quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

DEUS NOS QUER VIVOS


O desafio de não se deixar tornar apenas mais uma peça
A depressão é o mal do século, como muitos dizem. Ela tem várias causas, mas a principal delas pode ser a rapidez e transitoriedade das relações humanas a que estamos sujeitos desde o surgimento de tantos mecanismos que pretendem fazer as coisas por nós. O robô, o carro, a máquina. O objetivo é deixar o ser humano em segundo plano, talvez em terceiro. Com tudo isso, estamos cada vez mais concentrados na tecnologia, no computador, no relacionamento virtual,e nos esquecemos de abrir nosso coração diante de um amigo verdadeiro, uma pessoa confiável, quando temos um problema. E, principalmente, nos esquecemos de nos abrir diante de Deus. Deus não é virtual. Ele nos espera todos os dias na Santa Missa, no Santíssimo Sacramento. Nos espera em tantos grupos de oração a que temos fácil acesso. Então, por que não o procuramos no lugar certo? Estamos acostumados a tentar encontrar respostas no lugar errado. Estamos acostumados a não conseguir esperar cinco minutos quando nosso computador trava, porque temos processadores cada vez mais rápidos. O mundo nos criou impaciência, e essa impaciência foi transferida para nosso relacionamento com Deus. Jesus quer nos pedir para termos calma. Quer que vivamos devagar, saboreando as coisas verdadeiras que eles tem para nos dar: uma boa conversa, uma boa amizade, um simples contemplar da natureza, que passa desapercebida durante a correria do nosso dia a dia. É preciso parar, sair um pouco da loucura do mundo contemporâneo para que possamos observar os detalhes de Deus em nossa vida. Se não o fizermos, corremos o risco de nos tornarmos apenas mais uma peça na engrenagem, um robô, um pensamento condicionado e previsível. Jesus não quer isso; Ele quer que você seja uma pessoa, viva, e que viva com qualidade e felicidade, buscando a Ele sempre.

Fernando Bianchi

O DESAFIO DE RECOMEÇAR A CADA DIA

Toda dificuldade é uma oportunidade para amadurecermos


Ao longo de nossos convívios, vamos percebendo que, infelizmente, não temos o controle das coisas nem a onisciência de que gostaríamos. E assim como o futuro não poupa ninguém com suas lições, ele também não deixará de nos ensinar.
Para superar cada momento que surgirá à nossa frente, precisaremos ter a coragem de aceitar e viver a proposta de dar um passo adiante, no sentido de romper com nossos limites. De fato, num primeiro instante, podemos ter a impressão de que o nosso problema é o maior de todos e que é a pior coisa que poderia ter nos acontecido. Seria interessante se, como num passe de mágica, fosse possível, para nós, sairmos do problema como alguém que tivesse despertado de um grande pesadelo. Se isso fosse possível, quem de nós não gostaria de ter tais poderes?
Diante dos eventos inesperados que surgem em nossas relações, vamos aprendendo, a partir deles, a encontrar soluções, a crescer e amadurecer dentro de nossos relacionamentos. É bom saber que crise alguma dura para sempre, nem é inédita. E para o nosso conforto emocional, de alguma forma, sempre haverá, perto de nós, alguém que já tenha vivido uma história tão delicada quanto a nossa e, tendo enfrentado situações semelhantes apesar de toda a dificuldade do momento, conseguiu encontrar soluções alternativas e fazer dessa experiência uma lição de vida.
Isso não significa que os procedimentos tomados por alguém, para resolver um impasse, sejam exatamente os mesmos que precisaremos tomar. As pessoas são diferentes, trazem hábitos e comportamentos próprios. Assim, aqueles procedimentos que foram assumidos por outras pessoas em suas dificuldades poderão nos servir, muitas vezes, apenas como pistas para uma das alternativas que podemos assumir diante do nosso problema particular.
Alguns países se tornaram fortes financeiramente após uma retomada diante da recessão econômica que os assolava… O mesmo acontece em nossas vidas. Quando nos dispomos a solucionar um impasse dentro de nossos relacionamentos também saímos mais experientes, especialmente quando nos propomos a evitar aquelas atitudes que foram causadoras dos atritos.
Conseguimos superar as crises de maneira mais fácil quando o outro nos ajuda. O bom entrosamento em nossosrelacionamentos cresce à medida que as pessoas se dispõem a nutri-los com respostas de outros pequenos gestos de reciprocidade, como voltar a impressionar, a tornar real as promessas, a manifestar mudanças, a recobrar as lembranças de outros tempos em que o casal sempre se antecipava no zelo para com o outro.

