sábado, 30 de março de 2013


O SINAIS DA PÁSCOA

Nossa vida é regida pela vitória de Cristo na cruz

Páscoa significa "passagem" ou agradecimento por um caminho de libertação percorrido. Já no Antigo Testamento, isso estava muito presente na vida do Povo de Deus. A Páscoa era sinalizada por diversas passagens: da Caldeia para Canaã, daí para o Egito e do Egito para a Terra Prometida, atravessando o Mar Vermelho e o deserto. Todas foram marcas de libertação.

Hoje, o grande sinal da Páscoa é a ressurreição de Jesus Cristo, o milagre da vida, realizando a grande aliança de Deus com seu povo, sinalizando a passagem do Antigo para o Novo Testamento. Após a morte de Cristo e Seu sepultamento, os discípulos encontraram o sepulcro vazio, sinal “ainda duvidoso” de ressurreição, a qual foi confirmada, mais tarde, com as aparições, tornando-se fonte de fé para os cristãos. 

Para entender os sinais do mistério da ressurreição é preciso acompanhar os primeiros tempos da Igreja. É fundamental compreender a Sagrada Escritura para entender o fato da morte gerar vida. Não é necessário ver para crer, mas o amor conduz o discípulo a ter fé no Cristo ressuscitado.
As cenas da Semana Santa continuam acontecendo ainda hoje. Elas reavivam em nós o caminho da Paixão de Cristo e nos lembram dos sofrimentos de tantas pessoas nas diversas faixas etárias e situações do momento. Além da pobreza vivida por muitos, temos as doenças, a violência no trânsito, as afrontas à vida etc.

Os sinais da ressurreição estão presentes na sociedade hodierna. Eles podem ser vistos naqueles que conseguem vencer na vida, saindo de uma situação de sofrimento para uma vida mais saudável. Isto acontece tanto na condição física como também na via espiritual, no caminho de encontro com Jesus Cristo e na convivência comunitária.

Quem faz a experiência da ressurreição, na prática da vida cristã, deve ter uma nova conduta de vida e passar a olhar e cuidar também das coisas do alto, sobrenaturais e dimensões divinas. Digo isso, porque nossa vida é regida pela vitória de Cristo na cruz.
Desejo uma Feliz Páscoa para todos os leitores!

Dom Paulo M. Peixoto - Arcebispo de Uberaba (MG) 


Muitas vezes quando rezamos, somos tomados pelo sentimento da dúvida sobre a eficácia das nossas orações e questionamos, será que Deus escuta a minha prece?
Tal preocupação deveria nunca povoar os nossos pensamentos e coração, por que Deus mesmo nos diz em Mateus 21,22: “Tudo o que pedirdes com fé na oração, vós o alcançareis”. A dúvida tira a certeza necessária para que a oração seja eficaz. É preciso clamar, acreditando que Deus já esta agindo em sua vida. 
Quando aprendemos a acreditar no poder da nossa oração, aprendemos a dar para Deus todo o nosso ser, todas as alegrias e tristezas, seguranças e inseguranças, e aí experimentaremos uma ajuda como nunca sonhamos ser possível.
Não basta, porém, que você abra seus lábios e articule as palavras, é indispensável a Fé Naquele a quem você se dirige. A Fé é o que anima a oração. Deus se dá aos que se entregam e o buscam intensamente. Quem está com Deus se torna uma pessoa feliz, determinada e entusiasmada com tudo o que pode conquistar. Portanto, em cada instante da vida, em cada ato que você pratica, em cada pensamento, em cada gesto, em cada olhar, saiba que Deus o vê e o assiste.


Deus, 
enxuga as nossas lágrimas, 
afasta de nós os nossos problemas, 
dá-nos sabedoria para que possamos vencê-los, 
sê-nos favorável. 
Amém!

