quarta-feira, 3 de novembro de 2010

OLHAR A PESSOA COM O CORAÇÃO

Somente um coração curado poderá ter um olhar generoso

Olhar a outra pessoa com o coração. Esta frase parece estranha, pois nós olhamos com os olhos e não com o coração. Mas estou utilizando esta expressão um tanto poética para dizer que o nosso olhar deve ter sempre uma fonte de julgamento: o coração. Isto porque sempre que olhamos para alguém acontece naturalmente um julgamento, uma análise. Vemos o seu exterior, a situação que se nos apresenta. Quantas vezes olhamos para uma pessoa e a realidade dela naquele momento é reprovável ou triste. Outras vezes olhamos a atitude errada de alguém e logo o julgamos e o condenamos somente com o olhar. Noutro momento a situação é bela e grandiosa: alguém fazendo o bem, outra sendo generoso e o aprovamos de imediato.

A reflexão que estou partilhando com você é esta: o julgamento que exprimo com meu olhar reflete a realidade interior que estou vivendo. A Bíblia diz que o olho é o espelho da alma. Por isso, muitas vezes, quando não estamos bem, quando nosso interior está machucado pelas agressões que a vida nos proporciona, quando perdemos o sentido para fazer algumas coisas, ou estamos precisando ser amados, normalmente vemos e julgamos de forma negativa as situações e as pessoas.

Para olharmos o mundo com o coração, isto é, transformarmos este olhar em um olhar positivo, é preciso curar o próprio coração. Muitos dão nome a isso de cura interior. Todos precisamos de cura interior. E este é um processo que começa quando temos a coragem de apresentar a Deus as nossas feridas, fraquezas, pecados e imperfeições, também os sofrimentos que a vida nos proporcionou, as pessoas que nos feriram, e pedir que a força redentora da cruz de Cristo atinja tudo isso e restaure, com o Seu supremo Amor, os sentimentos do nosso coração. O passo seguinte é projetar em Jesus uma vida nova, uma nova chance de recomeço, deixando para o passado as situações dolorosas, depositando nos sofrimentos de Cristo, na cruz, os nossos sofrimentos e pecados, rancores e ressentimentos, mágoas e decepções.

Somente um coração curado poderá fazer com que você e eu possamos ver o mundo e as pessoas com um olhar generoso, capaz de obscurecer os erros e elevar as suas qualidades. Eu quero chamar isto de: olhar a pessoa com o coração. Mas com um coração renovado e curado.

Quem sabe você também não esteja precisando ter este olhar. Então a dica que eu deixo para você é: procure curar o seu coração, reze nesse sentido e peça a Jesus a sua cura interior, deixando toda a mágoa provocada pelas situações passadas depositadas no coração d'Ele e se abra para uma vida nova. Com certeza, o seu relacionamento com as pessoas com quem convive, seja esposa, seja esposo, namorado, filho, filha, irmãos será iluminado por uma nova luz, a luz do amor.

Deus o abençoe!
Diácono Paulo Lourenço

O ROSÁRIO DA VIRGEM MARIA

"Retomai confiantemente nas mãos o terço do Rosário" Papa João Paulo

Ao habitar entre nós, nascido da Virgem Maria, por obra do Espírito Santo, Jesus passou seu tempo nesta terra caminhando entre os homens da Palestina e ensinando sobre o Reino de Deus. Para isto usou, muitas vezes, uma linguagem simples que atingia facilmente o coração do povo. Os pássaros, os lírios, as sementes, o grão de trigo, a moeda, as pérolas, os peixes, as ovelhas ...
A oração do terço – que é uma parte do Rosário - segue esta linha de “simplicidade e profundidade, uma oração de grande significado, destinada a produzir frutos de santidade” (João Paulo II)
Repetindo seguidamente as Ave Marias, meditando os mistérios que recordam as principais passagens da vida de Jesus, vamos sendo envolvidos pela verdadeira paz e alcançamos “graça em abundância”.
A Igreja vem, seguidamente, através do seu Magistério, nos indicando a recitação desta oração. O Papa Leão XIII a indicou como “instrumento espiritual eficaz contra os males da sociedade”. O Papa João Paulo II escreveu a Carta Apostólica Rosário da Virgem Maria e nos exorta a “retomar confiantemente nas mãos o terço do Rosário”.
Muitos pintores e escultores nos apresentam Maria esmagando a cabeça de uma serpente sob seus pés. Esta serpente é o demônio, que é afugentado pela oração da Igreja a Jesus Cristo. Maria é a co-redentora. Unida a Jesus, ela esmaga a cabeça da serpente. (L.G.56)
Maria é a mulher forte que, com sua profunda humildade e obediência, sempre venceu as forças de Satanás. Santo Afonso nos diz que “o demônio tem medo até do nome da Mãe de Deus” e que, recorrer a Maria, é um meio seguríssimo para vencer as tentações. Por isto ela é chamada “terrível como um exército em ordem de batalha”. Com sua santidade ela afugenta os demônios.
A “serena sucessão das Ave Marias exerce uma função pacificadora sobre quem o reza, predispondo-o a receber e experimentar no mais fundo de si mesmo e, a espalhar ao seu redor, a paz verdadeira que é um dom especial do ressuscitado”. (João Paulo II)
O Papa também nos exorta a voltar a rezar em família e pelas famílias através do Rosário. A confiar o crescimento dos filhos, a união dos casais, as necessidades pessoais, sociais e da Igreja nas mãos da Mãe Santíssima, a Virgem do Rosário.
Somos convidados a retomar diariamente nas mãos o nosso terço “doce cadeia que nos prende a Deus” e, com confiança, implorar a intercessão da Mãe.
Salve Maria!