No entanto, quem insiste em se fechar no seu egoísmo, nos seus modos e em suas verdades, certamente, já deve ter percebido a superficialidade e a frieza do tratamento recebido. Infelizmente, o fim dessa história nunca será feliz. O sentimento que nos faz nos comprometer com o outro a cada dia tem de estar arraigado no amor. E este somente morrerá se não for alimentado pelo casal.
Dado Moura

EXISTE DESTINO?

A cada dia temos uma chance para recomeçar e escrever um novo 



Estamos destinados à vida eterna, esse é o motivo pelo qual o Senhor nos criou. E para se cumprir esse desígnio, Deus traça um plano a respeito de cada um dos seres humanos; esse projeto é o que firma um sentido para tudo em nossas vidas. Porém, pelo uso da liberdade, podemos escolher não corresponder à pedagogia que o Altíssimo traçou para que, desta terra, alcancemos o Céu. “Os anjos e os homens, criaturas inteligentes e livres, devem caminhar para seu destino último por opção livre e amor preferencial. Podem, no entanto, desviar-se” (cf. Catecismo da Igreja Católica, art. nº 311).
O Senhor determina a ordem e o tempo dos eventos necessários para essa escalada à vida eterna. “Para tudo há um tempo, para cada coisa há um momento debaixo dos céus” (Ecle 3, 1). Dessa verdade, algumas pessoas intuem erroneamente que os fatos da vida estão predeterminados. Assim, vestem a definição de destino com uma roupagem fantasiosa, como se tudo já estivesse escrito e não fosse mais possível decidir algo por si mesmo. Muitos até se iludem que é possível prever e saber sobre seu futuro.
Ouvimos, em diversas situações, as pessoas interpretarem destino com tons de um romantismo equivocado: "Estávamos predestinados"; "Deus te fez para mim"; "Um amor escrito nas estrelas". Ou então, quando acontece uma fatalidade, dá-se uma concepção de mistério amargo: "Foi Deus quem quis assim"; "Quando chega a hora nada pode impedir". Essas fórmulas de destino não são verdadeiras. O que o Altíssimo nos preparou é conforme Sua vontade, mas o interagir d'Ele conosco se faz sempre na forma de propostas.
A nenhum dos homens e mulheres bíblicos, Deus impôs Sua vontade. Todos consentiram, fazendo uso da própria liberdade. Até mesmo, a maior vocação, na qual continha o maior projeto para um ser humano, que foi dar à luz o Salvador, Deus inclinou-se, propondo, e só deu andamento ao Seu plano após ouvir o 'SIM' da Virgem Maria! (cf. Lc 1, 26 ss).
O que existe como verdade de fé, não é destino, mas a Divina Providência, que tudo encaminha “para uma perfeição última a ser atingida, para qual Deus a destinou” (cf. Catecismo da Igreja Católica, art. nº 302). Somos todos livres até para correspondermos ou não ao que é nossa essência, nossa identidade, naquilo que o Senhor nos constituiu e a Sua Providência. Por isso, somos nós que escrevemos nossa história.
