quarta-feira, 3 de outubro de 2012


OS DONS DEUS

Eles não podem ser acumulados em poucas mãos

Dia 30 de setembro, fazemos memória ao patrono da Bíblia, São Jerônimo, um dos tradutores dos textos bíblicos do original para o latim, formando a Bíblia chamada de “Vulgata”. É a Palavra de Deus como sendo o grande dom, um caminho revelador da identidade de Deus em Jesus Cristo. Aí encontramos a indicação dos dons divinos concedidos à pessoa humana.

Toda pessoa, além do dom da vida, é marcada pela presença da bondade do Senhor com habilidades para o bem de todos. Dons que não podem ser privatizados por práticas egoístas. Os bens materiais são dons de Deus e devem ser administrados de forma a propiciar vida digna para todas as pessoas. Deus pedirá conta de quem administra com injustiça.

Na administração dos dons, a prática deve ser de liberdade, evitando um poder centralizado, sem organização, função social e sem a participação da comunidade. Muitos administradores temem ser diminuídos em sua autoridade e, às vezes, são envolvidos por ciúmes, prejudicando o destino dos bens por causa de atos infantis.


A administração dos bens públicos pode revelar um alto grau de imaturidade e despreparo dos seus administradores. Eles são escolhidos pelo nosso voto no dia das eleições. Mas não seria o nosso voto um ato de imaturidade, porque não escolhemos quem tem mais condição, preparo e dignidade para o cargo? Ainda é tampo para refletir sobre isto.

O poder do administrador não pode ser apenas para sua projeção social. Não devemos concordar com o “mal agir”, com a conduta errada, a cobiça, a inveja e a ambição. É necessário extirpar todo tipo de administração que vai contra os princípios do Evangelho, porque as consequências são desastrosas para o povo.

Os dons de Deus não podem ser acumulados em poucas mãos.
A injustiça social é uma grande ofensa ao Criador. A riqueza centralizada provoca insensibilidade e exploração das pessoas, na qual domina a injustiça e a desonestidade. Temos como fruto a violência e a morte; é um desvio de destino dos bens de Deus.
Dom Paulo Mendes Peixoto

ANESTESIA ESPIRITUAL

O amor é o antídoto que nos devolve a vida

A palavra anestesia tem sua origem no vocábulo grego e significa "ausência de sensações". Popularmente, podemos dizer que é um estado em que a sensibilidade fica temporariamente bloqueada. Muitos pacientes, ao serem submetidos a algum procedimento cirúrgico, são anestesiados para não sentirem nenhuma espécie de dor. 

Infelizmente, nossa sociedade passa por um processo de anestesia espiritual. Fomos anestesiados em relação à dor de quem sofre. Para não sentirmos a dor que os outros sentem, anestesiamo-nos e, assim, divorciamo-nos da solidariedade. Se em tempos distantes a preocupação com o vizinho doente era prioridade, hoje esta atitude parece não mais condizer com o homem pós-moderno. A pós-modernidade enclausurou o ser humano em suas próprias preocupações e tem lhe roubado o direito de amar. 

Muitos caminham pela vida anestesiados em relação à dor de seus irmãos e irmãs. No tempo de Jesus não era diferente. Os fariseus e escribas olhavam para os doentes e sofredores e enxergavam somente a impureza. Estavam anestesiados pela arrogância de suas próprias autossuficiências. A anestesia que impedia a verdadeira solidariedade de acontecer atravessou milênios e chegou até nossos dias com uma nova roupagem, mas carregando em si mesma o mesmo veneno: a falta de amor verdadeiro. 
Jesus trouxe o antídoto contra a anestesia que impedia o ser humano de olhar para o outro e não se compadecer com a dor. Ele nos trouxe o amor como remédio para curar a insensibilidade que roubava do ser humano a solidariedade profunda e verdadeira. Se para os fariseus o doente era um impuro, excluído da graça de Deus e da comunidade, para Jesus este mesmo doente era um Filho do Pai que necessitava de cuidados e carinhos. Com o bálsamo do amor, Jesus foi ao encontro daqueles que caminhavam pela vida sozinhos e desamparados. Enquanto alguns feriam os doentes com a falta de compaixão, Jesus os curava com Seu amor sem limites.