Maria do Rosário Fioroni Teixeira

A FELICIDADE MORA NO LAR

 

Quem não está disposto ao sacrifício nunca saberá o que é felicidade
Os momentos mais felizes da minha vida foram aqueles poucos que pude passar em minha casa, no seio de minha família" (Tomas Jefferson, ex presidente dos EUA).

A maior alegria é colhida, a cada dia, na família. Eu não trocaria por nada toda a vida que vivi em meio aos meus familiares. A alegria de gerar os filhos, educá-los e conviver com eles faz a nossa maior felicidade. Infelizmente, muitos estão enganados pensando que podem buscar a felicidade fora do lar. Não faça isso. Faça a sua vida girar em torno de um lar, pois nada nos faz tão felizes como aquilo que construímos com a nossa vida, com a nossa luta e com a nossa dedicação.

A realidade que mais nos aproxima da ideia do paraíso é o nosso lar. Um homem não pode deixar ao mundo uma herança melhor do que uma família bem criada.
Alguém disse que o mundo oferece aos homens e aos pássaros mil lugares para pousar, mas apenas um ninho. Um homem que não for feliz no lar, dificilmente o será em outro lugar.

O homem percorre o mundo à procura da felicidade, mas volta para casa e a encontra lá.
Leon Tolstói disse que “a verdadeira felicidade está na própria casa. Entre as alegrias puras da família e o carinho da pessoa amada é que somos felizes”. Todo homem pode deixar para este mundo uma grande herança: um seio familiar bem constituído. Terá, então, prestado um grande serviço à pátria e a Deus.

Tudo isto nos ensina que não há autêntica e duradoura felicidade construída fora do lar. Até quando nos deixaremos enganar, querendo buscar a felicidade tão longe, se ela está bem junto de nós? A família é o nosso complemento, a base da sociedade. Nela somos um indivíduo reconhecido e amado; não apenas um número de RG ou CPF.
É no seio da família que cada pessoa faz a experiência própria do que seja amar e ser amado, sem o que jamais será feliz. Quando a família se destrói, a sociedade toda corre sério risco; e é por isso que temos hoje tantos jovens delinquentes envolvidos nas drogas, na bebida e na violência. Muitos estão no mundo do crime, porque não tiveram um lar.

Sem dúvida, a maior tragédia do mundo moderno é a destruição da família. As separações arrasam com os casamentos e, consequentemente, com as famílias. Os filhos pagam o preço da separação dos pais, sofrem com isto. Quando as famílias eram bem constituídas, não haviam tantos jovens envolvidos com drogas e com a violência, com a homossexualidade e depressão. Mais do que nunca o mundo precisa de homens e mulheres dispostos a constituir famílias sólidas, edificadas pelo matrimônio, onde os esposos vivam a fidelidade conjugal e se dediquem de corpo e alma ao bem dos filhos. É isso que dá felicidade ao homem e à mulher.