Se alguém resolve tomar uma atitude neste exato momento, ainda que contrária às promessas que o Senhor lhe fez, provavelmente conseguirá. Até Jesus foi tentado, pelo demônio, a saltar do alto do templo, para pôr à prova a Palavra de Deus (cf. Lc 4, 9). O Mestre respondeu, conciliando a promessa divina, que foi citada pelo diabo (cf. Sl 91, 11-12), com a ordem bíblica de não tentar a Deus (cf. Dt 6, 16), mostrando assim que, Sua vida contava com a proteção do Alto, detinha um propósito, mas que Seu destino dependeu também de Suas escolhas.  
É preciso ter em mente que o ser humano assume sua parte, por livre iniciativa, quando responde positiva ou negativamente a uma vocação, quando é entronizado num sacramento e até quanto às consequências de seus atos, para o bem ou para o mal. Como por exemplo, um acidente com vítimas por motivo de embriaguez ou displicência no volante. Isso, de modo algum, era o destino dessas vítimas.
Assumimos a profissão que queremos, ainda que as situações da vida no-las tenham imposto por um tempo e seja difícil desdenhá-la hoje, mas ninguém está sujeito a sucumbir até seus últimos dias no mesmo ofício. Nós mesmos escolhemos com quem nos casaremos. O Senhor não decidirá por nós. A Providência Divina pode até indicar uma pessoa como a ideal, mas não seria única opção de sua vida. Caso contrário, se não houvesse nenhuma pessoa mais no mundo capaz de contrair o matrimônio com você, lhe seria tirada a liberdade de decidir por alguém. Por acaso José foi obrigado a aceitar Maria como esposa? Foi num sonho que o anjo, enviado a ele por Deus, solicita que ele não tenha medo de recebê-la por esposa (cf. Mt 1, 20).
Tudo é proposto pelo Senhor e não imposto. Deus é bondade, e como um Pai amoroso, Ele nos cerca de várias opções, de muitas possibilidades, para que cumpramos nesta vida e na futura nossa finalidade última. Ele não impõe, mas propõe, para que o homem também seja responsável pela sua escolha, aprenda a amar o que o Senhor lhe oferece e invista todas as suas forças naquilo, pois esse ser humano vê ali também o desejo do seu próprio coração, ainda que o plano seja divino. De outra forma, poderíamos nos lamuriar e culpar o Senhor pelos sofrimentos e responsabilidades de aderir a Sua proposta. Já imaginou alguém decepcionado com seu casamento, atribuindo a Deus o fardo de ter sido obrigado a estar com tal pessoa?
Para sermos totalmente livres, é preciso que tudo façamos por opção de amor, em todas as variantes de nossa existência. “Pelo livre-arbítrio, cada qual se dispõe sobre si mesmo” (cf. Catecismo da Igreja Católica, art. nº 1731). Liberdade é isso.
A cada dia temos uma chance para recomeçar e escrever um novo. O sol é o mesmo, mas a cada manhã, os raios de luz trazem a novidade de um tempo que é único. Mesmo os dias nublados possuem sua claridade. Deus está no comando da sua vida, mas Seu amor indica um leque de possibilidades para sermos felizes. Se for preciso, recomece tudo outra vez.
Sandro Ap. Arquejada - Missionário Canção Nova