Leia o Evangelho do dia: www.encontrocomcristo.org.br
Muitas vezes quando rezamos, somos tomados pelo sentimento da dúvida sobre a eficácia das nossas orações e questionamos, será que Deus escuta a minha prece?
Tal preocupação deveria nunca povoar os nossos pensamentos e coração, por que Deus mesmo nos diz em Mateus 21,22: “Tudo o que pedirdes com fé na oração, vós o alcançareis”. A dúvida tira a certeza necessária para que a oração seja eficaz. É preciso clamar, acreditando que Deus já esta agindo em sua vida.
Quando aprendemos a acreditar no poder da nossa oração, aprendemos a dar para Deus todo o nosso ser, todas as alegrias e tristezas, seguranças e inseguranças, e aí experimentaremos uma ajuda como nunca sonhamos ser possível.
Não basta, porém, que você abra seus lábios e articule as palavras, é indispensável a Fé Naquele a quem você se dirige. A Fé é o que anima a oração. Deus se dá aos que se entregam e o buscam intensamente. Quem está com Deus se torna uma pessoa feliz, determinada e entusiasmada com tudo o que pode conquistar. Portanto, em cada instante da vida, em cada ato que você pratica, em cada pensamento, em cada gesto, em cada olhar, saiba que Deus o vê e o assiste.

Deus,
enxuga as nossas lágrimas,
afasta de nós os nossos problemas,
dá-nos sabedoria para que possamos vencê-los,
sê-nos favorável.
Amém!
Padre Alberto Gambarini

COMO VIVER BEM O SÁBADO SANTO?


O sábado é o segundo dia do Tríduo Pascal. “Durante o Sábado santo a Igreja permanece junto ao sepulcro do Senhor, meditando sua paixão e sua morte, sua descida à mansão dos mortos e esperando na oração e no jejum sua ressurreição”.
No dia do silêncio: a comunidade cristã vela junto ao sepulcro. Calam os sinos e os instrumentos. É ensaiado o aleluia, mas em voz baixa. É o dia para aprofundar. Para contemplar. O altar está despojado. O sacrário aberto e vazio.
A Cruz continua entronizada desde o dia anterior. Central, iluminada, com um pano vermelho com o louro da vitória. Deus morreu. Quis vencer com sua própria dor o mal da humanidade. É o dia da ausência. O Esposo nos foi arrebatado. Dia de dor, de repouso, de esperança, de solidão. O próprio Cristo está calado. Ele, que é Verbo, a Palavra, está calado. Depois de seu último grito da cruz “por que me abandonaste?”, agora ele cala no sepulcro. Descansa: “consummantum est” – “tudo está consumado”. Mas este silêncio pode ser chamado de plenitude da palavra. O assombro é eloqüênte.
“Fulget crucis mysterium” – “resplandece o mistério da Cruz”.
O Sábado é o dia em que experimentamos o vazio. Se a fé, ungida de esperança, não visse no horizonte último desta realidade, cairíamos no desalento: “nós o experimentávamos…”, diziam os discípulos de Emaús.
É um dia de meditação e silêncio. Algo pareceido à cena que nos descreve o livro de Jó, quando os amigos que foram visitá-lo, ao ver o seu estado, ficaram mudos, atônitos frente à sua imensa dor: “Sentaram-se no chão ao lado dele, sete dias e sete noites, sem dizer-lhe uma palavra, vendo como era atroz seu sofrimento” (Jó. 2, 13).
Ou seja, não é um dia vazio em que “não acontece nada”. Nem uma duplicação da Sexta-feira. A grande lição é esta: Cristo está no sepulcro, desceu à mansão dos mortos, ao mais profundo em que pode ir uma pessoa. E junto a Ele, como sua Mãe Maria, está a Igreja, a esposa. Calada, como ele. O Sábado está no próprio coração do Tríduo Pascal. Entre a morte da Sexta-feira e a ressurreição do Domingo nos detemos no sepulcro. Um dia ponte, mas com personalidade. São três aspectos – não tanto momentos cronológicos – de um mesmo e único mistério, o mesmo da Páscoa de Jesus: morto, sepultado, ressuscitado.
Vigília Pascal
A celebração é no sábado à noite, é uma Vigília em honra ao Senhor, segundo uma antiqüíssima tradição, (Ex. 12, 42), de maneira que os fiéis, seguindo a exortação do Evangelho (Lc. 12, 35 ss), tenham acesas as lâmpadas como os que aguardam a seu Senhor quando chega, para que, ao chegar, os encontre em vigília e os faça sentar em sua mesa.
A Vigília Pascal se desenvolve na seguinte ordem:
Breve Lucernário - Abençoa-se o fogo. Prepara-se o círio no qual o sacerdote com uma punção traça uma cruz. Depois marca na parte superior a letra Alfa e na inferior Ômega, entre os braços da cruz marca as cifras do anos em curso. A continuação se anuncia o Pregão Pascal.
Liturgia da Palavra – Nela a Igreja confiada na Palavra e na promessa do Senhor, media as maravilhas que desde os inícios Deus realizou com seu povo.
Liturgia Batismal - São chamados os catecúmenos, que são apresentados ao povo por seus padrinhos: se são crianças serão levados por seus pais e padrinhos. Faz-se a renovação dos compromissos batismais.
Liturgia Eucarística – Ao se aproximar o dia da Ressurreição, a Igreja é convidada a participar do banquete eucarístico, que por sua Morte Ressurreição, o Senhor preparou para seu povo. Nele participam pelas primeira vez os neófitos.
Toda a celebração da Vigília Pascal é realizada durante a noite, de tal maneira que não se deva começar antes de anoitecer, ou se termine a aurora do Domingo.