Aquele que sofre não é um estranho, mas irmão, filho do mesmo Pai que merece cuidados, amor e carinho. A anestesia espiritual nos afasta da verdadeira solidariedade. Enquanto a teoria roubar a cena, correremos o risco de nos perder em palavras bonitas e deixarmos sofrendo aquele que clama por nossa presença verdadeira e solidária. Jesus fez a diferença na vida de cegos, leprosos e pecadores. Sua atitude mostrava a cada fariseu ou escriba que eles somente seriam verdadeiramente humanos se, antes, tomassem o antídoto do amor que os libertaria da anestesia que lhes impedia de ver além de suas próprias verdades.

Cada dia é sempre uma nova oportunidade de fazermos a diferença na vida de alguém. A verdadeira solidariedade nos liberta da anestesia da falta de amor e nos faz ir ao encontro de quem sofre e lhe dizer: “O que posso fazer para ajudá-lo?”; “Estou junto com você!”; “Juntos vamos encontrar uma solução!”; “Se precisar de mim, pode me ligar ou me procurar a qualquer hora do dia ou da noite!”... Amor verdadeiro não sobrevive de teorias, mas sim de gestos concretos. 

Jesus nos ensina, com seus exemplos, a sermos sempre o diferencial na vida de quem sofre e não tem ninguém ao seu lado. Se o antídoto do amor nos libertar da anestesia que nos impede de nos aproximarmos de quem sofre, teremos compreendido o que Ele nos ensinou quando disse: “Não existe amor maior do que dar a vida pelos amigos” (Jo 15,13)
Padre Flávio Sobreiro

CURA , SENHOR, O MEU CORAÇÃO ENDURECIDO

Outra vez, Jesus entrou na sinagoga e lá estava um homem com a mão seca. Eles observavam se o curaria num dia de sábado, a fim de acusá-Lo. Jesus disse ao homem da mão seca: 'Levanta-te! Vem para o meio!' E perguntou-lhes: 'Em dia de sábado, o que é permitido: fazer o bem ou fazer o mal, salvar uma vida ou matar?' Eles ficaram calados. Passando sobre eles um olhar irado e entristecido pela dureza de seus corações, disse ao homem: 'Estende a mão!' Ele estendeu a mão, e esta ficou curada. Saindo dali, imediatamente os fariseus e os herodianos tomaram a decisão de eliminar Jesus" (Mc 3,1-6).
O Evangelho nos mostra Jesus na sinagoga com os escribas. Estes estavam atentos para ver se o Senhor iria curar alguém num dia de sábado. Percebendo o que eles estavam pensando, Jesus os provoca e chama aquele homem, cuja mão era seca, para o centro da sinagoga e lhe pede que estenda a mão. Imediatamente, sua mão ficou curada. Percebendo que todos O observavam, Jesus ficou cheio de ira e de tristeza, porque eles eram duros de coração.
Assim, não sabemos quem era mais doente: se o homem da mão seca ou aqueles escribas, fariseus, doutores da Lei, pessoas que ensinavam e conduziam o povo dentro dos caminhos de Deus. Qual doença era pior: uma mão entrevada ou um coração endurecido?
Meus irmãos, hoje é o dia em que Jesus quer operar as duas curas, pois os sofrimentos, principalmente a nossa má vontade, a nossa pouca fé e os nossos pecados vão endurecendo os nossos corações. Por descuido, ressentimentos, decepções, maldades, raivas, rancores cultivados e vingança, nós acabamos ficando com o coração endurecido, mas o Senhor quer curá-lo.
Ore comigo: "O Senhor quer curar o meu coração endurecido. Eu preciso, Senhor. Talvez eu nem tenha percebido, até hoje, como o meu coração estava insensível. Cura, Senhor, o meu coração endurecido". 
Que Deus cure o seu coração ou pode ser que você seja um homem ou uma mulher de "mãos secas". Somos cristãos, somos católicos, mas, muitas vezes, queremos que Deus atenda as nossas necessidades e traga cura e solução para nós. Que Ele dê um jeito em nosso casamento, nos filhos, nos pais, mas nós "tiramos o corpo fora" quando precisamos ser ativos na Igreja, participando e tomando a frente de algum ministério e serviço. Nós somos, como disse Jesus, o "sal da terra", o "fermento da massa". 
Nós tivemos a graça de nascer de novo, de nascer do Alto. Por isso, precisamos viver como quem é filho de Deus. E o filho deve fazer as coisas que o Pai gosta de fazer. O Senhor nos quer sal para esta terra que está "apodrecendo". O sal não precisa fazer muita coisa, basta que seja sal. Nós não temos “salinidade”. Ela é do Senhor e do Espírito Santo que nós recebemos. Temos de usá-la em favor da Igreja. Nós temos o Pai, o Filho e o Espírito Santo vivos dentro de nós. Não podemos ser homens e mulheres de “mãos encarquilhadas”.
O Senhor quer curar as duas coisas em nós: a "mão seca" e o coração endurecido. 
Oremos juntos: "Senhor, encha-nos do Espírito Santo. Que Ele venha à tona. Jesus, manda o Seu Espírito para transformar o meu coração, faz este milagre, esta transformação. Senhor, eu preciso curar meu coração e minhas mãos. Não é simplesmente curar a mão, mas me tornar mais ativo na Igreja com a vida que já está em mim".
Monsenhor Jonas Abib
Fundador da Comunidade Canção Nova


