sexta-feira, 9 de novembro de 2012

NÃO SEJAMOS REBELDES PARA COM DEUS

José estava em plena idade quando se casou com Maria. Foi sua obediência que fez com que Jesus se salvasse. O Evangelho segundo São Lucas (cf. Lc 1,39-56) narra a situação em que Maria, após o anúncio do anjo, vai para a casa de Isabel, sua prima. Só depois do nascimento de João e da quarentena da criança, é que ela volta para casa. Nesse tempo, Maria já estava com sinais claros de gravidez e José sabia que o filho não era dele. Mas, graças a Deus, um anjo veio em seu sonho para lhe dizer que – o que em Maria foi concebido – era obra do Espírito Santo. Veja como foi difícil para José acreditar e obedecer!
Após o nascimento de Jesus, mais uma vez o anjo aparece em sonho para José, dizendo-lhe que voltasse para casa, pois aquele que queria matar o Menino já estava morto.
Onde está a nossa salvação, o nosso acerto? Onde está a salvação dos nossos? Na fé e na obediência. Infelizmente, carregamos esta consequência do pecado original: a rebeldia contra Deus. É só observar a rebeldia das crianças, que, desde pequenas, fazem o contrário do que queremos. 
Na primeira Carta de São João está escrito: "Se dissermos que não temos pecado estamos enganando a nós mesmos, e a verdade não está dentro de nós" (1 Jo 1,8).
É uma coisa linda, porque Deus é misericórdia. Se reconhecermos os nossos pecados e os confessarmos, declararemos para nós mesmos e, se preciso, para os outros, que pecamos; e Deus está no ato do nosso reconhecimento. Ele é fiel e justo para nos perdoar e nos purificar de toda iniquidade (mal que existe em nós e nos faz estar inclinados para o pecado). 
São Paulo diz sentir como se houvesse dois homens dentro dele. Um, que quer fazer o bem; outro, que quer fazer o mal. Que beleza quando reconhecemos essa nossa má inclinação e dizemos, diante de Deus, que pecamos! O Senhor está ao nosso lado para perdoar os nossos pecados e nos libertar de toda a iniquidade.
São Francisco de Sales tinha um gênio terrível: era irascível, colérico, orgulhoso, soberbo. Desde menino tinha um gênio forte; mas foi na luta constante que ele e muitos outros santos chegaram à santidade. Meus irmãos, é lutando contra o pecado que nos santificamos. Essa é a máxima obediência e a maior fé, pois acreditamos que ֪– quando nos reconhecemos pecadores e nos manifestamos –, somos perdoados, pois Deus é misericordioso.
Jesus já pagou por nossos pecados. Por isso, temos, no céu, uma soma infinita de perdão e misericórdia; mas o problema é que nós não admitimos os nossos pecados.
Oremos juntos: "Deus, dá-nos a graça de, nesse dia, acertarmos as nossas contas. Somos desobedientes, rebeldes, não reconhecemos os nossos pecados. E não querendo manifestá-los diante do Senhor, enganamo-nos e tentamos enganá-Lo. Mas, hoje, estamos sendo advertidos disso. Quero reconhecer, sinceramente, os meus pecados. Pai, arranca a minha rebeldia, a minha desobediência. Faça de mim uma pessoa de fé. Amém"

Monsenhor Jonas Abib
Fundador da Comunidade Canção Nova

ESTAR A SÓS COM DEUS PAI

É preciso aprender a ouvir o Senhor para – na orientação d'Ele – recebermos a coragem de que necessitamos para enfrentar as situações e renová-las. É preciso ouvir o Senhor como fez Jesus, naquela madrugada, após ter passado a tarde curando a sogra de Pedro. Quando Ele fez esse milagre, o povo foi todo para a porta da casa desse apóstolo e o Senhor fez inúmeros milagres naquele dia. Na madrugada seguinte, Ele estava com o Pai para ouvi-Lo, para falar com Ele. 

