terça-feira, 8 de maio de 2012

OUVIR O SILENCIO PARA FALAR MELHOR



Pode parecer estranho a princípio, mas é necessário que reaprendamos a ouvir o silêncio como condição para uma fala com mais qualidade e profundidade. Com simplicidade, traduzi essa verdade numa das músicas que Deus me concedeu a graça de compor, canto assim: “Ouço teu silêncio, meu Senhor, para distinguir só tua voz...” Escrevi isso há muito tempo e continuo aprendendo dia a dia a viver essa experiência. Quando a fala é precedida por um silêncio de reflexão, aquilo que a boca diz tem sempre mais conteúdo.

Recentemente, em uma mensagem para o Dia Internacional das Comunicações, o Papa Bento XVI fez essa afirmação: “A relação entre silêncio e palavra: dois momentos da comunicação que se devem equilibrar, alternar e integrar entre si para se obter um diálogo autêntico e uma união profunda entre as pessoas”.

Muitos dos nossos conflitos nos relacionamentos e na comunicação surgem de um excesso de palavras e uma carência do silêncio. Não um silêncio distante ou frio, mas um silêncio de quem ativamente escuta e acolhe a outra pessoa naquilo que ela está dizendo. “O silêncio é parte integrante da comunicação e, sem ele, não há palavras densas de conteúdo”, afirma também o Pontífice.
Se esse silêncio faz bem na comunicação entre os homens, ele é muito mais importante no nosso relacionamento com Deus, assim diz o Santo Padre: “Se Deus fala ao homem mesmo no silêncio, também o homem descobre no silêncio a possibilidade de falar com Deus e de Deus. Temos necessidade daquele silêncio que se torna contemplação, que nos faz entrar no silêncio de Deus e assim chegar ao ponto onde nasce a Palavra, a Palavra redentora” (Homilia durante a Concelebração Eucarística com os Membros da Comissão Teológica Internacional, 6 de outubro de 2006).
Muitas vezes, reclamamos que Deus não fala conosco, mas, na verdade, somos nós que não aprendemos a ouvir o que Ele nos fala, ainda quando está em silêncio.
Para que a nossa vida seja verdadeiramente uma canção, será necessário aprendermos a conviver em harmonia com a palavra e o silêncio, no qual um não exclua o outro, mas que, em perfeita complementaridade, formem juntos uma fecunda comunicação. Jesus sabia, em Seus discursos e diálogos, alternar com eficácia os momentos de fala e de silêncio. O silêncio que jamais foi ausência de mensagem, mas um espaço fecundo de revelação de uma pessoa: Jesus Cristo.
Convido vocês a afinarem os ouvidos e o coração para aprendermos a acolher o silêncio de Deus e, cheios dele, comunicarmos ao mundo, pela nossa fala e vida, aquilo que ouvimos no profundo do nosso coração. Evangelizar requer de nós essa sabedoria: combinar a fala e o silêncio, o discurso e a reflexão. Uma evangelização que fale tanto, a ponto de roubar o espaço do silêncio, corre o risco de não produzir os frutos esperados. Assim podemos orientar todo o nosso esforço de evangelização da intimidade do nosso lar aos mais longínquos rincões do mundo. Desejo a você uma profunda experiência da escuta desse silêncio de Deus, pois quem aprende a ouvi-Lo, sempre fala melhor.
Monsenhor Jonas Abib
Fundador da Comunidade Canção Nova

DEUS CONFIA NA SEMENTE QUE ELE PLANTOU



A ânsia do Espírito Santo é fazer nosso coração semelhante ao de Jesus: manso, humilde, sereno, que louva ao Pai, que tem o dom de amar, que sabe perdoar e deu a vida para nos salvar. Ao contrário daquele outro coração: de pedra, magoado, frio, sem vida, que não sabe amar, perdoar, partilhar. Ele não vai desistir enquanto não mudar nosso coração.
O que não pode faltar é nossa correspondência. A semente tem em si toda a potência, até mesmo para ser um grande cedro, mas para que isso aconteça, ela precisa de terra que absorva as raízes, que lhe dê a seiva. O Espírito Santo não faz isso sem um solo, sem um terreno. Esse solo, esse terreno, somos nós.
A semente está na terra. O bom agricultor levanta, dorme, passam-se dias, semanas, meses e ele permanece pacientemente aguardando o nascer daquele fruto. Ele não vê o que acontece no interior da terra, mas sabe que pode confiar (cf. Mc 4,26). O mau agricultor é aquele que começa a remexer a terra, desconfiado, para ver se a semente germinou ou não... E acaba estragando tudo.
Deus confia na semente que Ele plantou. Podemos e devemos confiar nela também. Depois de semeada, entra dia, sai dia, entra semana, sai semana, entra mês, sai mês: a semente germina, lança raízes, crescem as folhas, os cachos, os frutos. Ali se aninham os pássaros. Não é apenas o dono que comerá seus frutos. Os pássaros também. Eles comerão os frutos e lá se aninharão. É preciso acreditar na ação do Espírito Santo. Acreditar no bom solo que você é. Um coração ressuscitado bate em você!

Monsenhor Jonas Abib
Fundador da Comunidade Canção Nova

APOIEMO-NOS NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO

A única força que dinamiza, reaviva, ilumina, transforma, renova, ordena e purifica todas as áreas de nossa vida é o Espírito Santo de Deus. Deixemo-nos guiar pelo Divino Amigo para sermos homens e mulheres verdadeiramente livres e agradáveis a Deus, “pois todos os que são conduzidos pelo Espírito de Deus são filhos de Deus” (Rm 8,14).
Conforta-nos e anima-nos profundamente saber que “o Espírito vem em auxílio à nossa fraqueza”(Rm 8,26a), mas não basta apenas saber disso, é preciso clamar ao Espírito Santo para que Ele nos oriente e nos conduza ao longo de toda nossa existência. Façamos essa experiência concreta em cada situação que vier ao nosso encontro hoje e sempre.
Clamemos constantemente: Vinde, Espírito Santo! Vinde, Espírito Santo! Vinde, Espírito Santo!
Jesus Confio em vós
Luzia Santiago