OREMOS NO ESPÍRITO SANTO

Na oração em línguas, quem ora em nós é o Espírito Santo. Não sabemos orar, então nos colocamos na presença de Deus e realizamos a nossa parte que é emitir os sons. Quem se põe diante de Deus por nós, como nosso advogado, é o Espírito Santo. 

Assim como um advogado sabe falar com o juiz, o Espírito Santo sabe falar com Deus Pai e com Jesus. Assim como um advogado, conhecendo bem sua situação e os riscos que você corre, emprega os termos corretos para defendê-lo, o Espírito Santo apresenta sua situação e, com palavras mais corretas, o defende diante de Deus. Essa é a atitude fundamental do intercessor. 

Realmente, não sabemos como orar, mas o mesmo Espírito Santo intercede por nós com gemidos inefáveis. A palavra "inefável" é derivada de um verbo latino e quer dizer "aquilo que não se pode exprimir em palavras". São gemidos que não podemos traduzir, falar ou explicar, porque não são resultado da mente humana. É o próprio Espírito Santo orando em nós. 

"E Aquele que perscruta os corações sabe o que deseja o Espírito, o qual intercede pelos santos, segundo Deus" (Romanos 8,27)

Deus Pai e seu Filho Jesus perscrutam o coração. Eles sabem o que o Espírito Santo está pedindo. Por esta razão, Ele [Espírito Santo] é o nosso intercessor, nosso advogado, em primeiro lugar. Ele não pede as "coisinhas" limitadas que costumamos pedir, mas sim as grandes coisas e graças que Deus sabe de que precisamos. 

Somos intercessores por nossos próximos, mas o intercessor em nós é o Espírito Santo. Oremos no Espírito e oremos também com a inteligência. Nossa oração é essencial na intercessão, mas a oração em línguas se torna fundamental, porque é o próprio Espírito Santo de Deus orando em nós, e Ele sabe como fazê-lo. 

Clamemos: "Vinde, Espírito Santo!"

Monsenhor Jonas Abib
Fundador da Comunidade Canção Nova