sábado, 30 de março de 2013

A NOSSA SALVAÇÃO TEM UM PREÇO !?



Nesta Semana Mística a liturgia da Palavra é a nossa bússola para mergulharmos nos Mistérios que estamos para celebrar. Hoje meditamos sobre o preço a ser pago. Ditado comum que escutamos quase sempre: “tudo tem seu preço”. A nossa salvação também tem um preço, que na verdade foi pago para nós e não que pagamos por ela. Vivemos numa cultura imediatista e onde queremos encontrar soluções rápidas e fáceis para tudo. A cultura do descartável, do passageiro, mas esquecemos muitas vezes, que problemas difíceis e demorados exigem soluções difíceis, comprometedoras e demoradas, ou seja, a longo prazo. E nem sempre queremos “pagar” esse preço!
“Naquele tempo, um dos doze discípulos, chamado Judas Iscariotes, foi ter com os sumos sacerdotes e disse: “Que me dareis se vos entregar Jesus?” Combinaram, então, trinta moedas de prata. E daí em diante, Judas procurava uma oportunidade para entregar Jesus” (cf. Mt 26,14-25).
Estamos avançando dentro da espiritualidade da Semana Santa, três figuras se apresentam no anuncio da traição, que se desenrola numa cena dramática, a Ultima Ceia, que permite contrapor ao traidor Judas, o discípulo predileto, e Pedro. “Jesus ficou profundamente comovido e testemunhou: Em verdade, em verdade vos digo, um de vós vai me entregar”. João 13, 21 Quem estava com Jesus eram os doze, os mais chegados, que conviveram com o Mestre durante três anos. Imagine o que se passava no meio deles, as perguntas, as desconfianças: “Mestre serei eu?” Todos se questionavam, foi colocada em cheque a amizade, a intimidade, a fidelidade dos Apóstolos. Jesus também nos questiona hoje, que tipo de pergunta Jesus estaria fazendo para você? És meu amigo, queres me seguir ou tens medo de não ser fiel?

Mas Jesus sabia quem iria lhe trair e quem iria lhe negar e também que todos o abandonariam já no Monte das oliveiras. No meio está Jesus, que estremece ante a presença do ódio satânico: “… mas a morte entrou no mundo por inveja do diabo”. Jesus conserva seu domínio soberano, faz um gesto de afeto particular, passa o pão no molho e entrega ao traidor, pois em nenhum momento Ele desistiu de Judas, e dá a ele a ordem de agir. A questão agora é qual o valor que eu dou a cada coisa, pessoa e situação na minha vida. Judas vendeu o Mestre por trinta moedas de prata, os valores que damos ao que vivemos revela o nosso caráter a nossa índole. “Onde esta o teu tesouro ai estará o teu coração”.

O discípulo amado, o traidor Judas e Pedro, que negaria Jesus antes que o galo cantasse, antes do dia amanhecer. Esses dois últimos em relação bem distintos, Judas deixam as trevas lhe dominar, ele arquitetou, premeditou a traição, esse acontecimento foi sendo concebido no interior de Judas há muito tempo, pois até já tinha vendido o Mestre por trinta moedas de prata. Pedro agiu por covardia, por medo do compromisso de ter que passar pelas mesmas coisas que Jesus estava passando, mas arrependeu-se amargamente e no final de sua vida a fidelidade o levou a ser crucificado como seu Mestre, porém de cabeça para baixo, pois não se achava digno de morrer como o Senhor.

Jesus continua no meio e o discípulo amado é o interlocutor desse diálogo, aqueles que iriam trair e negar não conseguem dirigir a palavra a Jesus. Esse diálogo prova que a cena é toda perpassada por uma profunda misericórdia e conhecimento de Jesus da fragilidade humana. Enquanto Judas vendia Jesus por uma bagatela, Ele nos comprava pelo preço de Sua própria vida, do seu sangue: “De fato, fostes comprados, e por preço muito alto! Então, glorificai a Deus no vosso corpo” (cf. I Cor 6,20). Aqui esta em questão o valor de cada pessoa para Deus, qual o valor de Judas? Qual o valor de Deus em minha vida? Por muito menos nós os filhos de Deus temos nos vendido.

“O pecado espreita a porta, embora ele te deseje, tu podes dominá-lo”. (Gêneses 4, 7) É hora das trevas, Judas se perde na escuridão, sobre ele se esconde pesada noite, imagem das trevas que iriam surpreendê-los. Mas no meio desta noite refulge o esplendor da Glória, preceito do amor. A Paixão é o cumprimento do desígnio divino e o sacrifício por Amor é a glorificação de Deus pelo homem e do homem por Deus. O anúncio da Paixão provoca a intervenção de Pedro e o anúncio da negação. Confessar Jesus até a morte não é obra puramente humana, è dom de Deus, que será concedido depois que Jesus tiver se sacrificado por primeiro.

Pedro por hora não pode segui-lo e Judas que deu lugar às trevas não compreendeu a misericórdia, que é infinitamente maior que o pecado, e por isso se perdeu no desespero de tirar sua própria vida, não acreditou em Jesus e na sua misericórdia que é infinitamente maior que o nosso pecado.
Padre Luizinho

Nenhum comentário:

Postar um comentário