quarta-feira, 26 de março de 2014

O QUE É LUXÚRIA ?

O pecado da impureza
A gravidade do pecado da impureza, também chamado de luxúria, é que “mancha um membro de Cristo”. “Ora, vós sois o corpo de Cristo e cada um de sua parte, é um dos seus membros” (1Cor 12,27).
“Assim nós, embora sejamos muitos, formamos um só corpo em Cristo, e cada um de nós é membro um dos outros” (Rm 12,5).Deus quis salvar a humanidade em corpo, formando o Corpo de Cristo, de modo a “restaurar todas as coisas em Cristo” (Ef 1,10).
Quando eu cometo um pecado de impureza, não sujo apenas a mim mesmo, mas também o Corpo de Cristo, do qual sou membro. É neste sentido que São Paulo alertava os fiéis de Corinto sobre a gravidade desse pecado: “Não sabeis que vossos corpos são membros de Cristo?” (1Cor 6,15). Note que o apóstolo enfatiza os “corpos”, isto é, a realidade do corpo místico de Cristo não é apenas espiritual, mas também corporal. Sem os nossos corpos não haveria a impureza.
“Tomarei, então, os membros de Cristo e os farei membros de uma prostituta? Ou não sabeis que o que se ajunta a uma prostituta se torna um só corpo com ela?” (1Cor 6,16). Está escrito: “Os dois serão uma só carne” (Gn 2,24).
Vemos que para o apóstolo entregar-se à prostituição é o mesmo que prostituir o corpo de Cristo. Esta é uma realidade religiosa da qual ainda não tomamos ciência plena, ou seja, toda vez que eu peco o meu pecado atinge todo o corpo de Cristo. Esta é uma das razões pela qual nos confessamos com o ministro da Igreja, para nos reconciliarmos com ela [Igreja], que foi manchada pela nossa falta.
O que levava São Paulo a pedir aos coríntios entre os quais havia este problema: “Fugi da fornicação. Qualquer outro pecado que o homem comete é fora do corpo, mas o impuro peca contra o seu próprio corpo” (1Cor 6,18).
Fornicação é sexo fora do casamento para não casados.
É preciso entender que nós não apenas “temos” um corpo, mas “somos” um corpo. Nossa identidade está ligada ao nosso corpo; ela é fixada pela nossa foto, impressão digital ou código genético (DNA). Portanto, o pecado da impureza agrava-se à medida que, mais do que nos outros casos, envolve toda a nossa pessoa, corpo e alma. E o apóstolo nos mostra que o Espírito Santo não habita apenas a nossa alma, mas também o nosso corpo; daí a gravidade da sua profanação.
“Ou não sabeis que o vosso corpo é templo do Espírito Santo que habita em vós, o qual recebestes de Deus, e que, por isso mesmo, já não vos pertenceis? Porque fostes comprados por um grande preço” (1Cor 6,19).
Como disse São Pedro: “não fomos resgatados a preço de bens perecíveis, prata e ouro, mas ‘pelo precioso sangue de Cristo’” (1Pd 1,18), para pertencermos a Deus, no corpo de Cristo. É importante notar que São Paulo ensina que devemos dar glória a Deus com o nosso corpo. Ele diz: “O corpo, porém, não é para a impureza, mas para o Senhor e o Senhor para o Corpo: Deus que ressuscitou o Senhor, também nos ressuscitará a nós pelo seu poder”. (1Cor 6,13).
“Glorificai, pois, a Deus no vosso corpo” (1Cor 6,20).
Nosso corpo está destinado a ressuscitar no último dia, glorioso como o corpo de Cristo ressuscitado. São Paulo diz aos filipenses sobre isto:
“Nós, porém, somos cidadãos dos céus. É de lá que ansiosamente esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que transformará nosso mísero corpo tornando-o semelhante ao seu corpo glorioso…” (Fl 3,20)
Nosso corpo glorificado dará glória a Deus para sempre, assim como os corpos de Jesus e Maria já estão no céu. Isto explica a importância do nosso corpo, que levava Paulo a dizer aos coríntios: “Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá, porque o Seu templo é sagrado – e isto sois vós” (1Cor 3,16-17).
