domingo, 17 de novembro de 2013


O FOGO E O SOL

Esperar e apressar a vinda do Dia de Deus
"Eis que o dia há de chegar, como forno aceso a queimar. Os atrevidos, os que praticam injustiças, o Dia que há de vir, como palha, vai incendiar – diz o Senhor dos exércitos –, sem deixar-lhes sobrar nem raízes nem ramos. Mas para vós que tendes o meu temor, o sol da justiça há de nascer, trazendo o alívio em suas asas" (Ml 3,19-20). "O céu e a terra de hoje estão sendo reservados para o fogo, guardados para o dia do juízo e da perdição dos ímpios. Ora, uma coisa não podeis desconhecer, caríssimos: para o Senhor, um dia é como mil anos, e mil anos como um dia. O Senhor não tarda a cumprir sua promessa, como alguns interpretam a demora. É que ele está usando de paciência para convosco, pois não deseja que ninguém se perca. Ao contrário, quer que todos venham a converter-se. O dia do Senhor chegará como um ladrão, e então os céus acabarão com um estrondo espantoso; os elementos, devorados pelas chamas, se dissolverão, e a terra será consumida com todas as obras que nela se encontrarem. Se é deste modo que tudo vai desintegrar-se, qual não deve ser o vosso empenho numa vida santa e piedosa, enquanto esperais e apressais a vinda do Dia de Deus, quando os céus em chama vão se derreter, e os elementos, consumidos pelo fogo, se fundirão? O que esperamos, de acordo com a sua promessa, são novos céus e uma nova terra, nos quais habitará a justiça" (2 Pd 3,7-13).

Palavras assustadoras? Faz parte de nossa fé cristã a certeza de que o Senhor virá em Sua glória no fim dos tempos. "Deus será tudo em todos" (1 Cor 15,28). Palavras consoladoras que nos estimulam na caminhada, apressando a vinda de Deus. Esperá-Lo nos faz clamar, cada dia, com a Igreja: "Vinde, Senhor Jesus"! Esperá-Lo nos conduz à Mesa Eucarística, pois todas as vezes que se celebra a Santa Missa, o único e eterno sacrifício de Cristo se faz presente e Sua plenitude vem até nós. O Céu vem até nós! A Eucaristia de cada dia resume a história da humanidade e faz presente seu sentido de encontro com Deus e uns com os outros.
Levar em conta o Dia do Senhor é aproveitar todas as oportunidades para viver as realidades da eternidade, amando Deus e o próximo com intensidade. Não vivemos no medo, mas na confiança e na certeza dos últimos tempos, inaugurados com a Morte e a Ressurreição de Cristo. Não há, pois, tempo a perder. Quem nasce, hoje, seja conduzido a viver olhando para o alto e para frente, sem rastejar na poeira do pecado. Em vez de ficar preocupado com o fim do mundo, trazer depressa para cá as realidades da eternidade, pois sabemos que só o amor de caridade ultrapassa os umbrais da eternidade! O que pode assustar torna-se convite a viver bem! Nenhum receio de repetir: "Vinde, Senhor Jesus"!

O fogo queima e purifica. A esta altura do ano, quando a Igreja nos fala das últimas e definitivas realidades, é hora de rever a nossa vida e fazer a faxina nos recantos mais íntimos de nossa casa interior. Há muita velharia a ser queimada! Há sentimentos de ódio, inveja ou ciúmes a serem absolutamente descartados, jogados fora. A proposta da Igreja é uma corajosa revisão de vida, sem medo de encarar os recônditos de nosso coração, onde se aninham maldades que nos corroem por dentro. Os soberbos e os ímpios a serem queimados estão dentro de nós. Não é o caso de buscar eventuais pessoas que praticam o mal para condená-las, mas condenar a impiedade que está em nosso íntimo, deixando florescer o que é bom. Primeira decisão: corajosa revisão de vida e fogueira interior, na qual se queima o que não presta!