MESMO NA QUEDA, DEUS NOS ERGUE PELO MILAGRE

“Uma vida gerada no ventre de uma mulher é sempre um milagre”
A-vida-é-um-milagreQuando falamos em aborto, também precisamos tratar cuidadosamente dos namoros mal vividos. Quantos casais de namorados que mal se conhecem começam um relacionamento e descobrem um “amor eterno”; no entanto, não procuram um discernimento e se entregam um ao outro como se fossem esposos.
O pensamento que circunda o coração dos namorados é: “Se eu o amo, não existe problema em me entregar para você”. Os namorados já começam a ver o outro como esposo ou esposa, e se esquecem do verdadeiro sentido do namoro, um caminho de conhecimento mútuo, vivendo cada tempo que lhes são propostos. Deste modo, ao passar dos limites, acabam se entregando ao fogo da paixão que os envolve e vivem uma íntimidade sexual, começam a ter relações contínuas e tudo se torna normal, natural.
A consequência, muitas vezes, é uma gravidez indesejada. O mais importante é saber que uma vida gerada no ventre de uma mulher é sempre um milagre, independente das circunstâncias na qual ela será concebida, ou até mesmo como aconteceu esta gestação. É essencial voltarmos o olhar para Deus e percebermos a beleza do Seu amor. Mesmo diante do pecado, da nossa pequenez, ele realiza milagres e prodígios. O Senhor olha para nossa mediocridade e nos convida a recomeçar.
O primeiro passo cristão e autêntico que nós podemos dar, diante de uma situação como esta, é não utilizar pílulas anticoncepcionais, pílula do dia seguinte nem outro tipo de abortivo. É preciso preservar pela vida. Assim como o Senhor preserva e vigia pela nossa vida.
O aborto feito por adolescentes está crescendo, mas a consciência do amor de Deus por nós precisa ser mostrada. Ele é o caminho, a verdade e a vida. Por isso não nos culpa nem condena nosso pecado. Pelo contrário, Deus nos dá a chance da vida nova, vivendo na confiança de que ele providenciará tudo que é necessário para nossos passos.
O aborto nunca é uma opção, ele é abominável. Nós cristãos temos a confiança de que mesmo a gravidez sendo a consequência de um pecado, ela é um milagre da vida. E nós não temos capacidade para decidir se a criança deve ou não viver. Deus é por nós !