Infelizmente, uma mentalidade consumista, egoísta e comodista toma conta do mundo e das pessoas cada vez mais, impedindo-as de terem filhos e famílias sólidas.
Ora, é preciso entender que não há, na face da Terra, algo mais nobre e belo que um homem e uma mulher possam fazer do que gerar e educar um filho. Nada pode ser, nem de longe, comparado à vida humana. Nem toda riqueza que há debaixo da terra vale uma só vida humana, porque esta é criada à imagem e semelhança de Deus, dotada de inteligência, liberdade, vontade, consciência, capacidade de amar, cantar, sorrir e chorar. O que pode ser comparado a isto?

Nada pode nos dar tanta satisfação do que ver seu filho nascer, ensiná-lo a andar, falar, escrever e seguir o seu caminho neste mundo.
A felicidade do lar está também no relacionamento saudável, fiel e amoroso dos cônjuges. Sem fidelidade conjugal a família não se sustenta; e esta fidelidade tem um alto preço de renúncia às tentações do mundo, mas produz a verdadeira felicidade. Marido e mulher precisam se amar de verdade e viver um para o outro, absolutamente, sem se darem ao direito da menor aventura fora do lar. Isto seria traição ao outro, aos filhos e a Deus.

Não permita que o seu lar se dissolva por causa de uma infidelidade de sua parte. A felicidade tem um preço; na família, temos de pagar o preço da renúncia ao que é proibido. Não se permita a menor intimidade com outra pessoa que não seja o seu esposo ou sua esposa. Não brinque com fogo.

A grande ameaça à família é a infidelidade conjugal. Muitos maridos e esposas traem os seus cônjuges e trazem para dentro do lar sua infelicidade própria e a dos filhos. Saiba que isto não compensa jamais. Não destrua em pouco tempo aquilo que foi construído em anos de luta. Se você destruir a sua família estará destruindo a sua própria felicidade.
Marido e mulher precisam viver um para o outro e ambos para os filhos. Um poeta disse que viu a mulher na mão do homem como uma harpa que ele não sabia tocar, e ouviu-o queixar-se, porque os sons não eram melodiosos.

O casal precisa saber se perdoar, porque se um não perdoa o outro em suas pequenas falhas, jamais desfrutará de suas grandes virtudes. A felicidade do casal pode ser muito grande, mas isto depende de que ambos vivam a promessa do amor conjugal. Amar é construir o outro, ajudá-lo a crescer, a vencer seus problemas. Amar é construir alguém querido com o preço da própria renúncia. Quem não está disposto a este sacrifício nunca saberá o que é a felicidade de um lar.

O casal precisa ser unido profundamente. Eles devem ser como uma só pessoa. A vida deles deve ser vivida a dois: os mesmos planos, os mesmos projetos, os mesmos valores... Deve ser com a união do café com leite, que ninguém mais pode separar.

Os rios Negro e Solimões se unem para formar o grande Amazonas, e ninguém mais os separa; é assim que deve ser um casal, unidos por toda a vida. Mas isto tem um preço: a renúncia de cada um para viver para o outro. Sem saber dizer não para nós mesmos, não seremos capazes de dizer sim para o outro.

O homem não precisa trocar de mulher para ser feliz. É tão absurdo dizer que um homem não pode amar a mesma mulher toda a sua vida, quanto dizer que um violonista precisa de diversos violinos para tocar a mesma música. Se alguém não sabe tocar violino não adianta trocá-lo.

Aprenda que a felicidade não é conquistar uma mulher diferente a cada dia, ou conquistar um homem a cada dia; mas conquistar a mesma mulher ou o mesmo homem todos os dias.

A felicidade dos pais está na geração e na educação de seus rebentos; porque esta é uma missão do casal, dada por Deus.

Acreditar que basta ter filhos para ser pai é tão absurdo quanto acreditar que basta ter instrumentos para ser músico. Ser pai e ser mãe é muito mais do que gerar filhos, é educá-los em todas as dimensões: física, racional, moral e espiritual.

Uma senhora me disse que os filhos saem da barriga da mãe e passam para a cabeça dela para sempre. É verdade, os filhos são as âncoras que mantêm as mães agarradas à vida. Para educá-los bem, os pais precisam, antes de tudo, de ter tempo para eles e saber conquistá-los; sem isto, eles não os ouvirão e não seguirão seus conselhos. Mas eles devem ser conquistados por aquilo que você é para eles; não aquilo que você dá para eles.

Cada filho é como um diamante que Deus nos entrega para ser lapidado com carinho. Não há alegria maior para um homem do que encontrar alegria em seu filho. E este é a nossa imagem. O filho é educado muito mais pelo exemplo dos pais do que por suas palavras.

Foto Felipe Aquino