sábado, 17 de maio de 2014

POR QUE PRECISO DE DIREÇÃO ESPIRITUAL?

Por mais que já tenhamos um bom tempo de caminhada ao lado de Deus, precisamos de alguém que nos instrua, que nos ilumine nas decisões.
Desde que nascemos, precisamos da ajuda do outro. No nascimento, precisamos dos cuidados de nossos pais, precisamos do alimento, do leite materno que não pode ser descartado ou substituído por outro alimento, pois este tem sua riqueza em vitaminas. Para a criança recém-nascida não tem jeito, ela precisa do leite humano.
Deve ser por isso que Deus quis criar o ser humano. O Senhor quis que as pessoas se relacionassem; por isso criou a mulher, a fim de que ela fosse companheira, uma “auxiliar que correspondesse a ele” (Gn 2,20).
Assim, isso também se aplica à vida espiritual. Por mais que já tenhamos um bom tempo de caminhada ao lado de Deus – sejam cinco, dez, vinte anos servindo num grupo, numa pastoral –, para que possamos dar algo precisamos também receber, precisamos de alguém que nos instrua, que nos ilumine nas decisões. Por isso há a necessidade não só de formação, mas de alguém que caminhe conosco e nos ajude a discernir quais passos devem ser dados.
Vamos usar alguns termos para que esta reflexão fique clara: “acompanhador” e “acompanhado”. Acompanhador é o diretor espiritual; acompanhado, aquele que é dirigido.
Por que preciso de um acompanhador espiritual? Porque preciso dos outros não só nas realidades básicas, humanas e profissionais, mas também na realidade espiritual. Muitas vezes, erramos, porque não temos alguém, ao nosso lado, para nos escutar, para dar uma luz sobre esse ou aquele assunto.
Preciso de direção espiritual, porque necessito de ajuda, porque sou falho, porque não sou perfeito. A busca por um acompanhador espiritual é também uma atitude de humildade, um remédio contra a autossuficiência, contra o orgulho. Preciso de um acompanhador, porque nem sempre estou certo. Se precisei de alguém quando criança, quando adolescente e até adulto para realizar algumas tarefas, mesmo com alguma autonomia e autoridade, preciso do outro para continuar acertando ou para errar menos.
Por fim, o acompanhador é uma boa ajuda para que se viva bem a vida espiritual e, consequentemente, para que se viva bem as outras realidades da vida, pois estão estreitamente ligadas. Quando eu estiver bem com Deus, estarei bem com o outro, estarei bem com a vida profissional, e todas as outras coisas deslancharão. E mesmo que as outras realidades não estejam bem, o fato de estar bem espiritualmente, de estar sendo acompanhado, faz com que eu tenha paciência, sobriedade e calma com as confusões ao meu redor, “mesmo que a figueira não renove seus brotos, a parreira deixe de produzir, se as ovelhas desaparecerem dos pastos, estarei feliz no Senhor (Hab 3,17-18). Não significa ser passivo, mas, sendo acompanhado, terei calma para ver tal situação como um desafio a ser vencido, à luz do Espírito Santo, com diálogo e esperança.

Padre Marcio

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