QUAL A MELHOR COMPANHIA

“Dai graças ao Senhor, gritai Seu Nome, anunciai entre as nações seus grandes feitos! Cantai, entoai salmos para Ele, publicai todas as Suas maravilhas!” (Sl 104).
Certa vez, perguntaram à Madre Teresa de Calcutá qual o segredo para que ela tivesse êxito na sua missão, e ela respondeu que caminhou durante toda a vida agarrada à mão de Nossa Senhora, sem nunca largá-la.
É muito bom termos exemplos autênticos para imitarmos sem receio algum e seguirmos os santos conselhos. Aos pés da cruz Jesus nos deu a Virgem Maria como nossa mãe, por isso não podemos ter receio de levá-la para casa e de entregar as rédeas da nossa vida e da nossa família em suas mãos, porque foi o próprio Senhor quem nos deu a Sua mãe para cuidar de nós.
Seguremos nas mãos da Virgem Maria e deixemo-nos conduzir por ela, porque ela conhece o caminho da vida: Jesus, e não permitirá que nos percamos.
Jesus, eu confio em Vós
Luzia Santiago

O INIMIGO QUER QUE VOCE SEJA IMPURO COMO ELE



Há um trono em seu coração, e você o dá a quem quiser. Ou dá esse trono a Jesus, Rei e Senhor, que quer entrar humilde, simples, pobre, com amor, perdão, misericórdia em seu coração e fazê-lo semelhante ao d'Ele ou continua deixando que Lúcifer, o usurpador, o cumule de orgulho, soberba, autossuficiência, riqueza, poder, glória, vícios…
Lúcifer não o quer simples, humilde, pobre; pelo contrário, quer fazê-lo à semelhança dele. Quer seu coração como o dele: autoritário, impuro, maldoso, sensual. Quer tornar você ganancioso como ele.
A quem você dá lugar? Não adianta responder apressadamente: "Pra Jesus, pra Jesus!" Tem de ser uma coisa concreta! Só existem duas opções: um Rei verdadeiro, que é Jesus, e um rei usurpador, que é Lúcifer, o príncipe deste mundo. Ambos estão querendo assentar-se no trono do seu coração. E a verdade é esta: quem cede o trono a um ou a outro somos nós.

Monsenhor Jonas Abib

AMBIÇÃO E GANÂNCIA

Sentimentos movidos pela insatisfação
É muito interessante observar as crianças: já prestou atenção quando elas ganham um brinquedo? Aquele sonho de meses ou até anos, em pouco tempo se desfaz quando elas ganham o tão sonhado presente. A satisfação de ganhar, rapidamente se transforma numa nova insatisfação e, logo, elas almejam um novo objeto.
Nesse sentido, filósofos indicam que o homem insatisfeito é aquele que tem a capacidade de provocar mudanças ao seu redor. A insatisfação é uma condição humana que faz parte da evolução do homem. Vale aqui fazer uma distinção entre ambição e ganância, pois muitos podem pensar que querer algo mais se trata de ganância. O ambicioso constrói, ao passo que o ganancioso destrói. A ambição pertence às qualidades do homem; a ganância, a seus defeitos.
Imagine um casal, no qual uma das partes, satisfeita com a conquista, se esqueça de cuidar, de amar, de dar atenção: é como se, satisfeitos com aquilo que já têm, não continuem a dar atenção ao relacionamento e, aos poucos, deixem-no morrer. Um homem satisfeito com seu trabalho faz apenas aquilo que lhe é dado e, muitas vezes, não se lança ao novo.
Pensando nos jovens, é sadio imaginar que, nessa fase da vida, eles querem mais, querem fazer diferente ou mudar e melhorar aquilo que são. O que não é bom, nesse caso, é um jovem que não tem perspectivas ou que nada quer para sua vida.
Devemos ter cuidado com a ansiedade gerada por nossa insatisfação, pois com ela, surgem sentimentos em nós como o autodesprezo, a diminuição de nossas habilidades ou o sofrimento, quando não conquistamos nossos projetos. Quando a ansiedade nos abraça passamos a gerar queixas e mais queixas com o objetivo de abandonar esse sentimento. Essa situação pode ocorrer, mas conforme o tempo passa, chega a frustração, situação que se torna até mais difícil de administrar dentro de nós.
Uma forma para observarmos e nos relacionarmos com a insatisfação humana é fazermos uma conta: qual a distância existente entre a ambição e a ganância?
Vale lembrar que estar insatisfeito é buscar o diferente, buscar a mudança naquilo com o qual não concordamos ou que poderia ser diferente. Porém, a ambição pode ser considerada um sentimento positivo se pensarmos que ela favorece o crescimento e a superação em todas as dimensões de nossa vida.
Percebe como tanto o ganancioso quanto o ambicioso são insatisfeitos? A diferença é a forma como cada um canaliza e trabalha com seus desejos. O ambicioso quer chegar lá para se realizar e compartilhar, enquanto o ganancioso quer chegar primeiro para pegar a parte maior e não ter que repartir. Podemos chegar à conclusão de que ambição faz parte das qualidades do homem, já a ganância pertence aos seus defeitos. Quando não temos o equilíbrio necessário é que nos vemos envolvidos com o sentimento de ganância, ou seja, o querer cada vez mais para nós em detrimento dos outros, o que não é saudável, pois “anulamos” o outro neste nosso desejo que querer sempre mais.
Elaine Ribeiro