A DESCIDA DE JESUS Á MANSÃO DOS MORTOS


De uma antiga Homilia no grande Sábado Santo (séc IV), de um autor grego desconhecido – Da Liturgia das Horas – II leitura do Sábado Santo.
“Que está acontecendo hoje? Um grande silêncio reina sobre a terra. Um grande silêncio e uma grande solidão. Um grande silêncio porque o Rei está dormindo; a terra estremeceu e ficou silenciosa, porque o Deus feito homem adormeceu e acordou os que dormiam à séculos. Deus morreu na carne e despertou a mansão dos mortos.
Ele vai, antes de tudo, à procura de Adão, nosso primeiro pai, a ovelha perdida. Faz questão de visitar os que estão mergulhados nas trevas e na sombra da morte. Deus e seu Filho vão ao encontro de Adão e Eva cativos, e agora libertos dos sofrimentos.
O Senhor entrou onde eles estavam, levando em suas mãos a arma da cruz vitoriosa. Quando Adão, nosso primeiro pai, o viu, exclamou para todos os demais, batendo no peito e cheio de admiração: “O meu Senhor está no meio de nós”. E Cristo respondeu a Adão: “E com teu espírito”. E tomando-o pela mão, disse: “Acorda, tu que dormes, levante dentre os mortos, e Cristo te iluminará. Eu sou o teu Deus, que por tua causa me tornei teu filho; por ti e por aqueles que nasceram de ti, agora digo, e com todo o meu poder, ordeno aos que estavam na prisão: “Saí!”; e aos que jaziam nas trevas: “Vinde para a luz!”; e aos entorpecidos: “Levantai-vos!”
Eu te ordeno: Acorda, tu que dormes, porque não te criei para permaneceres na mansão dos mortos. Levanta-te, obra de minhas mãos; eu sou a vida dos mortos. Levanta-te, obra das minhas mãos; levanta-te, ó minha imagem, tu que foste criado à minha semelhança. Levanta-te, saiamos daqui; tu em mim e eu em ti, somos uma só e indivisível pessoa.
Por ti, eu, o teu Deus,  me tornei teu filho; por ti, eu, o Senhor, tomei tua condição de escravo. Por ti, eu, que habito no mais alto dos céus, desci à terra, e fui mesmo sepultado abaixo da terra; por ti, feito homem, tornei-me como alguém sem apoio, abandonado entre os mortos. Por ti, que deixaste o jardim do paraíso, ao sair de um jardim fui entregue aos judeus e num jardim, crucificado.
Vê em meu rosto os escarros que por ti recebi; para restituir-te o sopro da vida original. Vê nas minhas faces as bofetadas que levei para restaurar, conforme à minha imagem,  a tua beleza corrompida. Vê em minhas costas as marcas dos açoites que suportei por ti para retirar dos teus ombros os pesos dos pecados. Vê minhas mãos fortemente pregadas à árvore da cruz, por causa de ti, como outrora estendeste levianamente tuas mãos para a árvore do paraíso. Adormeci na cruz e por tua causa a lança penetrou no meu lado, como Eva surgiu do teu, ao adormeceres no paraíso. Meu lado curou a dor do teu lado. Meu sono vai arrancar-te do sono da morte. Minha lança deteve a lança que estava voltada contra ti.
Levanta-te, vamos daqui. O inimigo te expulsou da terra do paraíso; eu, porém, já não te coloco no paraíso mas num trono celeste. O inimigo afastou de ti a árvore, símbolo da vida; eu, porém, que sou a vida, estou agora junto de ti. Constituí anjos que, como servos, te guardassem; ordeno agora que eles te adorem como Deus, embora não sejas Deus. Está preparado o trono dos querubins, prontos e a postos os mensageiros, constituído o leito nupcial, preparado o  banquete, as mansões e os tabernáculos eternos adornados, abertos os tesouros de todos os bens e o reino dos céus preparado para ti desde toda a eternidade.”
CRISTO DESCEU AOS INFERNOS
§632 – As frequentes afirmações do Novo Testamento segundo as quais Jesus “ressuscitou dentre os mortos” (1Cor 15,20) pressupõem, anteriormente à ressurreição, que este tenha ficado na Morada dos Mortos. Este é o sentido primeiro que a pregação apostólica deu à descida de Jesus aos Infernos: Jesus conheceu a morte como todos os seres humanos e com sua alma esteve com eles na Morada dos Mortos. Mas para lá  foi como Salvador, proclamando a boa notícia aos espíritos que ali estavam aprisionados.
§633 – A Escritura denomina a Morada dos Mortos, para a qual Cristo morto desceu, de os Infernos, o Sheol ou o Hades. Visto que os que lá se encontram estão privados da visão de Deus. Este é, com efeito, o estado de todos os mortos, maus ou justos, à espera do Redentor que não significa que a sorte deles seja idêntica, como mostra Jesus na parábola do pobre Lázaro recebido no “seio de Abraão”. “São precisamente essas almas santas, que esperavam seu Libertador no seio de Abraão, que Jesus libertou ao descer aos Infernos”. Jesus não desceu aos Infernos para ali libertar os condenados nem para destruir o Inferno da condenação, mas para libertar os justos que o haviam precedido.
§634 – “A Boa Nova foi igualmente anunciada aos mortos…” (1Pd 4,6). A descida aos Infernos é o cumprimento, até sua plenitude, do anúncio evangélico da salvação. É a fase última da missão messiânica de Jesus, fase condensada no tempo, mas imensamente vasta em sua significação real de extensão da obra redentora a todos os homens de todos os tempos e de todos os lugares, pois todos os que são salvos se tomaram participantes da Redenção.
§635 – Cristo desceu, portanto, no seio da terra, a fim de que “os mortos ouçam a voz do Filho de Deus e os que a ouvirem vivam” (Jo 5,25). Jesus, “o Príncipe da vida”, “destruiu pela morte o dominador da morte, isto é, O Diabo, e libertou os que passaram toda a vida em estado de servidão, pelo temor da morte” (Hb 2,5). A partir de agora, Cristo ressuscitado “detém a chave da morte e do Hades” (Ap 1,18), e “ao nome de Jesus todo joelho se dobra no Céu, na Terra e nos Infernos” (Fl 2,10).
Felipe Aquino

