraste para a meta da santidade em nossos dias, fazendo com que sejamos também nós “Santos vivos”. Esta é a mais nobre vocação humana.
Dijanira Silva
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