Quantas pessoas destruíram a si mesmas, porque destruíram os seus próprios corpos! O desrespeito ao corpo, seja pela impureza, pelos vícios ou imprudências compromete a integridade e a dignidade da pessoa toda que é templo de Deus.
Jesus foi intransigente com o pecado da impureza. No Sermão da Montanha, marco dos seus ensinamentos, Ele disse: “Todo aquele que lançar um olhar de cobiça para uma mulher, já adulterou com ela em seu coração” (Mt 5,27-28). Jesus quer assim destruir a impureza na sua raiz, isto é, no coração dos nossos pensamentos. “Porque é do coração que provém os maus pensamentos, os homicídios, os adultérios, as impurezas, os furtos, os falsos testemunhos, as calúnias” (Mt 15,19).
Para viver a pureza há, então, que estarmos em alerta o tempo todo, como recomendou o Senhor: “vigiai e orai para que não entreis em tentação. O espírito está pronto, mas a carne é fraca” (Mt 26,41).
Todos nós já pudemos comprovar como é fraca a nossa carne, a nossa natureza humana, enfraquecida pelo pecado original. Portanto, não nos resta outra alternativa para prevenir a queda, senão, vigiar e orar.
Nunca, como em nossos dias, foi tão grande o pecado de impureza. De forma acintosa, ele aparece nas músicas, nas TVs, nas revistas, jornais, filmes, cinemas, teatros etc. Estamos sendo invadidos por um verdadeiro mar de lama que traz a imoralidade para dentro dos nossos lares, sem respeitar nem mesmo crianças e velhos.
A exploração comercial do sexo atingiu níveis assustadores, colocando o ser humano, especialmente a mulher, no mais baixo nível de dignidade. Será que Deus pode ficar indiferente a uma situação desta? Será que a própria natureza humana pode deixar de reagir contra tanta bestialidade que hoje se pratica sob as câmeras de TVs? É difícil dizer não.
O ato sexual é a “liturgia” do amor conjugal, sua maior manifestação. No ápice da sua celebração, o filho é gerado como a verdadeira encarnação do amor dos pais; e por isso, a Igreja não aceita que o filho seja gerado sem a participação dos próprios pais, num ato sexual. Sem amor e compromisso, o sexo torna-se vazio, perigoso e banal. São Paulo ensinava aos coríntios: “A mulher não pode dispor do seu corpo: ele pertence ao seu marido. E também o marido não pode dispor do seu corpo: ele  pertence à sua esposa” (1Cor 7,4).
Note que o apóstolo fala em “mulher e marido”, não em namorados, noivos ou amigados. O Catecismo diz que: “Os noivos são convidados a viver a castidade na continência. Nessa provação, eles verão uma descoberta do respeito mútuo, uma aprendizagem da fidelidade e da esperança de se receberem ambos da parte de Deus”. (§2350).
A união dos corpos só tem sentido quando existe a união prévia dos corações e das almas, de maneira sólida e permanente, como se dá no casamento. O Catecismo da Igreja nos ensina que a vida sexual é legítima e adequada aos esposos: “Os atos com os quais os cônjuges se unem, íntima e castamente, são honestos e dignos. Quando realizados de maneira verdadeiramente humana, testemunham e desenvolvem a mútua doação pela qual os esposos se enriquecem com o coração alegre e agradecido” (CIC, §2362; GS,49).
São terríveis as consequências da vida sexual antes ou fora do casamento: adolescentes grávidas, sem o mínimo preparo para serem mães; pais solteiros, filhos abandonados e “órfãos de pais vivos”, abortos, adultérios, destruição familiar, doenças venéreas, AIDS etc.
O sexo é belo, mas fora do plano de Deus é um desastre, explode como uma bomba atômica.
Prof. Felipe Aquino