O sol da justiça brilhe para nós, toda palavra que sai da boca de Deus, todas as experiências de Sua graça que age em nós e em torno de nós, toda a força do Evangelho proclamado, o testemunho das pessoas que nos edificam. Deixar-se iluminar pelo sol da justiça é ato de inteligência, de pura sabedoria! A salvação de Deus quer entrar pelas frestas abertas nas janelas de nossas almas como o sol da manhã que irrompe glorioso!

Quando fazemos um balanço de nossa vida e dos contatos que temos com as pessoas, não é difícil perceber que a luz é maior do que as trevas. Estamos diante de uma luta desigual, na qual o amor de Deus e Sua salvação valem mais do que a iniquidade. Na vida cristã, não cabe o pessimismo derrotista que vê maldade e más intenções em cada gesto e cada olhar, mas a capacidade de ver e valorizar o bem. Nasce daí uma nova disposição para espalhar esse bem. Brilhe o sol da justiça no cumprimento alegre das pessoas que encontramos ou na valorização dos pequenos gestos de quem nos cerca. Ilumine os ambientes a luz que se acende quando espalhamos boas notícias e falamos bem dos outros, o que serve para esconjurar os defeitos e vícios eventualmente existentes!

“Assim também brilhe a vossa luz diante das pessoas, para que vejam as vossas boas obras e louvem o vosso Pai que está nos céus” (Mt 5,16). Comentando esta Palavra do Evangelho, Chiara Lubich, fundadora do Movimento dos Focolares, assim se expressava: "A luz se manifesta nas boas obras. Ela brilha pelas boas obras praticadas pelos cristãos. Você me dirá: mas não são apenas os cristãos os que praticam boas obras. Muita gente colabora com o progresso, constrói casas, promove a justiça. Têm razão. Inclusive, o cristão certamente faz e deve fazer tudo isso, mas não é unicamente esta a sua função específica. Ele deve realizar boas obras com um espírito novo, aquele espírito que faz com que não seja mais ele a viver, mas Cristo nele.

Com efeito, o evangelista Mateus não se refere apenas a atos de caridade isolados, como visitar os presos, vestir os nus ou cumprir todas as outras obras de misericórdia, atualizadas de acordo com as exigências de hoje, mas refere-se à adesão total do cristão à vontade de Deus, de modo a fazer de toda a sua vida uma boa obra. Se o cristão age assim, ele é transparente e os elogios que receber por suas ações não serão atribuídos a ele, mas a Cristo nele; assim, Deus se fará presente no mundo por meio dele. A tarefa do cristão, portanto, é deixar transparecer essa luz que habita nele, é ser o sinal da presença de Deus entre os homens" (Chiara Lubich, Palavra de Vida de Agosto de 1979).
Dom Alberto Taveira Corrêa

O REINO DE DEUS ESTÁ EM VOCE

Uma vez que Deus habita em nós, o demônio tem problemas, pois estamos nos planos do Senhor. Queremos, ao encontrá-Lo, dar um passo, deixar de lado aquilo que nos afasta d'Ele. Mas é preciso que saibamos o quanto isso vai enfurecer o demônio, pois desejamos andar na vontade do Pai. 

Irmãos, estamos ligados ao Céu, mas estaremos ainda mais ligados a ele se nos afastarmos do mal. Quando assumimos a nossa fé, deixamos que o Espírito Santo aja em nós. Ao fixarmos nossos olhos em Deus, Ele fixa em nós o Seu olhar, mas quando isso não acontece, deixamos de vivenciar o Seu amor e não conseguimos fazer com que Ele esteja junto de nós. 

Sinto muito se eu feri Deus, mas Ele me trouxe aqui para que pudéssemos, todos juntos, tocar nos ferimentos de Jesus, para que Ele toque em nós. Sejamos alegres, meus irmãos, pois Deus está em nós! Nós temos a força, pois O Senhor mesmo disse: “O Reino de Deus está entre nós”. O amor do Senhor está sendo derramado sobre nós. 

