sábado, 15 de janeiro de 2011

A PAZ É UM DOM DE DEUS

A paz não é simples fruto de acordos políticos sazonais 
"A paz é um dom de Deus e ao mesmo tempo um projeto a realizar, nunca totalmente cumprido", diz o Papa Bento XVI na sua mensagem para o Dia Mundial da Paz, celebrado pela 25ª vez no dia primeiro de janeiro deste ano. A conquista da paz inclui os percursos dos diálogos todos, em diferentes níveis, as providências estratégicas de gestões inteligentes e eficazes, com entendimentos políticos adequados, e a indispensável consciência cidadã sustentada pelos valores morais que asseguram a configuração de um tecido social justo e solidário.
Ao afirmar que a paz é um dom de Deus, o Papa indica que uma sociedade reconciliada com Deus está mais perto da paz. Essa reconciliação afronta, entre outros desafios, o da indiferença religiosa, suscitando por um lado afirmações, condutas e linguagens que prescindem de Deus. Mas também indica, por outro lado, o enorme desafio da intolerância religiosa que tem comprometido o valor da liberdade, gerando cenários sangrentos e violentos em muitos lugares, particularmente na Ásia e na África.
O Santo Padre sublinha que a paz é o resultado de um processo de purificação e elevação cultural, moral e espiritual de cada pessoa, de cada povo, no qual a dignidade humana é plenamente respeitada. Esse percurso e a forma para se alcançar essa meta supõem mais do que a inteligência humana, que pode perder também o seu rumo e se desvirtuar, na contramão da lucidez própria na geração do bem. A paz não é simples fruto de acordos políticos sazonais, tampouco de interesses nas esferas econômicas, estratégicas e tecnológicas. Ela é um valor moral. Sua sustentabilidade enraíza-se na experiência religiosa, na fé professada e testemunhada por indivíduos e também por povos de diferentes culturas, com resultados inquestionáveis na sua configuração. Trata-se da experiência religiosa na vivência confessional da fé. As armas morais, por isso mesmo, são as mais preciosas para que haja paz. Nesse âmbito, sabe-se o quanto o mundo tem necessidade de valores éticos e espirituais. É um mundo que necessita muito de Deus.A religião, também, lembra o Sumo Pontífice, pode oferecer contribuição preciosa na busca e na construção de uma ordem social justa e pacífica. Nesse horizonte sua mensagem trata o tema da liberdade religiosa como caminho para a paz. Toda pessoa na sua experiência de fé tem o direito intocável do respeito à liberdade religiosa. Nessa experiência é que a pessoa orienta a própria vida, pessoal e social, para Deus, assegura o Papa. E tem, pela luz da presença divina, a capacidade de compreender plenamente a sua identidade, sua liberdade e seu destino. Afirma, ainda, que negar ou limitar arbitrariamente a liberdade religiosa significa cultivar uma visão redutiva da pessoa humana, e esse obscurecimento da função pública da religião gera uma sociedade injusta, em razão de ser desproporcionada à verdadeira natureza da pessoa.

A reflexão feita por Sua Santidade parte, pois, da compreensão e do reconhecimento da dupla dimensão na unidade da pessoa humana: a religiosa e a social. Considerar apenas a essencialidade da dimensão social é mutilar o sentido da indivisível unidade e integridade da pessoa. A desconsideração, portanto, da dimensão religiosa é abertura para o risco de admitir ser possível encontrar no relativismo moral a chave para uma convivência pacífica. Concretamente, aí nascem a divisão e os riscos graves de negação da dignidade dos seres humanos.
O Papa Bento XVI afirma, então, que a abertura à verdade e ao bem, a abertura a Deus, radicada na natureza humana, confere total dignidade a cada um dos seres humanos e é garantia do respeito pleno e recíproco entre as pessoas. Portanto, não se pode buscar a paz prescindindo da dignidade transcendente da pessoa enquanto valor essencial. O entendimento pauta-se no quanto é importante e indispensável ter capacidade de transcender a própria materialidade e buscar a verdade. Essa faculdade é indispensável na construção de uma sociedade orientada para a realização e a plenitude da pessoa. O caminho para a paz, pois, situa a religião na sua dimensão pública. Esse seu lugar - de grandeza compartilhada - confronta-se com importantes aspectos no conjunto da vida da sociedade, ultrapassando o estritamente individual. Há um importante confronto com o sentido da laicidade positiva do Estado, desafiando a superação dos riscos dos laicismos. Desafia também os fundamentalismos originados no próprio campo das religiões e outras escolhas. São muitos, ainda, os desafios no caminho para a paz.

om Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte

A ORAÇÃO PÕE TUDO NO LUGAR

mensagem_010609_peqÉ essencial que rezemos sempre, sem jamais desanimar. Antes de nos dedicarmos às atividades e de empregarmos todos os meios para alcançar os nossos objetivos, precisamos recorrer a Deus na oração, porque Ele é a generosidade em pessoa e escutará as nossas súplicas. Acontecça o que acontecer, nunca devemos nos desesperar, mas insistir na oração, porque Deus é bom e está sempre atento aos desejos mais profundos do nosso coração. A oração da fé põe tudo em seu devido lugar.
Quando oramos, imediatamente Jesus vai aonde estamos e nos dá a mão, como Ele fez com a sogra de Pedro que estava enferma.
“Jesus foi aonde ela estava, segurou sua mão e ajudou-a a se levantar. Então, a febre deixou a mulher e ela começou a servi-los” (Mc 1,31).
Jesus, ensina-nos a orar sempre, sem jamais desanimar.
Jesus, eu confio em vós!
Luzia Santiago