Quando os apóstolos chegaram para levá-Lo novamente à casa de Pedro, porque muitos O esperavam lá, o Senhor disse que não iria, porque iriam para outra cidade. Cristo não queria o sucesso, queria apenas cumprir a vontade de Deus anunciando a Boa Nova. Os que O procuraram, naquele dia, puderam ver os milagres, a pregação da Palavra, a evangelização e as curas realizadas por Ele. O Senhor sempre vai à frente para outros lugares, realizar sua missão.

Nós, da mesma forma, precisamos cumprir nossa missão, mas sempre encontrar um tempo para estar a sós com Deus Pai a fim de adorá-Lo, louvá-Lo, ouvi-Lo e bendizê-Lo por tudo e por todos.

Monsenhor Jonas Abib
Fundador da Comunidade Canção Nova

ELEVADOS PELA BONDADE DE DEUS

Humilhados pela condição humana

O homem, enquanto imagem e semelhança de Deus é bom, mas ao mesmo tempo tem sua existência marcada por limitações. Desde que nascemos somos dependentes, precisamos dos nossos pais, precisamos de pessoas que nos ensinem. Depender pode ser uma condição humilhante quando não se tem consciência de que estas pequenas realidades são apenas fagulhas que nos apontam para nossa real dependência. Nós dependemos de Deus.

A condição humana nos humilha quando o forte impulso de filhos de Adão que somos grita em nós. A condição humana nos humilha quando tentamos fazer o que é bom, mas mesmo diante de todos os esforços acabamos por fazer o que é mau. A condição humana nos humilha quando nossas misérias são esfregadas em nossa ‘cara’. Quando vemos do que realmente somos capazes.
Mas o homem não é só miséria, o homem é capaz de Deus, temos as fagulhas de Adão, mas fomos resgatados por Cristo, o Homem Novo que nos levanta de nossas misérias e nos ensina a caminhar. Nossa condição humana é humilhante, mas é exultante saber que ainda assim Deus quis nos elevar e continua nos elevando e dizendo que nem tudo é miséria, nem tudo é humilhação. Depender de Deus é condição essencial da existência de um cristão.

Não esqueçamos, que não obstante às humilhações, o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus. Nossa condição humana faz frente à proposta feita pela serpente a Adão e Eva e mostra que nós, por nós mesmos, não somos “deuses”. Somos imagem e semelhança de um Deus que acima de tudo é Amor. Isso é grandioso e nos enche de responsabilidade, mas não tira o elemento humilhação, que nos ajuda a superar qualquer tipo de soberba e egoísmo por nos relembrar nossa condição falível. Nem tudo é humilhação, mas quando ela acontece nos relembra o quão simples e humildes precisamos ser no relacionamento com Deus e com as outras pessoas.
Edison de Oliveira - Com. Canção nova

A IMAGINAÇÃO


Ela é a louca da casa

Nenhuma pessoa prudente escolheria um doido como conselheiro para os problemas mais delicados da sua vida. Todos nós qualificaríamos de imprudente e pouco sensato quem se comportasse desse modo. Esta verdade, tão clara e evidente na vida e nos negócios, não o é tanto, pelo menos na prática, na vida interior e no problema da nossa santificação. A imaginação é uma doida – a doida da casa, como a qualificava Santa Teresa, com o seu habitual bom-humor – e, no entanto, a escolhemos, mais ou menos inconscientemente, para conselheira dos problemas mais delicados da nossa alma.

Esta doida que nos distrai com o seu alarido e nos dissipa com a sua agitação; que nos comunica os seus temores e nos perturba com as suas apreensões, que nos sussurra ao ouvido suspeitas infundadas, que nos tiraniza com as suas ambições e nos morde com a sua inveja; esta doida que nos faz abandonar a realidade com sonhos fantasiosos, cheios de euforia ou de pessimismo, e que instila em nós, suavemente, o veneno da sensualidade e do amor-próprio; esta doida – sabemo-lo por experiência – é a grande inimiga da nossa vida interior, é a eterna aliada do mundo, do demônio e da carne.