Certa vez, eu estava no avião e ouvi as pessoas falando a respeito de Bento XVI. Descobri, naquele momento, que ele havia renunciado. Então, pensei: “Acabamos, fomos derrotados, pois a razão de termos um Papa é para que ele seja para nós um sinal de fé. Nada pode romper isso; o Santo Padre é sinal visível daquilo que Deus faz!”. Em seguida, ao ver os noticiários, percebi que somos Igreja e que ela é governada pelo Céu, pelo Pai, pelo Filho e pelo Espírito Santo. É um relacionamento de amor, pois eu e você somos amados por Deus! 

Hoje, o Senhor está soprando uma vida nova em nós. Foi isso que vi, naquela cadeira branca, quando Bento XVI renunciou. O Reino de Deus não é algo que se vê, mas algo que experimentamos e que está em nós. A força do Espírito está em nós. 

A renúncia de Bento XVI fez com que retomássemos os fundamentos da glória, ou seja, quando falamos aquilo que a Bíblia diz: “Havia um certo caos quando Deus criou o Céu e a Terra”; da mesma forma, Ele quer fazer conosco: em meio ao caos da nossa vida, o Senhor quer soprar sobre nós o Seu Espírito Santo. Ele quer nos colocar em ordem. 

Saiamos daqui, pois, renovados pela vida que Cristo nos deu após ter carregado a cruz e derrotado a morte. As pedras que estão em nosso caminho serão retiradas e haverá paz em nossos corações
Afirmo que Deus está conosco e o inimigo não tem poder sobre nós. O Senhor quer que compreendamos que Ele pode agir sobre cada um de nós e, assim, experimentarmos algo que nunca havíamos experimentado. Quando temos o Espírito Santo, estamos dispostos a sofrer para entregarmos todo o nosso ser a Deus. 

Jesus prometeu que o Paráclito seria derramado sobre nós e é Ele quem prevalece em nossa vida. A partir daí, devemos odiar o pecado à medida que nos aproximamos do amor de Deus.

Estou aqui, porque Deus quer caminhar comigo. Há três dias, estava em uma de nossas paróquias e, num momento de oração, vi pessoas se levantarem de cadeiras de rodas e saírem correndo. Então, disse ao Senhor: “Jesus, eu sou tão pequeno!”. Ele me respondeu: “Você não é merecedor. Eu é que sou merecedor em você”. Nós precisamos de Deus, meus amados. Sejamos, pois, pessoas doces, amadas! 

Padre Jhon Baptist Bashobora 
Diretor Espiritual da RCC da Diocese de Uganda/África.

NÃO PODEMOS CULTIVAR A TRISTEZA

O Senhor sabe que tivemos e teremos tristezas. Assim como Jesus disse: "pobres, vós sempre os tereis", Ele poderia dizer: "tristezas, vós sempre as tereis".
O próprio Jesus passou por muitas tristezas. Mas há uma total diferença entre ter tristeza e "se entregar à tristeza". 
O que não pode acontecer é ficarmos recordando a situação, remoendo-nos em nossos sentimentos, cultivando e curtindo ressentimentos. Isto se torna um verdadeiro tormento. 
Entregue ao Senhor todas as situações de tristeza e faça uma verdadeira renúncia. Se aconteceu algo ruim, já é passado: não preciso mais ficar cultivando.

Monsenhor Jonas Abib

LIDANDO COM NOSSAS DORES

Perdão e providência estão intimamente ligados. O perdão é uma condição fundamental! Urge fazer essa experiência e dar a Deus a chance de abrir as válvulas de nosso coração e “desprender” o perdão. Todos nós passamos por situações dolorosas que nos marcaram muito, por isso, ficamos magoados. São situações que envolvem pessoas, instituições, acontecimentos... Pode ser até que tenhamos nos magoado com o Senhor!