ORAR ANTES DE TOMAR DECISÃO



Diante das dificuldades, é sua tarefa vencer o desânimo (cf. II Cor 16-17) e erguer os que estão caídos. Cabe-lhe sempre tomar a iniciativa! Sabe que os sofrimentos, as dores e a própria morte não têm a última palavra, pelo que se renova dia a dia (cf. II Cor 4,16) e aposta sua vida no que é invisível e eterno (cf. II Cor 4,18).
Decisões guiadas pela fé, oração, iniciativa, coragem diante dos obstáculos, capacidade de olhar para o alto! Nada menos do que a proposta da Igreja para todos e não para um grupo de privilegiados. A decisão está nas mãos de nossa liberdade!

JESUS ESTÁ CHAMANDO VOCE DE VOLTA

Às vezes, pensamos que as pessoas precisam deixar de fazer coisas más para se aproximarem de Deus, mas o que ocorre é o contrário: Primeiro é preciso encontrar-se com Deus, para então, abandonar o pecado. Foi o que aconteceu com São Paulo, ele tinha ódio dos cristãos, por isso, os combatia, aprisionava, entregava-os para que fossem julgados e condenados. Então, Jesus lhe apareceu no caminho de Damasco e, depois disso, o ódio desapareceu e aquele que perseguia os cristãos tornou-se o grande pregador de Jesus, do cristianismo, foi às sinagogas desafiar aos doutores da lei pregando sobre Jesus Cristo.

Seja você quem for, seja qual for o seu problema, se Jesus entrar em sua vida, ela será totalmente transformada. Talvez você não aguente mais a vida que está levando; talvez esteja no caminho errado, queira mudar, mas não consegue. Deixe Jesus entrar em sua vida, em seu coração, assim como fez com Paulo. Talvez você diga: "Eu não sou digno disso; já fui longe demais". Não! Seja você quem for, não se esqueça das palavras de Jesus:

"Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura" (Mar 16,15).

Ele está chamando você de volta. Não se desclassifique, porque para Jesus não há casos sem solução. Por isso, entregue hoje, a sua vida a Jesus.

Monsenhor Jonas Abib
Fundador da Comunidade Canção Nova

OS PLANOS DE DEUS SÃO PERFEITOS

Você já ouviu a frase: tudo depende da forma como enxergamos a vida? Podemos olhar para os problemas, para as nossas limitações, chegando à conclusão de que somos os seres mais sofredores da face da terra, mas se mudarmos o direção do nosso olhar e deixarmos o pessimismo e a falta de esperança de lado, notaremos as graças de Deus sobre nossas vidas e descobriremos como temos muitos motivos para nos alegrar e agradecer.

Podemos nos considerar o mais feliz ou o mais infeliz de todos os seres se os nossos olhos não estiverem iluminados como lemos no evangelho de São Mateus 6, 22: “O olho é a luz do corpo. Se teu olho é são, todo o teu corpo será iluminado.”

Mas, você pode esta se perguntando: Como vou olhar com bons olhos para minha dor? Por mais dificuldades que tenhamos, sempre teremos fatores positivos ao redor e é exatamente nestas coisas que devemos focalizar o nosso olhar.

Olhar com bons olhos as dificuldades é confiar em Deus e saber que todas as coisas cooperam para o bem, mesmo quando humanamente não entendamos o porquê. É preciso olhar para os acontecimentos da vida e para as pessoas com bons olhos, não podemos deixar a hora da graça passar, a ocasião é esta, a hora é agora.

Senhor, nós cremos em ti,
mas aumentai a nossa fé.
Manda-nos o teu Espírito Santo para que ele nos ilumine,
nos aqueça e nos dê sabedoria para a pratica do bem.
Amém!

Padre Alberto Gamabarini

PREPARE SUA VIDA NÃO E NÃO DEIXE PASSAR

Quem adia as soluções dos problemas não os quer resolver de fato
Sem tomar conselho, erra-se muito. Sem ser organizado, perde-se muito tempo e eficácia. Aquele que não arruma bem o seu armário não consegue organizar o seu espírito. O povo diz, sabiamente, que um homem prevenido vale por dois, porque é um homem organizado. "Melhor prevenir do que remediar." Mas a organização só é possível quando somos pacientes e não somos preguiçosos. É a preguiça a mãe da bagunça.
Ninguém faz um edifício sem uma planta arquitetônica, uma planta elétrica, hidráulica e estrutural. Se fizer, estará correndo sério risco de ter que refazer muita coisa a um custo muito maior. Sabemos que Deus projetou cada um de nós detalhadamente em cada uma de nossas células.

Muita gente se atrapalha, porque, por preguiça, sempre prorroga as coisas a fazer, hoje, para o dia de amanhã. Quem adia as soluções dos problemas não os quer resolver de fato. Amanhã é o dia em que os preguiçosos trabalham, os perversos reformam suas vidas e os pecadores se arrependem.

Um problema enfrentado logo, e bem definido, é um problema meio resolvido. As tarefas adiadas com alegria, muitas vezes, têm de ser feitas depois com lágrimas. Que nos digam aqueles que puderam estudar na juventude, mas não o fizeram; depois, tiveram de estudar já casados!

