domingo, 22 de janeiro de 2012

A QUEM MUITO SERÁ DADO MUITO SERÁ PEDIDO



Nem sempre se reflete bastante sobre a advertência de Jesus: “A quem muito foi dado, muito será pedido” (Lc 12,48). O ser humano vive inundado nos dons divinos: a existência, a família, os amigos, as qualidades físicas, intelectuais e morais, os bens materiais, a conservação da vida, as numerosíssimas graças espirituais, o perdão diuturno, enfim, um oceano de dádivas. Não se deve desperdiçar impunemente tudo que se recebe do Criador. O notável psicólogo francês René Le Senne, com muita razão, afirmou que todos possuem qualidades inestimáveis.A má administração dessas qualidades gera os defeitos por não se procurar o equilíbrio psicossomático. Célebre o dito de Sócrates, filósofo grego: “Conhece-te a ti mesmo”. Cada um tem um perfil caracterológico bem determinado e precisa colocar seus dotes a serviço próprio e dos outros. Um dos mais lamentáveis erros é o da baixa autoestima, fruto da depreciação das próprias habilidades, o que concebe a inveja. Disso resulta, outrossim, a ingratidão para com Deus, não Lhe agradecendo os bens recebidos. Lembra São Tiago: “Toda dádiva perfeita vem do alto, descendo do Pai das luzes” (Tg 1,16). Eis por que diz o Livro do Eclesiastes: “Que alguém coma e beba e goze do seu trabalho é dom de Deus” [...] E quem recebeu de Deus riquezas e bens e a possibilidade de gozar deles, desfrutar-lhes a sua parte e alegrar-se entre os seus cuidados, também isso é dom de Deus! (Ec 3,13. 5,18).
O Espírito Santo comunica carismas especiais aos seguidores de Cristo, como São Paulo enumera em suas várias cartas. O dom da profecia, que é a capacidade peculiar de denunciar os erros, o dom do serviço, do ensinamento, da coragem, da generosidade, da misericórdia, do discernimento dos espíritos. As diversas pastorais oferecem oportunidade para o exercício e desenvolvimento dessas capacidades colocadas para o bem do próximo. Cada um, além disso, tem uma vocação específica e nas diversas profissões pode e deve trabalhar para si e para os outros. Como diz o ditado, é preciso sempre “o homem certo no lugar certo”.
As capacidades humanas, porém, se desenvolvem como Deus previu para cada um, quando se confia inteiramente n'Ele, pedindo-Lhe força para bem executar as tarefas cotidianas. Cumpre fazer bem, com todo o empenho, a ocupação de cada instante e, aliás, sábia a diretriz “Age quod agis”, do poeta grego Xenofanes. Não se mede nem se avalia uma existência pelo número de anos, nem pelo período histórico, mas, sim, pela vivência plena e intensa, repleta de ações que perenemente repercutirão. Bem afirmou Vieira: “Nem todos os anos que passam se vivem: uma coisa é contar os anos, outra é vivê-los”.
As ações são, em verdade, os dias e é por elas que têm valor os anos, sempre cada um se lembrando de que “a quem muito foi dado, muito será pedido”. O viver em plenitude cada instante é o segredo da verdadeira vida. O importante é viver bem, cultivando os dons recebidos de Deus. Eis porque Horácio, poeta latino, lançou esta sentença: “Carpe diem, quam minimum credula postero” – aproveita o dia presente e não queiras confiar no de amanhã. Escrivá dá este conselho: “Que a tua vida não seja estéril. Sê útil. Deixa rasto”. Goethe dá o motivo: “Cada momento, cada segundo é de um valor infinito, pois ele é o representante de uma eternidade inteira”. Ideia já expressa por Apuleio: “tempus aevi imaginem” – o tempo é a imagem da eternidade.
Virgílio advertiu que não se pode dissipar o tempo: “Fugit irreparabile tempus” – foge o irreparável tempo. Razão teve Riminaldo ao escrever: “Há quatro coisas que não voltam atrás: a pedra, depois de solta mão; a palavra, depois de proferida; a ocasião, depois de perdida; e o tempo, depois de passado”. Tudo isso merece uma reflexão profunda, pois cada um de nós dará um dia contas a Deus do tempo e das dádivas d'Ele recebidos e Jesus alertou “a quem muito foi dado, muito será pedido”.

PASSEMOS O FOGO DO ESPÍRITO SANTO AOS OUTROS



Jesus voltará para restaurar todas as coisas. Ele precisa limpar este mundo. Retirar o trigo do meio do joio. Ele já esperou demais. Ele anseia pela hora de vir e buscar Sua Esposa: nós, Sua Igreja. Nestes tempos urgentes, de preparação da noiva para o “Esposo”, a evangelização que fazemos não pode ser uma evangelização qualquer. Não é contar historinhas ou simples reflexões. A grande graça, hoje, é dar o Espírito Santo. É levar as pessoas a receber o derramamento do Espírito, a graça que Jesus anunciou dizendo:
Vós, é no Espírito que sereis batizados” (At 1,5).
Quem está cheio do Espírito Santo, deve levá-Lo para os outros. Uma vela acesa pode levar fogo para muitas outras. É assim que se passa o fogo. É assim que se passa o Espírito Santo de Deus! Essa é a missão que cabe a nós. Hoje a Igreja, que é a noiva, precisa urgentemente dessa graça. Ela acabou sendo acometida por doença, e o remédio eficaz que Deus lhe deu é o Espírito Santo; Ele precisa curar Sua noiva; é urgente libertá-la e prepará-la para o Esposo que está chegando.
Monsenhor Jonas Abib
Fundador da Comunidade Canção Nova