domingo, 29 de abril de 2012

FORTALEZA DO PASTOR

O Senhor conhece Suas ovelhas

Os Bispos do Brasil, reunidos recentemente em Assembleia, mais uma vez se debruçaram sobre o valor infinito da Palavra de Deus, desejando transmiti-la sempre e com crescente profundidade ao povo de Deus. A Palavra de Deus é fonte inesgotável de vida para toda a humanidade. Como sempre faz, a Igreja quer empreender de novo, com crescente zelo, o anúncio da Palavra, que tem seu lugar privilegiado, para animar a vida de todos e o serviço apostólico a ela confiado. A chave que abre a porta da Sagrada Escritura é Nosso Senhor Jesus Cristo, com Sua Morte e Ressurreição, o mistério pascal que celebramos nos tempos correntes. Amar e conhecer a Cristo é nosso dever, nossa honra e nossa alegria, deixando-nos provocar por Ele!
A presença de Jesus suscitou e suscitará sempre interrogações e muita perplexidade. Nós o sabemos verdadeiro Deus e verdadeiro homem e podemos encontrar, além da graça redentora que só pode chegar por intermédio d'Aquele que é Caminho, Verdade e Vida, a referência de valores a serem assumidos para uma vida plenamente humana e digna. A Igreja nos convida a olhar sempre para o Senhor, seguindo-O de perto para fazer tudo o que Ele nos disser!
Aproximemo-nos do Cristo Ressscitado e da riqueza de Sua personalidade. Em Nazaré, onde Jesus fora criado, as pessoas se interrogam a respeito d'Ele: “De onde lhe vêm essa sabedoria?” (Mt 13, 54). Noutra ocasião, “surgiu uma divisão entre o povo por causa dele. Alguns queriam prendê-lo, mas ninguém lhe pôs as mãos. Os guardas então voltaram aos sumos sacerdotes e aos fariseus, que lhes perguntaram: Por que não o trouxestes? Responderam: Ninguém jamais falou como este homem” (Jo 7,43-46). Suas palavras, mais doces do que o mel, atraem as pessoas, mesmo quem tem a tarefa de prendê-Lo. Tantas vezes quantas forem lidas, acolhidas e vividas, nelas se encontra a vida eterna. Seu som se espalha e ecoa por todo o universo.
Se buscarmos outro valor, como a beleza, aqui está: "Tu és o mais belo entre os filhos dos homens, sobre teus lábios difunde-se a graça (Sl 144,3)". “A Igreja lê o salmo cento e quarenta e quatro como a representação poético-profética do relacionamento esponsal entre Cristo e a Igreja.  Reconhece Cristo como o mais  belo entre os homens; a graça sobre os lábios indica a beleza interior da sua palavra, a glória do seu anúncio. Assim, não é apenas a beleza exterior da aparição do Redentor a ser glorificada: nele aparece muito mais a beleza da Verdade, a beleza do próprio Deus que nos atrai a si e ao mesmo tempo nos causa a ferida do Amor, a santa paixão (“Eros”) que nos faz ir ao encontro, junto e com a Igreja-Esposa, ao Amor que nos chama” (“Beleza de Cristo”, Joseph Ratzinger/ Bento XVI).
Na festa do Bom Pastor, celebrada pela Igreja no Quarto Domingo da Páscoa, é possível descortinar algumas características da personalidade de Jesus (cf. Jo 10,1-18). O Evangelho de São João apresenta três belíssimas parábolas, que vieram a ser consideradas como “Parábola do Bom Pastor”, no quadro do difícil confronto de Jesus com adversários ferrenhos que O pressionavam. De fato, as palavras do Senhor “causaram nova divisão entre os judeus” (Jo 10,19).
A imagem utilizada por Jesus é a do pastor de ovelhas, rica de significado para o ambiente em que se encontrava, mas ainda atual em nossos dias. Ele é a porta das ovelhas: “quem entrar por mim será salvo; poderá entrar e sair, e encontrará pastagem” (Cf. Jo 10,7-9). Portas abertas, clareza para expressar as coisas, nada de complicações! Todos se impressionam com gente assim e se sentem atraídos!
“Conheço as minhas ovelhas e elas me conhecem” (Jo 10,15). Ele conhece cada uma das ovelhas pelo nome (cf. Jo 10,3), é capaz de estabelecer relacionamento pessoal, não apenas com a massa! Todos são importantes para Ele e suas necessidades ressoam em Seu coração. “Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida por suas ovelhas” (Jo 10,11). Bondade e entrega de vida. Só quem é plenamente realizado e feliz pode chegar a tais alturas, pois é Aquele que veio “para que tenham vida, e a tenham em abundância” (cf. Jo 10,10). Jesus Cristo, acolhido e amado, oferece tudo o que as pessoas de qualquer tempo procuram.