Diz um provérbio árabe que “tudo o que acontece uma vez pode nunca mais acontecer, mas tudo o que acontece duas vezes, acontecerá, certamente, uma terceira vez”. Então é preciso estar prevenido e saber se precaver das coisas que já fizemos errado uma vez. Os fatos não deixam de existir por serem ignorados. Não feche os olhos para os fatos; o pior cego é o que não quer ver.

A desordem é sinal da ausência de autoridade e disciplina. É preciso ordem; onde muitos mandam, pouco se realiza. A chefia é imprescindível; não há uma instituição humana que possa ter bom desempenho se não tiver um chefe: a nação, a família, a empresa, a cidade… O provérbio diz que “dois capitães afundam o navio”.

Ser organizado e eficiente não quer dizer tomar decisões precipitadas; elas são imaturas. Outro provérbio árabe diz que “ninguém experimenta a profundidade de um rio com os dois pés”. Isso pode acontecer pela precipitação.
Para sermos organizados e previdentes, precisamos aprender muito com a vida; pouco se aprende com uma vitória, mas muito se aprende com uma derrota. Você já notou que é nas pedras pequenas que tropeçamos? As grandes nós as enxergamos. Com organização e tempo acha-se o segredo de fazer tudo bem feito.

As empresas buscam qualidade, e isso significa vender o melhor produto do mercado pelo menor preço. Essa é imbatível! Mas exige organização, métodos, procedimentos corretos, entre outros.

Os manuais de qualidade de qualquer empresa nos ensinam que ser otimista é uma qualidade, ser educado, organizado e prevenido também são qualidades. Também é uma característica positiva ser atencioso, fiel e cumpridor da palavra. Respeitar a saúde, ser paciente, dizer sempre a verdade são qualidades essenciais, assim como amar a família e os amigos. Perceba que a "qualidade" está mais nas pessoas que nos produtos; este é apenas uma consequência. 

Um belo conselho que Jesus nos deixou é que devemos “viver um dia de cada vez”.

Todas as operações de cada dia se repetem: comer, beber, dormir etc., porque Deus fez a nossa natureza assim. Se você não a respeitar, não terá saúde e paz. Você pode carregar o peso do seu dia de hoje, porque tem forças para isso, mas não pode somar o peso de ontem e o de amanhã. Jesus nos deixou isso bem claro: “Não vos preocupeis pois com o dia de amanhã: o dia de amanhã terá as suas próprias preocupações. A cada dia basta o seu cuidado” (Mt 6,34). 

Qualquer que seja o medo que você possa ter do futuro – desemprego, cuidados dos filhos, doença… –, deixe tudo nas mãos de Deus, e apenas faça a sua parte hoje. Lembre-se de que Deus não toma à força o peso das suas preocupações, mas caminha a seu lado, discreto e paciente, esperando que você O chame e Lhe entregue as preocupações e tribulações do dia. 

Aquele trabalho difícil de fazer o inquieta? Entregue-o a Deus. Você verá que será mais fácil. Se é uma perda irreparável, entregue-Lhe o que foi perdido. Só assim será possível ter paz. 

Aprenda a entregar tudo ao Senhor. É um aprendizado lento, longo e requer perseverança, mas é valioso. A cada dia aceite morrer para as preocupações, para as angústias, os medos e as provações. Repita mil vezes com o salmista: “Nas tuas mãos, Senhor, está o meu destino” (Sl 30,16). “Ó Altíssimo, quando o terror me assalta, é em Vós que eu ponho a minha confiança” (Sl 53,4). 
“Abrigo-me à sombra de vossas asas, até que a tormenta passe”(Sl 56,2). 

O sucesso, muitas vezes, depende do que fazemos enquanto os outros descansam. Muitas vezes, ele é construído à noite. Durante o dia, você faz o que todos fazem, mas para conseguir um resultado diferente da maioria, então você precisa fazer mais do que ela.
  
Se você quiser atingir uma meta especial, então, talvez você terá de estudar no horário em que os outros estão se divertindo. Terá de planejar, enquanto os outros permanecem à frente da televisão. Terá de trabalhar, enquanto os outros tomam sol à beira da piscina. Terá de estudar enquanto os outros dormem. A realização de um sonho depende da sua dedicação. Há muita gente que espera que o sonho se realize por mágica. 

Quem não sabe aonde quer chegar, não chegará a lugar nenhum. Por isso, planeje a sua vida. Você sabe o que quer para os próximos cinco anos? Prepare sua vida, não a deixe passar, não a “empurre com a barriga”.
Felipe Aquino

POR QUE JEJUAR ?