Veja bem: esse “ficar sentido com Deus” é como um coágulo dentro das veias do nosso coração: ele impede o fluxo do sangue. Da mesma forma, a falta de perdão impede a graça de Deus.

Para muitos de nós é difícil perdoar porque isso implica tocar nas feridas e mexer em situações dolorosas. Implica abrir o coração e remexer no “lixão” da nossa vida. Seria mais fácil não tocar em nada disso! Mas imagine conservar uma lata cheia de lixo durante um mês dentro da sua casa! Ninguém aguentaria o mau cheiro.

É isso que acontece conosco, e nos tornamos pessoas difíceis; talvez, as mais difíceis em nossa casa. Sabe qual é a causa disso? Mágoas e ressentimentos: a falta de perdão que carregamos conosco.

Por isso, Deus quer nos libertar. Quer “arejar a casa”. Jogar fora o lixo significa colocá-lo aos pés da cruz de Jesus, para que possa ser queimado. O lugar desse lixo não é seu coração, é aos pés da cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo. Não é o seu coração, é o coração de Jesus.

Esse convite ao perdão não é uma imposição. Você poderia dizer: “Além de tudo pelo que eu já passei, ainda sou obrigado a perdoar?!” Não! Deus quer lhe dar a graça de retirar de seu coração tudo o que está estragado.

Lembre-se: Deus é amor! Somos Sua imagem e semelhança. Por isso, dentro de nós só podem ficar o amor e tudo o mais que nos ajuda a amar. Aquilo que é contrário ao amor é tóxico, venenoso.

Somos feitos para o amor!

Monsenhor Jonas Abib
Fundador da Comunidade Canção Nova

A ORAÇÃO QUE AGRADA O SENHOR É A DO CORAÇÃO PERSEVERANTE

A oração que agrada o Senhor é a do coração perseverante, que não enjoa de rezar, não desiste, não se cansa; renova suas forças e permanece em Deus.
“Mas o Filho do homem, quando vier, será que ainda vai encontrar fé sobre a terra?” (Lc 18,8). 
Amados irmãos e irmãs em nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, a parábola de Jesus nos conta a necessidade de uma oração firme, persistente e, sobretudo, insistente. A oração que agrada o Senhor é a do coração perseverante, que não enjoa de rezar, não desiste, não se cansa; renova suas forças e permanece em Deus. 
A viúva do Evangelho de hoje, de quem, oportuna ou inoportunamente, o juiz quer se ver livre e, por isso, concede-lhe o que ela tanto pede, é a nossa figura diante de Deus. A forma de sermos insistentes com o Senhor é não desanimarmos em nossa oração. Muitas vezes, precisamos ser chatos com Deus – no bom sentido da palavra. 
Sabe aquela criança que pega no pé da mãe? “Mãe, eu quero! Mãe, eu quero!”. A mãe, para deixar o menino sossegado, dá o que ele quer. Assim devemos ser com Deus, devemos pedir com insistência: “Senhor, é o que eu quero! É disso que eu preciso! Quero a Sua intervenção sem desanimar jamais”. 
Quando não desanimamos, quando a nossa oração é persistente, pode demorar meses, anos, pode ser até que “morramos” na oração e na súplica, mas Deus jamais irá nos desapontar. Se Ele não nos der algo da forma como pedimos ou esperamos, é porque Ele conhece a profundidade das coisas e dos acontecimentos, Ele nos dará cem vezes mais do que merecemos ou ousamos pedir. E se o que Ele tem para nos dar for muito pequeno para esta Terra, Ele nos dará em plenitude na eternidade. O que não podemos fazer é deixar de pedir com insistência, é fazer com que a nossa oração seja perseverante. 
Só quem persevera em Deus alcança o que quer do Seu coração.
Padre Roger Araújo