CONTEMPLEMOS A PAIXÃO DO SENHOR


A nenhum pecador é negada a vitória da cruz

Quem venera realmente a Paixão do Senhor deve contemplar de tal modo, com os olhos do
coração, Jesus crucificado, a fim de que reconheça, na carne do Senhor, a sua própria carne.



Trema a criatura perante o suplício do seu Redentor, quebrem-se as pedras dos corações infiéis e saiam, vencendo todos os obstáculos, aqueles que jaziam debaixo de seus túmulos. Apareçam também, agora, na cidade santa, isto é, na Igreja de Deus, como sinais da ressurreição futura e realize-se nos corações o que, um dia, se realizará nos corpos.
A nenhum pecador é negada a vitória da cruz e não há homem a quem a oração de Cristo não ajude. Se ela foi útil para muitos dos que o perseguiam, quanto mais não ajudará os que a ele se convertem? 
Foi eliminada a ignorância da incredulidade, foi suavizada a aspereza do caminho, e o sangue sagrado de Cristo extinguiu o fogo daquela espada que impedia o acesso ao reino da vida. A escuridão da antiga noite cedeu lugar à verdadeira luz.
O povo cristão é convidado a gozar as riquezas do paraíso, e para todos os batizados está aberto o caminho de volta à pátria perdida, desde que ninguém queira fechar para si próprio aquele caminho que se abriu também à fé do ladrão arrependido.
Evitemos que as preocupações desta vida nos envolvam na ansiedade e no orgulho, de tal modo que não procuremos, com todo o afeto do coração, conformar-se a nosso Redentor na perfeita imitação de Seus exemplos. Tudo o que Ele fez ou sofreu foi para a nossa salvação, a fim de que todo o Corpo pudesse participar da virtude da Cabeça.
Aquela sublime união da nossa natureza com a Sua divindade, pela qual “o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1,14), não exclui ninguém da Sua misericórdia,senão aquele que recusa acreditar. Como poderá ficar fora da comunhão com Cristo quem recebe aquele que assumiu a sua própria natureza e é regenerado pelo mesmo Espírito por obra do qual nasceu Jesus? Quem não reconhece n'Ele as fraquezas próprias da condição humana? Quem não vê que alimentar-se, buscar o repouso, sofrer angústia e tristeza, derramar lágrimas de compaixão, eram próprios da condição de servo?
Foi precisamente para curar a nossa natureza das antigas feridas e purificá-la das manchas do pecado, que o Filho Unigênito de Deus se fez também Filho do Homem, de modo que não lhe faltasse nem a humanidade em toda a sua realidade, nem a divindade em sua plenitude.
É nosso, portanto, o que esteve morto no sepulcro, o que ressuscitou ao terceiro dia e subiu para a glória do Pai no mais alto dos céus. Se andarmos pelos caminhos de Seus mandamentos e não nos envergonhamos de proclamar tudo o que Ele fez pela nossa salvação na humildade do Seu corpo, também nós teremos parte na Sua glória. Então, se cumprirá claramente o que prometeu: “Portanto, todo aquele que se declarar a meu favor diante dos homens, também eu me declararei em favor dele diante do meu Pai que está nos céus” (Mt 10,32).
 São Leão Magno, Papa e Doutor da Igreja

A NOSSA SALVAÇÃO TEM UM PREÇO !?



