“No ano seguinte, na época em que os reis saíam para a guerra, Davi enviou Joab com seus suboficiais e todo o Israel. Eles devastaram a terra dos amonitas e sitiaram Raba. Davi ficara em Jerusalém. Uma tarde, Davi, levantando-se da cama, passeava pelo terraço de seu palácio. Do alto do terraço avistou uma mulher que se banhava, e que era muito formosa. Informando-se Davi a respeito dela, disseram-lhe: É Betsabé, filha de Elião, mulher de Urias, o hiteu. Então Davi mandou mensageiros que lha trouxessem. Ela veio e Davi dormiu com ela. Ora, a mulher, depois de purificar-se de sua imundície menstrual, voltou para a sua casa, e vendo que concebera, mandou dizer a Davi: Estou grávida.” (2 Samuel 11,1-5)
Depois desse acontecimento, Davi armou uma emboscada para matar Urias, esposo de Betsabé. Nesse contexto, há o início do pecado de Davi, o grave pecado da acomodação: “Davi, porém, ficou em casa”. Quando tiramos os olhos daquilo que deve ser feito, nós nos perdemos e nossos olhos se detêm em outras coisas e perde o sentido da missão para a qual existia. Esse fato, que aconteceu na vida de Davi, pode acontecer em nossa vida também.
Certa vez, uma pessoa pediu minha ajuda, porque não estava conseguindo tempo para rezar. Eu lhe disse que tempo é questão de prioridade, e a nossa vida com Deus precisa ser uma prioridade. Para orar é preciso ter disciplina, um horário propício, um cantinho só nosso. Quando a pessoa tem dificuldade de rezar à noite, precisa encontrar um outro horário. Não dá para rezar o terço e assistir à televisão ao mesmo tempo.
No dia em que me encontro cansado, vou para o meu cantinho de oração e digo ao Senhor: “Sei que está aqui me esperando. Vamos conversar!”. O que eu não posso é me acomodar. Se eu não for para a guerra, como Davi não foi, ficarei em casa na mesmice e o comodismo tirará de mim a noção daquilo que é pecado.
Na história do filho pródigo, vemos que ele percebeu seu pecado e voltou à casa do pai. Mas, antes, precisou chegar a uma situação de não ter nem a comida dos porcos para comer, porque havia perdido a noção de pecado. No mundo de hoje, nós também estamos assim, por isso precisamos nos sentir incomodados pelo Espírito Santo para mudar.
Um dos sentidos da palavra "incomodar" é "perturbar". A Virgem Maria perturbou-se, incomodou-se e foi depressa ao encontro de Isabel. Estamos na Igreja e seremos incomodados. Quando nos sentirmos incomodados por Deus, mesmo errados, tenhamos a coragem de ir às pessoas e lhes pedir perdão.
Depois de todas as tragédias na casa de Davi, ele foi visitado pelo profeta Natã. Este jogou, na cara de Davi, todos os seus pecados a fim de que ele tomasse conhecimento de seus erros. Então, Davi pediu perdão a Deus por sua iniquidade, ou seja, por saber qual era a vontade do Senhor, mas não cumpri-la.
“Ó Deus, criai em mim um coração que seja puro. Renovai-me o espírito de firmeza. De vossa face não me rejeiteis, e nem me priveis de vosso santo Espírito. Restitui-me a alegria da salvação” (Salmo 50, 12-14a). Davi caiu em si e percebeu que havia perdido o que tinha de mais precioso: o sentido de Deus.
Muitas coisas ruins têm acontecido, porque temos perdido o sentido do pecado. O que cabe a mim e a você fazer? Ser de Deus. Isso não é fanatismo, mas uma decisão do coração.
Corremos o risco de nos acostumarmos com o que fazemos, mas se chegar o tempo de ir para a guerra, não poderemos ficar em casa.
Peçamos ao Espírito Santo que nos dê a novidade da Palavra todos os dias. O demônio quer que caiamos na tentação da mesmice, que percamos o sentido de Deus.
Não podemos perder a esperança; do contrário, ficamos moles e as coisas perdem sentido dentro de nós. É preciso nos encontrarmos com Deus, todos os dias, em todos os momentos e instantes. O pecado pode nos levar para um caminho sem volta. Sem Deus perdemos o sentido do pecado.
Edson Oliveira
Coordenador da RCC de Curitiba
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