Tudo podemos naquele que nos fortalece
Quem já não ouviu a célebre frase: “Deus não escolhe os capacitados, mas capacita os escolhidos”? Por vezes nos sentimos incapazes diante de algumas propostas e responsabilidades. Ainda mais quando é um trabalho missionário, paroquial, enfim, quando é pelo Reino de Deus.
Mas saiba: é você mesmo quem o Senhor chamou!
A Sagrada Escritura está repleta de exemplos em que Deus convoca para Sua messe aqueles que se percebem menos qualificados. Moisés disse ao Altíssimo: “Quem sou eu para ir ter com o faraó e tirar do Egito os israelitas?” (Ex 3, 11). Jeremias: “Ah! Senhor JAVÉ, eu nem sei falar, pois que sou apenas uma criança” (Jr 1,6); Isaías: “Ai de mim, gritava eu. Estou perdido porque sou um homem de lábios impuros” (Is 6, 5).
Simão Pedro, diante de um prodígio que Jesus havia realizado, chega a dizer: “Senhor, afaste-se de mim, pois eu sou um pecador” (cf. Lc 5, 8), tão pequeno sentiu-se.
Mas depois, ao contemplar os feitos desses homens, podemos concluir que o medo de "não darmos conta" nunca foi argumento convincente para Jesus.
A primeira motivação pela qual o Senhor chama os que não se sentem aptos é que estes não depositam sua confiança na própria força, inteligência ou qualquer outra forma de poder de ação.
Gedeão iria enfrentar um exército tão imenso como uma nuvem de gafanhotos ou a areia do mar (cf. Jz 7, 12), então começa a recrutar seus homens, no entanto, Deus lhe diz: “A gente que levas contigo é numerosa demais para que eu entregue Madiã em suas mãos. Israel poderia gloriar-se à minha custa, dizendo: foi a minha mão que me livrou” (Jz 7, 2). E assim, o Senhor foi reduzindo o exército de Israel ao número irrisório de trezentos homens, mas, que, ao final, venceram a batalha.
Toda a eficácia vem do poder do Alto e não de nós. Somos meros canais, instrumentos, por onde a bênção chega ao seu devido resultado. Nenhuma ferramenta age por si, ela precisa da força, precisão e ação do trabalhador, da mesma forma, nós somos as ferramentas de Deus. O outro fator que assegura o sucesso de uma missão é que o discípulo esteja aos pés de Jesus Cristo. Estar aos pés do Senhor é a atitude de quem está em atitude de escuta e executa o que diz seu Mestre.
“Ouve, Israel” (cf. Dt 6,4 – Mc 12, 29). O verbo "ouvir" na Palavra de Deus tem uma íntima relação com obedecer. Obedecer (“ob-audire”) na fé significa submeter-se livremente à palavra ouvida. (cf. Catecismo da Igreja Católica – n. 144). Ouvir para colocar em prática, sem medo!
Marta estava aflita com o serviço, no entanto, Jesus a alertou: “Marta, Marta, andas muito inquieta e te preocupas com muitas coisas; no entanto, uma só coisa é necessária; Maria escolheu a boa parte, que lhe não será tirada” (cf. Lc 10, 41-42). Maria estava aos pés do Senhor (cf. Lc 10, 39).
Não adianta a "pré-ocupação", nossa pretensa antecipação de uma ilusória providência humana, nem o receio se o resultado final será satisfatório conforme a nossa vã consciência de eficácia. A verdadeira capacitação, entendimento e sabedoria vêm do Senhor. Um minuto aos pés do Altíssimo é mais valioso do que anos de aulas, estágios ou trabalhos nos mais renomados institutos do mundo.
Uma vez, Santa Faustina, envolvida em trabalhos simples, mas querendo participar de uma palestra, ouviu de Jesus: “Minha filha, por que fazes tanta questão da instrução e da Palavra dos homens? Eu mesmo quero instruir-te e por isso estou arrumando as circunstâncias de tal forma que não possas participar dessas conferências. Num momento dar-te-ei a conhecer mais do que outros conseguirão labutando por muitos anos” (cf. Diário de Santa Faustina, art. n. 1147).
Quando o Senhor deseja, Ele pode incutir em nós grandes ideias, o conhecimento, a intuição sobre qualquer coisa. Não podemos desmerecer a ciência humana, mas reconhecer que os caminhos pelos quais Deus nos faz andar possuem uma graça que sobressai ao que é a instrução e a lógica deste mundo.
E, às vezes, não compreendemos, ficamos atribulados ou até nos irritamos com certas providências. Preferimos ficar atribulados, como Marta, a ouvir Jesus, como Maria.
Se estamos aos pés de Jesus, se fizemos conforme Ele nos disse, não devemos nos preocupar.
Não é à toa que Cristo é o nosso Mestre! Ele é a Sabedoria encarnada que deseja nos ensinar e nos dar a força do Seu Espírito. Na Sua escola as vagas não são limitadas, nem somos nós que nos matriculamos, é o próprio Professor que vem chamar os Seus.
"Tudo podemos naquele que nos fortalece" (Fl 4, 13).
Sandro Arquejada
Missionário Canção Nova
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