Nesta Semana Mística a liturgia da Palavra é a nossa bússola para mergulharmos nos Mistérios que estamos para celebrar. Hoje meditamos sobre o preço a ser pago. Ditado comum que escutamos quase sempre: “tudo tem seu preço”. A nossa salvação também tem um preço, que na verdade foi pago para nós e não que pagamos por ela. Vivemos numa cultura imediatista e onde queremos encontrar soluções rápidas e fáceis para tudo. A cultura do descartável, do passageiro, mas esquecemos muitas vezes, que problemas difíceis e demorados exigem soluções difíceis, comprometedoras e demoradas, ou seja, a longo prazo. E nem sempre queremos “pagar” esse preço!
“Naquele tempo, um dos doze discípulos, chamado Judas Iscariotes, foi ter com os sumos sacerdotes e disse: “Que me dareis se vos entregar Jesus?” Combinaram, então, trinta moedas de prata. E daí em diante, Judas procurava uma oportunidade para entregar Jesus” (cf. Mt 26,14-25).
Estamos avançando dentro da espiritualidade da Semana Santa, três figuras se apresentam no anuncio da traição, que se desenrola numa cena dramática, a Ultima Ceia, que permite contrapor ao traidor Judas, o discípulo predileto, e Pedro. “Jesus ficou profundamente comovido e testemunhou: Em verdade, em verdade vos digo, um de vós vai me entregar”. João 13, 21 Quem estava com Jesus eram os doze, os mais chegados, que conviveram com o Mestre durante três anos. Imagine o que se passava no meio deles, as perguntas, as desconfianças: “Mestre serei eu?” Todos se questionavam, foi colocada em cheque a amizade, a intimidade, a fidelidade dos Apóstolos. Jesus também nos questiona hoje, que tipo de pergunta Jesus estaria fazendo para você? És meu amigo, queres me seguir ou tens medo de não ser fiel?

Mas Jesus sabia quem iria lhe trair e quem iria lhe negar e também que todos o abandonariam já no Monte das oliveiras. No meio está Jesus, que estremece ante a presença do ódio satânico: “… mas a morte entrou no mundo por inveja do diabo”. Jesus conserva seu domínio soberano, faz um gesto de afeto particular, passa o pão no molho e entrega ao traidor, pois em nenhum momento Ele desistiu de Judas, e dá a ele a ordem de agir. A questão agora é qual o valor que eu dou a cada coisa, pessoa e situação na minha vida. Judas vendeu o Mestre por trinta moedas de prata, os valores que damos ao que vivemos revela o nosso caráter a nossa índole. “Onde esta o teu tesouro ai estará o teu coração”.

O discípulo amado, o traidor Judas e Pedro, que negaria Jesus antes que o galo cantasse, antes do dia amanhecer. Esses dois últimos em relação bem distintos, Judas deixam as trevas lhe dominar, ele arquitetou, premeditou a traição, esse acontecimento foi sendo concebido no interior de Judas há muito tempo, pois até já tinha vendido o Mestre por trinta moedas de prata. Pedro agiu por covardia, por medo do compromisso de ter que passar pelas mesmas coisas que Jesus estava passando, mas arrependeu-se amargamente e no final de sua vida a fidelidade o levou a ser crucificado como seu Mestre, porém de cabeça para baixo, pois não se achava digno de morrer como o Senhor.

Jesus continua no meio e o discípulo amado é o interlocutor desse diálogo, aqueles que iriam trair e negar não conseguem dirigir a palavra a Jesus. Esse diálogo prova que a cena é toda perpassada por uma profunda misericórdia e conhecimento de Jesus da fragilidade humana. Enquanto Judas vendia Jesus por uma bagatela, Ele nos comprava pelo preço de Sua própria vida, do seu sangue: “De fato, fostes comprados, e por preço muito alto! Então, glorificai a Deus no vosso corpo” (cf. I Cor 6,20). Aqui esta em questão o valor de cada pessoa para Deus, qual o valor de Judas? Qual o valor de Deus em minha vida? Por muito menos nós os filhos de Deus temos nos vendido.

“O pecado espreita a porta, embora ele te deseje, tu podes dominá-lo”. (Gêneses 4, 7) É hora das trevas, Judas se perde na escuridão, sobre ele se esconde pesada noite, imagem das trevas que iriam surpreendê-los. Mas no meio desta noite refulge o esplendor da Glória, preceito do amor. A Paixão é o cumprimento do desígnio divino e o sacrifício por Amor é a glorificação de Deus pelo homem e do homem por Deus. O anúncio da Paixão provoca a intervenção de Pedro e o anúncio da negação. Confessar Jesus até a morte não é obra puramente humana, è dom de Deus, que será concedido depois que Jesus tiver se sacrificado por primeiro.

Pedro por hora não pode segui-lo e Judas que deu lugar às trevas não compreendeu a misericórdia, que é infinitamente maior que o pecado, e por isso se perdeu no desespero de tirar sua própria vida, não acreditou em Jesus e na sua misericórdia que é infinitamente maior que o nosso pecado.
Padre Luizinho