quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

QUANDO O INESPERADO BATE Á NOSSA PORTA

-Precisamos aprender a viver intensamente cada momento

No nosso cotidiano, envolvidos nas tarefas e nas situações do dia a dia, sempre nos esquecemos de algumas coisas básicas, até depararmos com o inesperado. Muitas vezes, nós nos envolvemos tanto com as tarefas que acabamos nos esquecendo de Deus, dos irmãos e de que nossa vida aqui é finita. Vivemos como se o nosso tempo aqui fosse infinito; e assim, perdemos tempo. Deixamos de amar aqueles que nos cercam.
A finitude do nosso tempo faz com que nos esforcemos para aproveitar o tempo de vida de que dispomos e não deixemos passar em vão ocasiões e momentos irrepetíveis. Cada minuto de nossa vida, ao lado das pessoas que conhecemos e amamos, é único e precisa ser aproveitado com toda a intensidade. Cada encontro com o outro é uma oportunidade que não volta a se repetir.
Em 2002, vivi a experiência do inesperado bater à minha porta, quando meu irmão sofreu um grave acidente de carro e, em fevereiro de 2004, foi para junto de Deus. No ano do acidente, posso dizer que tive a graça de aproveitar breves momentos, intensamente.
orava em Araguaína (TO) e eu estava na missão de Natal (RN). Ele foi para casa em férias no final de ano, mas devido à missão eu não pude ir. Como somos pernambucanos ele estava a poucas horas da cidade onde eu estava, na hora de voltar para sua cidade, ele mudou a rota e passou, em plena madrugada, na minha casa, para matarmos um pouco a saudade. Essa foi a última vez que vi o meu irmão com vida. Foram poucos minutos, mas vividos com intensidade, vividos como únicos e irrepetíveis.
Hoje, compreendo que a consciência de nossa finitude nos dá oportunidade para concentrarmos a atenção no essencial. Dá-nos oportunidade de entendermos que cada pessoa é única e irrepetível. Ensina-nos a não pararmos nas diferenças, mas olharmos a individualidade de cada um como riqueza. Ensina-nos a sairmos de nós mesmos para servir o outro, para amar o outro. Ensina-nos a viver cada momento que vivemos como únicos. Dessa forma, conseguimos viver o tempo presente como ele deve ser vivido: colocando nossas preocupações em Deus e nos concentrando na essência da vida: Amar e Servir. Precisamos aprender a viver intensamente cada momento. Aprender a não nos deixarmos levar pelas tarefas e atividades do cotidiano, de forma a não deixarmos passar em vão os momentos de encontro com o outro, e a não deixarmos passar em vão os momentos oportunos para amar.
Manuela Melo

LIBERTANDO-SE DOS ENGANOS DA APARENCIA

As pessoas são muito mais do que imaginamos

É impressionante a capacidade que o ser humano tem de, em certas situações, tecer julgamentos ancorados apenas na aparência e, assim, destituídos de inteireza. Temos a esquizofrênica tendência a, muitas vezes, definir e conceituar a realidade a partir daquilo que nos sinalizam as aparências, estacionando, dessa forma, na exterioridade e não conhecendo as pessoas em seu íntimo e intenções profundas.
Quem julga a partir de aparências correrá o sério risco de cometer inúmeras injustiças, oprimindo aqueles que, porventura, não se encaixem em seus embalsamados padrões de perfeição.
Quem é realmente maduro não toma decisões a partir de simpatias ou antipatias, nem motivado por aparências. Estas – simpatias e antipatias – são realidades comuns a todo processo relacional, contudo, elas não podem se estabelecer como parâmetro para decisões e julgamentos acerca de pessoas.
Muitas vezes, quem não se aliena para nos agradar/bajular ao máximo grau, acaba sendo descartado por nossa carente e imatura maneira de absorver a vida e as pessoas.
As pessoas são muito mais do que imaginamos que sejam, e não temos o direito de as aprisionar na impressão que delas tivemos.
vivemos em uma sociedade que nos ensina a desconfiar constantemente de todos e a nunca acreditar em ninguém. Entretanto, se faz necessário acreditar nas pessoas sem exigir que sejam o que queremos, e tendo a caridade de as deixar apenas acontecer...
Precisamos acreditar que todo ser humano quer verdadeiramente acertar em sua história. Ninguém erra porque quer, ninguém elege a infelicidade como projeto de vida. Todo ser humano quer ser feliz na vida, mesmo quando busca isso sem o devido êxito. Por isso, é necessário sermos mais misericordiosos com nossos semelhentes buscando enxergar além das aparências.
É preciso buscar fazer uma experiência com cada pessoa, antes de a aprisionar em um rótulo infeliz.
É salutar e sinal de humanidade se prender mais ao que as pessoas têm de bom, sem as querer transformar em meras "cópias" daquilo que acreditamos ser o correto.
O combustível para a maturidade e o crescimento de alguém é ser acreditado... mesmo quando a sua aparência e o que ela manifesta não agradar tanto.
Lutemos para nos desprender das armadilhas da imagem e busquemos ver o coração das pessoas, pois, todos têm o direito de tentar... e isso mesmo quando o fruto da tentativa for o erro.
A fragilidade que Jesus mais condenou em Seu tempo não foi tanto o assassinato nem o adultério, mas a hipocrisia. Ele bem conhecia a precariedade de nosso olhar e de nossa compreensão, por isso mesmo nos ensinou como agir diante daqueles que, na aparência, não nos agradarem nem nos bajularem o bastante: "Eu não te condeno. Vá..." (cf. Jo 8,11b).
O Homem de Nazaré sempre acreditou no homem e sempre deu a este uma nova chance para acontecer, mesmo sabendo quem de fato ele é. Aprendamos, pois, com o Seu sublime exemplo.
Adriano Zandoná