É ela que perturba a tua vida de oração, que te faz temer a mortificação; é ela que introduz na tua alma a tentação da carne e da soberba, que falseia o teu conhecimento de Deus e te priva do sentido sobrenatural; é ela que te embala no sonho da frivolidade ou te submerge no letargo da tibieza; é ela que extingue o fogo da caridade ou acende o da desconfiança e da discórdia. Doida, como um cavalo fogoso; inquieta, como uma borboleta. Se não a dominas e orientas, nunca serás alma interior e sobrenatural. Se não a dominas, nunca poderás fruir daquela calma serena que é tão necessária para servir a Deus. Se não a refreias, nunca alcançarás aquele realismo que é uma exigência da vida de santidade.

Calma, realismo, serenidade, objetividade: virtudes que nascem onde termina a tirania da imaginação; virtudes que crescem e se fortificam no esforço ascético por dominar e controlar a fantasia. Dizia-te que é grande a tirania da imaginação. Tão grande que chega a alterar as ideias, a falsear as situações da vida, a deformar as pessoas. O Evangelho oferece-nos uma prova muito eloqüente desta tirania. O lago de Genesaré: uma escura noite de tempestade; os Apóstolos têm de remar com a máxima energia, lutando contra um vento forte em sentido contrário. A pequena barca, sacudida pelas ondas, abriga doze homens que se esforçam desesperadamente por resistir à força impetuosa do vento. Jesus retirou-se a um monte vizinho para orar. Na quarta vigília da noite, aproxima-se dos Apóstolos caminhando sobre as águas. E os doze... vendo Jesus, que caminhava sobre as águas, perturbam-se e exclamam: é um fantasma! 
Vê: a adorável figura do Mestre, que se aproxima para ficar com eles, para os ajudar, para acalmar a tempestade impondo silêncio às ondas com a sua palavra imperiosa, assume naquelas imaginações o aspecto de um fantasma, que lhes mete medo e os perturba. Quantas vezes este episódio evangélico se repete em nossas vidas! Em quantas ocasiões a nossa alma, vítima da imaginação, se enche de temor e fica perturbada! Brincadeiras da fantasia, fantasmas da imaginação, essas são as cruzes imaginárias que frequentemente nos atormentam, oprimindo-nos com o seu peso. Não exagero se te digo que noventa por cento dos nossos sofrimentos, desses sofrimentos que, com pouco conhecimento da Cruz de Cristo, qualificamos como cruzes, são imaginários, pelo menos aumentados e deformados pela cruel tirania da nossa imaginação. É por isso que nos pesam e nos enfraquecem tanto as nossas cruzes humanas e inventadas.

Se tudo o que nos faz sofrer tanto e nos oprime tão violentamente fosse verdadeiramente a cruz que o Senhor nos manda, a Cruz de Jesus, uma vez que a tivéssemos reconhecido como tal e com fé e amor a tivéssemos aceito, não deveria pesar-nos nem oprimir-nos mais. Porque a Cruz de Jesus, a Santa Cruz, não é fonte de tristeza ou de abatimento, mas de paz e de alegria. Mas se, pelo contrário, carregamos sobre os ombros uma cruz humana e imaginária, uma cruz produzida pela nossa revolta interior contra a verdadeira Cruz, então devemos estar tristes e preocupados. Este peso e esta preocupação podem desaparecer da tua vida, podem deixar de oprimir-te: basta que abras os olhos da fé e que te decidas a cortar as asas à tua imaginação.

