No começo do século VII, os persas saquearam Jerusalém, destruíram muitas basílicas e se apoderaram das sagradas relíquias da Santa Cruz que, um pouco mais tarde, seriam recuperadas pelo imperador Heráclio. Conta uma piedosa tradição que, quando o imperador, vestido com as insígnias da realeza, quis carregar pessoalmente o Santo Madeiro até o seu primitivo lugar no Calvário, o seu peso foi-se tornando cada vez mais insuportável. Nesse momento, Zacarias, bispo de Jerusalém, fez-lhe ver que, para levar aos ombros a Santa Cruz, deveria desfazer-se das insígnias imperiais, imitando a pobreza e a humildade de Cristo, o qual tinha carregado o santo lenho despojado de tudo. Heráclio vestiu, então, umas humildes roupas de peregrino e, descalço, pôde levar a Santa Cruz até o cimo do Gólgota.
É possível que tenhamos aprendido, desde a nossa infância, a fazer o sinal da cruz sobre a nossa testa, os nossos lábios e o nosso coração, em sinal externo da fé que professamos. Na liturgia, a Igreja utiliza o sinal da cruz nos altares, no culto e nos edifícios sagrados. É a árvore de riquíssimos frutos, arma poderosa que afasta todos os males e espanta os inimigos da nossa salvação: "Pelo sinal da Santa Cruz, livrai-nos Deus Nosso Senhor dos nossos inimigos", dizemos todos os dias ao nos persignar. A Cruz – ensina um padre da Igreja – “é o escudo e o troféu contra o demônio".
É o sinal para que não sejamos atingidos pelo anjo exterminador, como diz a Escritura (cf. Ex 9,12). É o instrumento para levantar aqueles que caem, o apoio para os que se mantêm em pé, o bastão dos débeis, o guia dos que se extraviam, a meta dos que avançam, a saúde da alma e do corpo. Afugenta todos os males, acolhe todos os bens, é a morte do pecado, a semente da ressurreição, a árvore da vida eterna”. O Senhor pôs a salvação da humanidade no lenho da cruz para que a vida ressurgisse de onde viera a morte, e aquele que vencera, na árvore do paraíso, fosse vencido na árvore da cruz.
A cruz se apresenta na nossa vida de diversas maneiras: doença, pobreza, cansaço, dor, desprezo, solidão... Hoje, podemos examinar como é a nossa disposição habitual em face dessa cruz que, às vezes, se mostra áspera e dura, mas que, se a levamos com amor, converte-se em fonte de purificação, de vida e também de alegria. Queixamo-nos com frequência das contrariedades ou, pelo contrário, damos graças a Deus também nos fracassos, na dor, na contradição? Essas realidades nos afastam ou nos aproximam de Deus?
A cruz se apresenta na nossa vida de diversas maneiras: doença, pobreza, cansaço, dor, desprezo, solidão... Hoje, podemos examinar como é a nossa disposição habitual em face dessa cruz que, às vezes, se mostra áspera e dura, mas que, se a levamos com amor, converte-se em fonte de purificação, de vida e também de alegria. Queixamo-nos com frequência das contrariedades ou, pelo contrário, damos graças a Deus também nos fracassos, na dor, na contradição? Essas realidades nos afastam ou nos aproximam de Deus?
O amor à cruz produz abundantes frutos na alma. Em primeiro lugar, leva-nos a descobrir Jesus, que sai ao nosso encontro e carrega sobre os Seus ombros a parte mais pesada da contradição. A nossa dor, associada à do Mestre, deixa de ser o mal que entristece, arruína e se converte em meio de íntima união com Deus. “Se sofres, submerge a tua dor na dele: diz a tua Missa. Mas se o mundo não compreende estas coisas, não te perturbes; basta que te compreendam Jesus, Maria, os santos. Vive com eles e deixa que o teu sangue corra em benefício da humanidade: como Ele!”
A cruz de cada dia é uma grande oportunidade de purificação, de desprendimento, de aumento de glória. São Paulo ensina, com frequência, que as tribulações são sempre breves e suportáveis, e que o prêmio desses sofrimentos acolhidos por amor a Cristo é imenso e eterno. Por isso, o apóstolo se alegrava nas tribulações, gloriava-se nelas e considerava-se feliz de poder uni-las às de Cristo Jesus, e assim completar a Sua Paixão para bem da Igreja e das almas. A única dor verdadeira é afastar-se de Cristo. Os outros padecimentos são passageiros e se convertem em alegria e paz.
É verdadeiramente suave e amável a cruz de Jesus. Não contam aí as penas, só a alegria de nos sabermos corredentores com Ele. O trato e a amizade com o Mestre nos ensinam, por outro lado, a ver e a enfrentar as dificuldades que se apresentam com um espírito jovem e decidido sem nenhum assomo de tristeza ou de queixa. À semelhança dos santos, encararemos as contrariedades como um estímulo, como um obstáculo que é preciso transpor neste combate que é a vida. Essa disposição de ânimo alegre e otimista, mesmo nos momentos difíceis, não é fruto do temperamento ou da idade: nasce de uma profunda vida interior, da consciência sempre presente da nossa filiação divina. É uma atitude serena, que cria em todas as circunstâncias um bom ambiente à nossa volta – na família, no trabalho, com os amigos – e constitui uma grande arma para aproximarmos os outros de Deus.
A cruz de cada dia é uma grande oportunidade de purificação, de desprendimento, de aumento de glória. São Paulo ensina, com frequência, que as tribulações são sempre breves e suportáveis, e que o prêmio desses sofrimentos acolhidos por amor a Cristo é imenso e eterno. Por isso, o apóstolo se alegrava nas tribulações, gloriava-se nelas e considerava-se feliz de poder uni-las às de Cristo Jesus, e assim completar a Sua Paixão para bem da Igreja e das almas. A única dor verdadeira é afastar-se de Cristo. Os outros padecimentos são passageiros e se convertem em alegria e paz.
É verdadeiramente suave e amável a cruz de Jesus. Não contam aí as penas, só a alegria de nos sabermos corredentores com Ele. O trato e a amizade com o Mestre nos ensinam, por outro lado, a ver e a enfrentar as dificuldades que se apresentam com um espírito jovem e decidido sem nenhum assomo de tristeza ou de queixa. À semelhança dos santos, encararemos as contrariedades como um estímulo, como um obstáculo que é preciso transpor neste combate que é a vida. Essa disposição de ânimo alegre e otimista, mesmo nos momentos difíceis, não é fruto do temperamento ou da idade: nasce de uma profunda vida interior, da consciência sempre presente da nossa filiação divina. É uma atitude serena, que cria em todas as circunstâncias um bom ambiente à nossa volta – na família, no trabalho, com os amigos – e constitui uma grande arma para aproximarmos os outros de Deus.
Pe. Francisco Fernández Carvajal
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