PERMANECER NO PECADO PERMANECER LONGE DE DEUS

Naquele momento havia pessoas dos mais diferentes níveis, e que se viam diferentes umas das outras. Em todo momento Jesus prega sobre um Reino onde todos são incluídos, e isso para pessoas que não se enxergavam como iguais.
Então entra o miserável paralítico. Seus amigos, que pelo simples fato de serem amigos de um doente já mostravam que não se achavam melhores ou piores que o pobre enfermo. Apenas o levaram movidos por essa fé. Mas não bastava apenas levá-lo até Jesus, pois a casa estava cheia e o paralítico não podia entrar, assim como ele não podia ir ao templo, pois naquele “lugar santo” não havia espaço para sua “deficiência pecadora”.
Mas eles foram ousados. Não desistiram, acreditavam que o Senhor era diferente, porque a mensagem d’Ele era diferente, e aquele “pobre paralítico” tinha que ouvi-la. – “Então vamos fazer o impossível para que ele possa ouvir, pois esse Jesus é inigualável. A única saída é pelo teto, vamos correr o risco, pois esse Jesus é inigualável”.
Então esses homens passam o paralítico por uma brecha no telhado da casa onde estava Cristo. Essa é a atitude de fé de quem entende que Jesus é único, inigualável e que aquele era um momento único na vida deles, principalmente na vida do paralítico.
Você queria motivo maior do que esse para que Jesus Nazareno se admirasse da fé deles? A fé que faz com que Jesus se admire não é a fé no milagre da cura, mas a fé no milagre do Reino de Deus, a fé no milagre de que, neste [Reino], eu posso me aproximar com ousadia na presença de Deus sem intermediários. A fé que causa “espanto” em Cristo é a fé daqueles que entendem que a mensagem do Reino é inigualável, e quebra com todas as barreiras que separam. A fé que move a mão de Jesus é a fé de que, no Reino, todos são realmente próximos uns dos outros.
Por mais que naquele momento eles desejassem ver o amigo deles curado, a fé deles já os havia curado, pois eles entenderam a importância da mensagem do Reino. E então se preocupavam com a saúde, o bem-estar de todos. Qual é a sua atitude diante daqueles que estão no pecado? De julgar e condenar? Ou de levar para Jesus a fim de que Ele os cure e lhes perdoe os pecados?
A insistência sobre o tema do perdão dos pecados chama a atenção na cena da cura do homem paralítico. Assim que Jesus o vê descer de um buraco aberto no teto, declara que seus pecados estão perdoados. Essa declaração provoca alguns escribas que estavam por perto. Para eles, a Palavra do Mestre soava como uma verdadeira usurpação de algo reservado exclusivamente a Deus, portanto, Jesus era um blasfemo!
A maneira como Ele rebate a maledicência dos escribas é significativa: cura o paralítico para provar que “o Filho do Homem tem, na terra, o poder de perdoar os pecados”. O gesto poderoso de cura parece insignificante diante do poder maior de perdoar os pecados. E Jesus, de certo modo, parece sentir-se mais feliz por perdoar os pecados do que por curar. Por quê?
O perdão dos pecados tem, também, uma função terapêutica. Trata-se da cura do ser humano na dimensão mais profunda de sua existência, ali onde acontece seu relacionamento com Deus. Sendo essa dimensão invisível aos olhos, as pessoas tendem a se preocupar mais com as dimensões aparentes de sua vida, buscando a cura quando algo não está bem no âmbito corporal. Jesus vê além, preocupando-se por libertar quem pena sob o peso do pecado, mais do que sob o peso da doença. O primeiro é muito mais grave. Permanecer no pecado significa viver afastado de Deus e correr o risco de ser condenado. Este é o motivo pelo qual o Mestre, antes de qualquer coisa, quer ver o ser humano liberto de seus pecados.
Para os que fazem diferenças entre santos e pecadores, a atitude de Jesus no Evangelho de hoje era uma blasfêmia, já que aquele Jesus era um homem, e como homem não podia perdoar ninguém. – “Deus não pode aceitar esse paralítico de forma tão simples assim, isso é blasfêmia!”, pensavam os raivosos donos do poder religioso. Todavia, na ótica do Jesus e na ótica do Reino, nada havia sido tão simples assim, a aceitação de Deus vem da cura do coração, do arrependimento daqueles homens demonstrado pela fé nos princípios do Reino pregado por Cristo. A cura do arrependimento é mais séria e mais difícil que a cura do corpo.
Fazer o paralítico andar foi um sinal não para o paralítico, mas para todos nós que ainda não enxergamos a realidade do Reino. A cura física do paralítico era a representação terrena, carnal, física, daquilo que Deus, por intermédio da Sua Palavra, haveria de fazer naqueles que, com fé, esperança e confiança, acreditam no Seu Filho muito amado.
Senhor Jesus, cura-me de minhas deficiências espirituais, pela força de  Tua graça, para que eu possa caminhar sempre no amor.

Padre Bantu Mendonça