Jesus olha longe, num grande horizonte aberto: “Tenho ainda outras ovelhas, que não são deste redil; também a essas devo conduzir, e elas escutarão a minha voz, e haverá um só rebanho e um só pastor” (Jo 15,16). Portas e janelas abertas, os confins da terra. O universo inteiro, sem fechamentos e exclusivismos!
N'Ele, Nosso Senhor Jesus Cristo, está nossa vida e nossa missão. Hoje é o nosso tempo para conhecer Sua voz e seguir Aquele que vai à nossa frente (cf. Jo 10,4). Entretanto, sendo limitados, parece-nos muito alto o ideal: dar a vida, conhecer pelo nome, dar exemplo, ir à frente dos outros, abrir-se para todos, enfim, acolher e espelhar a beleza e a bondade do Pastor! Sabendo disso, a Igreja nos leva a pedir com confiança: “Deus eterno e todo-poderoso, conduzi-nos à comunhão das alegrias celestes, para que o rebanho possa atingir, apesar de sua fraqueza, a fortaleza do Pastor”. Assim seja!
Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo de Belém - PA
No Evangelho da Santa Missa do 4º Domingo da Páscoa, o Senhor diz de si mesmo: "Eu sou o Bom Pastor. O Bom Pastor dá a vida por suas ovelhas". Ora, como é o ofício de um pastor? Em primeiro lugar, o pastor levanta-se muito antes das ovelhas. Ele vai até o lugar aonde as ovelhas dormem, e as desperta para o acompanharem. As ovelhas reconhecem a voz do pastor e prontamente se aproximam dele. Uma vez que ele reúne todas diante de si, ele caminha à frente delas, e elas o seguem, pois seguem o seu pastor. Elas não o temem, nem procuram fugir, pois confiam nos cuidados de seu pastor. O pastor conduz as ovelhas para as campinas, e uma vez que lá chegam, ele as deixa livres para alimentarem-se e correr livremente. No final do dia, o pastor chama as ovelhas, e elas obedecem-no novamente e prontamente apresentam-se diante dele. E se o pastor nota que falta uma ovelha, ele deixa as demais na campina e vai à procura daquela que se perdeu, trazendo-a nos braços. E então, novamente ele caminha à frente delas com segurança até chegarem em casa. Assim age Jesus conosco: o Senhor cuida de nós, ama-nos de todo o seu Coração, caminha à nossa frente, conduzindo-nos às fontes de água viva. Na verdade, o Senhor, não considerou suficiente preparar-nos um alimento especial para a nossa caminhada nesta terra, e deu-se a Si mesmo como alimento de nossa alma na Sagrada Eucaristia. E o que o Senhor espera de nós, suas ovelhas, é que confiemos Nele, que não tenhamos medo de seguí-lo de perto quando Ele chama por nós. E se por acaso, como o filho pródigo, nós nos perdemos do caminho que conduz à presença do Bom Pastor, não nos preocupemos, confiemos Nele, o Senhor virá à nossa procura, e se não pudermos caminhar, pois estamos feridos ou cansados, Ele vai carregar-nos em seus braços. Jesus é o Bom Pastor. E Ele nos disse no Evangelho: "Ninguém têm maior amor do que Aquele que dá a vida pelos seus amigos". Ele deu sua vida por nós no altar da Cruz. E após três dias, Ele retomou de volta a sua Vida. Na verdade, Ele é a própria Vida. E a Vontade de Deus a nosso respeito é que tenhamos a vida em abundância, que sejamos herdeiros da eternidade!

NÃO TENHO MEDO



A Santíssima Virgem Maria assumiu no mundo a sua missão de Nova Mulher e pisou na cabeça da serpente para matá-la. Podemos dizer: aquilo que está profetizado no livro de Gênesis aconteceu.

Aconteceu aquilo que o próprio Deus disse depois do pecado de Adão e Eva: “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta te ferirá a cabeça e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gn 3,15).

É próprio da cobra ficar escondida. A serpente é a figura do inimigo, porque ele também age dessa forma. Ele prefere ficar às escondidas, mas se alguém corajoso o atinge, ele se mostra e é obrigado a se manifestar. Quando se pisa na cabeça de uma serpente, ela começa a se debater: isso nos assusta, e muito.

Mas não é preciso temer. Nossa Senhora já pisou na cabeça da serpente. A cobra dá botes, mas já está condenada à morte. Muitos ficarão com medo, mas Jesus coloca em nosso coração a palavra repetidamente pronunciada por João Paulo II: “Não temais”. Aconteça o que acontecer, não temais!

Monsenhor Jonas Abib
Fundador da Comunidade Canção Nova