NÃO IMPORTA SABER SOMENTE QUE DEUS EXISTE

Entenda que o Senhor não se esqueceu de você
Não importa saber que Deus existe, importa saber que Ele é amor (dizia um filósofo). Quando penso nessa afirmação, quase ouço São Tiago dizendo: "Crês que há um só Deus? Fazes bem! Pois até os demônios creem e tremem".
O que Deus quer conosco é um relacionamento íntimo, pessoal, de pai para filho, de amigo para amigo; não só que acreditamos em Sua existência; visto que esta é definição de pagão: sabendo que Deus existe vivem como se Ele não existisse; esquecem-se dele, colocam-no em segundo lugar ama você e quer ser amado por você! Ele o ama de verdade, está atento à sua vida, sabe de seus sofrimentos, conhece os seus segredos; o que você nunca contou a ninguém, Ele sabe, e é assim que o ama, aceitando-o como você é
Deus nos cerca de cuidados, com certeza, Ele protege você!
Certo dia voltávamos para Cachoeira Paulista (SP), de uma missão em Valinhos (SP), o carro estava na velocidade permitida na Rodovia Dutra (110 km/h), quando, de repente, o volante começou a trepidar, a motorista tentou estabilizar o automóvel, mas a trepidação era cada vez maior; jogamos o carro para o acostamento e, por "coincidência", já era a entrada para um posto de gasolina.
Quando saltamos do veículo, qual não foi a nossa surpresa? A roda dianteira esquerda tinha perdido os três parafusos na estrada e o último que restava estava em sua última volta. Se aquele parafuso tivesse soltado, na velocidade em que estávamos, talvez estivéssemos capotando até hoje!
Mas o que me assusta não é aquele parafuso ter ficado ali, nem os outros três que soltaram... o que me assusta são as expressões que escutei "Nossa! Que sorte"! ou "Que coincidência! Vocês pararam na hora certa"!
Eu não tenho dúvidas de que a mão poderosa de Deus Pai preservou nossa vida e nos salvou da morte naquela noite. Não foi sorte, foi Deus! Não foi coincidência, mas o Seu amor que nos livrou!
Deus fez o que fez, não porque existe, mas porque me ama. Ele cuidou de mim e está cuidando de você neste momento.
Quando recolocamos a roda do carro no lugar havia uma só palavra em nossos lábios: "Graças a Deus! Como o Senhor é bom!"
Ainda que o mundo todo diga o contrário, ainda que os fatos atestem em desfavor, saiba que o Senhor não esqueceu você e que neste momento Ele o abraça e o protege! Alguns, porém, perguntam: "Por que tantas pessoas são atingidas por males, acidentes e desgraças? Por que tantos não experimentam esta proteção?" Poderia Ele ter se virado ou abandonado você? A resposta é "não". Podemos pensar que o Senhor não estivesse conosco em determinadas situações, mas Ele estava ao nosso lado, sim, vivendo conosco cada momento.
Márcio Mendes