Escolha fazer o bem sem esperar recompensas
Naquela noite de sábado, quando, mais uma vez, fui convidada para participar do grupo de oração, diferente das outras vezes, eu disse “sim” e fui, mesmo sem estar interessada em participar de uma experiência de fé e sem acreditar que algo interessante pudesse acontecer naquele lugar.Era uma capelinha bem simples e antiga, que fica ao lado do cemitério da pequena cidade onde eu nasci. Mas Deus, que costuma ir sempre além de nossas expectativas, concedeu-me a graça de viver uma das experiências mais importantes de minha vida, justamente naquela noite e naquele lugar.
Ajudada pelos cânticos, testemunhos e pregação da Palavra, descobri que Jesus, Aquele que ouvi dizer que havia morrido há muito tempo, na verdade estava vivo e podia interagir comigo. Senti Sua presença e Seu amor tocar-me profundamente. Saí daquele lugar transformada. Não sabia explicar com palavras o que aconteceu, mas tinha certeza de que aquela alegria, leveza e toda experiência que eu acabava de viver não poderia ficar só comigo; eu precisava proporcioná-la a outras pessoas.
Recordo-me que, desde criança, eu pensava em fazer algo bom, capaz de tornar o mundo melhor, e falei sobre isso com Jesus já naquele primeiro encontro. Mais tarde, vim a perceber que o desejo de fazer o bem ao próximo já era um dos sinais da minha vocação.
O certo é que, depois daquela noite, eu queria que minha família, meus amigos e todas as pessoas do mundo soubessem, o quanto antes, que Jesus estava vivo e continuava realizando o impossível em nossos dias. A presença de Deus transbordava em meu ser e, quanto mais eu ia tomando consciência do Seu amor, mais me sentia chamada a fazer alguma coisa concreta para correspondê-Lo. Diz a Palavra que “o amor de Deus é tão forte que nos constrange”, e eu estava experimentando exatamente isso.
Já parou para pensar que, antes mesmo da sua existência, Alguém já o amava tão profundamente que deu a vida por você? “Antes que te formasse no ventre de tua mãe Eu te conheci e antes que de lá saíste Eu te santifiquei...” (Jeremias 1,5). Tomar conhecimento disso gera uma enorme gratidão e, no mínimo, desperta-nos a sermos melhores neste mundo.
Recordo-me de um filme que assisti há vários anos e que marcou minha vida nesse sentido: “A corrente do bem”. A ideia principal do longa-metragem é a de proporcionar aos outros o bem que recebemos; assim, os atos de bondade vão se multiplicando rapidamente entre as pessoas.
Tudo começa com um menino, cuja tarefa escolar dizia que para o mundo ser melhor era preciso começar por ele. Portanto, deveria fazer três coisas boas naquele dia. Então, o garoto inicia, sem grandes pretensões, a corrente do bem com três metas: ajudar uma velhinha a atravessar a rua, comprar um lanche para um faminto e sorrir para alguém triste. As pessoas que receberam estes gestos ficaram surpresas e quiseram retribuir, mas o menino logo ensinava a lição: faça o bem a outra pessoa. E assim os atos de bondade iam ganhando forças e se multiplicando pelo mundo afora, mudando a vida de muita gente. O filme continua, mas eu volto a falar da realidade.
O fato é que, quando eu menos esperava, descobri que Deus me amou primeiro e estava, agora, me chamando a ser mais um elo na corrente do bem que Ele iniciara com Sua Paixão, Morte e Ressurreição: “Não foste vos que me escolhestes, mas eu que vos escolhi...” (Jo 15,16). Sentia- me fortemente chamada! Era preciso descobrir por onde começar a caminhar. Foi aí que tive a graça de conhecer a Comunidade Canção Nova e dar início à descoberta vocacional que me levou a pertencer a esse carisma.
Na Canção Nova, para minha alegria, encontrei muitas pessoas que também haviam sido chamadas - embora em lugares e situações diferentes - para o mesmo fim: corresponder ao amor de Deus, promovendo o bem na vida das pessoas que o Senhor nos envia a cada dia, seja pelos meios de comunicação, seja nos encontros que realizamos e em tudo que fazemos, mesmo as atividades mais simples do dia a dia.
Certamente, a gratidão é o que nos move, pois não existe momento no relacionamento com Deus em que o amor que eu recebo seja o amor que eu mereço. E quanto mais experimento isso, mais tenho a certeza de que a corrente do bem que Ele começou - enviando Seu Filho ao mundo para pagar o preço dos nossos pecados - não pode parar em mim nem em você.
Já percebeu que o bem que você recebe pode ser multiplicado e atingir muitas outras pessoas, principalmente as que estão ao seu lado? Tenha a coragem de ser “elo” no dia de hoje. Escolha fazer o bem sem esperar recompensas. Na verdade, o mundo torna-se melhor quando eu e você nos tornamos melhores. Optar pela bondade é seguir o exemplo de doação do próprio Deus, tornando-nos canais para levar Seu amor a tantos corações sedentos por este mundo afora.
Dizer “sim” ao seu chamado é corresponder à vocação para a qual Jesus nos criou. Talvez sua vocação aconteça aí mesmo onde você está ou pode ser que Deus o chame a deixar tudo e partir. O mais importante, no entanto, é discernir seu chamado e ter a coragem de dizer “sim” sem medo.
É Ele mesmo quem garante Sua proximidade e assistência àqueles que aceitam o desafio de seguir Seus passos: “Permanecei em Mim que eu permaneço em vós” (Jo 15,4).
Portanto, coragem! Digamos “sim” com alegria e gratidão ao chamado de Deus nesse dia, considerando que Ele nos amou primeiro.
Dijanira Silva
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