quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

O CHAMADO

Quem faz o bem pode ser chamado de ungido do Senhor
Infelizmente, ou até felizmente, vivemos numa situação humana marcada por grandes diferenças. Em determinados casos, podemos chamar de profundos abismos, seja na área social, política, econômica, psicológica, religiosa etc. Isso está muito claro entre o Criador, totalmente perfeito, e a criatura, condicionada às inumeráveis imperfeições.
Dentro das condições naturais da vida, todas as pessoas são chamadas à perfeição ou, pelo menos, a fazer esforço para viver nessas condições. Portanto, a correspondência a isso depende de cada um. Só assim é possível haver ordem social, convivência harmoniosa e diminuição dos extremos, porque eles são excludentes e, às vezes, desumanos.
Todo chamado supõe alguma resposta, que deve ser assumida com muita responsabilidade. A proposta de Deus, contida na Sagrada Escritura, é apresentada nessas condições e traz consequências para a vida social. Agindo assim, estamos contribuindo para o bem das pessoas e participando da construção do que motiva o bem viver, a harmonia na comunidade.
Quem faz o bem pode ser chamado de “ungido do Senhor”, de quem entendeu o sentido da vida e exercita suas qualidades para construir um mundo e uma sociedade como ambiente saudável. Todos nós podemos contribuir para vivenciar essa utopia, quebrando os muros existenciais que aumentam e fortalecem as distâncias.
Um chamado, na visão cristã, identifica-se com a palavra vocação ou missão de construir alguma coisa. A vida não pode ser infecunda como um parasita, que não contribui com nada. Sendo criatura, cada pessoa participa do projeto criador de construir, de dar perfeição e condições de vida para toda a obra criada, principalmente, o ser humano.
Falar de chamado, como vocação, significa perfeição, mas também santidade, isto é, de uma vida ofertada para o bem da comunidade e para o seguimento de Jesus Cristo. Supõe engajamento comunitário para transformar a sociedade em ambiente de amor e fraternidade. Corremos o grande perigo da fuga e do distanciamento da realidade, da rebeldia contra a vontade do Criador, deixando lugar para o envolvimento do reino do mal, da injustiça e da falta de paz.
Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba (MG)

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