O jejum e a abstinência fazem parte deste sistema de freios que, no ser humano

Ao tratarmos da cura de gastrimia (gula), a primeira coisa que nos vem à mente, evidentemente, é o jejum. No entanto, sejamos sinceros, quem é que ainda leva a sério o jejum? Para a maior parte das pessoas, o jejum é uma prática antiquada, desnecessária, quando não, completamente absurda. Até entre os “bons católicos” a prática do jejum é vista com desconfiança. Afinal, somos pessoas equilibradas. Nada de radicalismos! Quando muito, ainda é possível encontrar quem se recorde do velho Catecismo: “O quarto mandamento [da Igreja]: jejuar e abster-se de carne, conforme manda a Santa Mãe Igreja”. Mas quando é que a Santa Mãe Igreja no manda jejuar? A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) publicou, em 1987, a Legislação Suplementar ao Código de Direito Canônico, que diz o seguinte: 

Quanto aos cânones 1251 e 1253: 

1. Toda sexta-feira do ano é dia de penitência, a não ser que coincida com solenidade do calendário litúrgico. Os fiéis, nesse dia, se abstenham de carne ou outro alimento, ou pratiquem alguma forma de penitência, principalmente obra de caridade ou exercício de piedade.

2. A Quarta-feira de Cinzas e a Sexta-feira Santa, memória da Paixão e Morte de Cristo, são dias de jejum e abstinência. A abstinência pode ser substituída pelos próprios fiéis por outra prática de penitência, caridade ou piedade, particularmente pela participação nestes dias na Sagrada Liturgia. 
Bem, talvez, do jejum e da abstinência na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira Santa, a maior parte dos católicos se recorde. Porém, é provável que a maioria não faça a mínima ideia de que a abstinência de carne, às sextas-feiras, ainda existe! Mas isso não é motivo para que alguém se sinta mal. Muitos e nobres eclesiásticos sofrem da mesma miséria… Magra consolação! 

“Mas isso é somente uma lei da Igreja!”, alguém poderia dizer. E, depois de constatar esta obviedade, desfiar um rosário de argumentos contra a prática do jejum: “Não está na hora de a Igreja deixar de lado essas tradições medievais? Por que incentivar o jejum? Não existe algo de mal neste masoquismo de querer se penitenciar? Isto não prejudica a saúde? Qual o sentido do jejum, se a pessoa não trabalha para transformar a sociedade?”. 

Com argumentos desse tipo, livramo-nos do problema, varrendo-o para debaixo do tapete. Acho que os Santos Padres não estariam exatamente de acordo com este procedimento. 

Santo Tomás de Aquino (1225-1274), que era um mestre em argumentação, ensina-nos a distinguir duas realidades diferentes no jejum: 

a) O mandamento da Igreja 

b) A lei natural 

Os dias em que eu devo jejuar e as formas de realizar este jejum são uma lei da Igreja (a). Mas o jejum não é uma invenção da Igreja. A necessidade de jejuar é uma lei que Deus imprimiu na natureza humana (b), ou seja, compete às autoridades da Igreja determinar alguns tempos e modos de jejuar, já que é dever dos pastores cuidar do bem das ovelhas. No entanto, mesmo se não houvesse uma legislação canônica, as pessoas teriam de jejuar, pois se trata de uma exigência da própria natureza do homem. Sim, é isto mesmo! Por estranho que possa soar aos seus ouvidos, a ascese e o jejum são imperativos da ética humana natural e não uma tradição de algumas religiões e culturas exóticas. O jejum e a abstinência são instrumentos necessários para que possamos chegar a ser, não heróis ou semideuses, mas simplesmente… humanos”! 

Talvez, uma comparação nos ajude a compreender melhor esta realidade. Quando alguém compra um carro, as montadoras geralmente dão a oportunidade de a pessoa escolher os “opcionais”: ar-condicionado, air-bag, direção hidráulica etc. Mas, num automóvel, o sistema de freios não é um opcional. O freio é um componente essencial do próprio veículo. De nada adiantaria ter um automóvel se ele não tivesse um freio. 

O ser humano também é assim. Precisamos de um sistema de freios, de algo que nos sirva de limite, porque a vida humana desregrada é semelhante a um carro desgovernado. O que era uma bênção transforma-se numa maldição. O jejum e a abstinência fazem parte deste sistema de freios que, no ser humano, recebe um nome: virtude da temperança.
Padre Paulo Ricardo