Deixa-me que te diga que estas cruzes humanas que te acabrunham com o seu peso não existem na grande realidade da tua vida sobrenatural: existem apenas na tua imaginação. Carregas sobre os ombros um peso tão atroz quão ridículo: um peso que na tua imaginação é uma montanha e na realidade é um grão de areia.
São fantasmas forjados na tua cabeça, fantasmas que a fantasia reveste de cores vivas, atribuindo-lhes mãos largas e temerosas e pernas ágeis e velozes. São fantasmas que agora te perseguem, enchendo de dor e de agitação a tua alma. Um pequeno gesto da tua vida de fé seria suficiente para os fazer desaparecer. Percebes que basta pouco para os eliminar?

Mas, às vezes, admitimos na nossa vida outros fantasmas que vêm de longe: são os temores de males futuros. São temores de coisas ou perigos que hoje não existem e que não sabemos se se verificarão, mas que vemos presentes e atuais na nossa imaginação, convertendo-os em tragédia. Um simples raciocínio sobrenatural seria suficiente para os varrer: se esses perigos não são atuais e esses temores ainda não se verificaram, é óbvio que não dispões da graça de Deus necessária para os vencer e aceitar. Se esses receios vierem a cumprir-se, então não te faltará a graça divina e, com ela e com a tua correspondência, a vitória, a paz. É natural que não tenhas agora a graça de Deus para venceres os obstáculos e aceitares as cruzes que existem apenas na tua imaginação. É preciso construir a vida espiritual com base num realismo sereno e objetivo.

Os fantasmas não são menos perigosos no campo da caridade. Quantas vezes és vítima da imaginação no exercício desta virtude! Quantas suspeitas sem fundamento, radicadas apenas na tua cabeça! Quantas coisas fazes pensar e dizer ao teu próximo, quando ninguém pensou, nem disse, nem fez nada! Estes fantasmas perturbam e minam a vida de relação, a vida de família. Os pequenos contrastes, que se dão necessariamente em todos os círculos de convivência humana, mesmo entre santos – porque não somos anjos –, agigantam-se e deformam-se em consequência da imaginação, e criam estados de ânimo duradouros que nos fazem sofrer muitíssimo. Por coisinhas de nada, por ninharias e pelo jogo da fantasia, cavam-se abismos que dividem as pessoas, que destroem afetos e amizades, porque vão corrompendo a unidade.

A imaginação é ainda a grande aliada da sensualidade e do amor-próprio. Quantos romances te faz viver! Sonhos fantásticos em que és o herói, a personagem que triunfa: fantasmas que afagam a tua ambição, o teu desejo de mandar e de ser admirado, a tua vaidade. Vê quantos obstáculos para a tua santidade. A tua vida de piedade – a oração, a presença de Deus, o abandono nas mãos do Senhor, a alegria forte e sobrenatural –, as muralhas da tua vida interior ameaçadas, minadas pela doida da casa. Que sejas sobrenatural, objetivo. A voz de Jesus põe termo aos temores e à aventura dos doze no lago de Genesaré: Tende confiança. Sou Eu. Não temais.
Salvatore Canals

QUANDO SE FECHA UMA PORTA SEMPRE SE ABRE OUTRA


Diz um ditado popular: "Quando se fecha uma porta, sempre existe outra que se abre." O problema é que as vêzes ficamos olhando a porta fechada por muito tempo, e assim perdemos a oportunidade de ver a porta que se abre. Temos que aprender a declarar a vitória sobre o nosso passado. Se isso não acontece, ficamos sempre perguntando: "Por que isso aconteceu comigo?". Diante daquilo que já aconteceu não existe mais nada a fazer. É necessário dizer: "eu posso reagir com Jesus misericordioso". Liberte-se da atitude de vítima, e assuma a vitória dada na cruz e ressurreição!

Jesus misericordioso,
eu me coloco diante de Ti,
para pedir a graça para declarar a vitória sobre meu passado.
Não quero ficar remoendo amargura,
ressentimentos ou desejo de vingança.
Renova-me com a coragem
para continuar lutando na conquista de uma vida feliz. Amém.

Padre Alberto Gambarini