segunda-feira, 19 de maio de 2014

POR QUE CONSAGRAR-SE A MARIA ?


Alegria nessa manhã de domingo estarmos juntos e nesse Congresso Mariano gostaria de refletir a respeito da consagraçaõ a Nossa Senhora. 

Esse tema é um tema que vem sendo repetido por vários santos e movimentos. Nesses últimos tempos tem se intensificado. No Brasil os movimentos além da consagração através do método exposto pelo Tratado da Verdadeira Devoção. Por exemplo São Maximiliano Maria Kolbe, que fala dentro da sua tradição de espiritualidade franciscana, e só depois ele conheceu o tratado. Temos o movimento sacerdotal mariana do Padre Stefano Gobbi que fala da consagração ao Imaculado Coração de Maria. Nós temos todo o movimento apostólico de Schoënstatt a partir do pensamento do Joseph Kentenich, fala de uma outra dimensão, mas todos falam na mesma linha, dentro da Igreja. Legião de Maria que fala da consagração a Nossa Senhora mais ordenado, mas metódico, as consagrações Marianas que falam desse entrega a Nossa Senhora. Todos com linguagens diferentes, mas como uma sinfonia, como uma orquestra. Todos estão tocando a mesma sinfonia, mas cada um, uma parte. O que trago é uma constatação. Hoje muitos pessoas estão fazendo a consagração. 

Mas qual é o fundamento teológico disso? Se não colocarmos a teologia no seu lugar, ficaremos em algo apenas devocionário.

No início da Igreja, se fala de uma entrega a Nossa Senhora como servos, escravos de Maria. A palavra escravo é uma palavra chocante para nós no século XXI. A palavra escravidão é uma das analogias. João Paulo II já era seguidor de São Luís Maria Grignion de Montfort, e que já usava a palavra confiar, no lugar de consagrar, mas que são a mesma coisa, são metáforas, analogías.

Onde está o fundamento teológico de tudo isso? Primeiro a fé. O dogma de fé é dar a Deus um culto que é o culto de latría, nós adoramos somente a Deus. Somente Deus é Deus. Ninguém mais é Deus. os santos e Maria é criatura. O que é então adorar? O meu nada diante de Deus que é tudo. Quando ficamos ajoelhados estamos dizendo que não somos nada, e Deus é tudo. Só podemos fazer diante de Deus e para Deus. 

Na semana santa ajoelhamos diante da Cruz, que é o amor de Deus manisfestado através de Jesus. Esse culto a Deus também pode ser refletido através de criaturas. Por exemplo diante do confessor, se nos colocamos de joelhos, não estamos adorando o Padre, mas de Deus que está ali. A adoração de Deus pode se dar de forma indireta através das criaturas. Quando alguém encontra uma sacerdote e beija a mão de um pecador, que é o padre, pela fé ele está beijando a mão de Cristo através do sacramento. Então é a fé no sacramento. Eu uso a batina, e ela serve a me lembrar ao mistério sacerdotal que sou chamado a crêr!Quando o padre está celebrando a missa, e os acólitos fazem reverência dinte do padre, não é ao padre mas á Cristo. Isso é a fé no através do sacramento. 

A adoração a Deus através do culto de latria é só a Deus. Só que a Igreja reconhece para o santo o culto de dulia. A palavra dulia significa servo. Doulos é o escravo. E nós ficamos as vezes perplexos diante da palavra escravos. Onde diante de uma sociedade as coisas evoluíram. Exemplo: Quando uma pessoa sofre um acidente ele consegue pegar o atestado. Isso não acontecia antes. Ou ela procurava alguém que fosse substituir, ou ela passava “fome”. Hoje, temos muitos recursos. Antigamente a palavra servo; escravo, significava que a pessoa colocava debaixo da proteção, debaixo do auxílio, do patrocínio. Essa realidade de nos colocar debaixo dessa proteção era uma forma de cuidar, e a palavra escravidão vem daí. Escravidão era algo voluntário. Mas para hoje a palavra escravidão para nós é forte. Nesse sentido o culto de dulia é dado aos santos. Os evangélicos perguntam: “Porque você não vai á Deus diretamente?” Porque Deus quer usar do amor da suas criaturas. Porque você em vez de ir direto para Deus, vai para o colo da sua mãe, receber carinho e cafuné? Porque você sabe que aquele amor também vem de Deus. Deus usa das suas criaturas, Ele quis assim. 

A graça é a glória de Deus aqui na terra. A glória é a graça de Deus no céu. Olhando para a graça e para glória, os santos merecem o nosso culto o nosso louvor. Nós temos que louvar a Deus pelo amor que os santos fazem brotar do nosso coração. O concílio de trento vai responder que o santo merece a graça que nós merecemos. O mérito derivado do mérito central de Cristo. Eu gosto de fazer a comparação com a manga. Quem fez a manga não foi Deus? Quem deu a manga? A mangueira. Por isso eu posso agradecer a mangueira. Assim é o santos, ele é instrumento como a mangueira. 

O culto a Deus é latria. O culto aos santos é dulia, eu me ponho debaixo da proteção dos santos. Teologicamente falando, Maria não é alguém que aje só na glória como os santos, mas Maria além da graça e da glória, aje na ordem da união hipostática é uma coisa que só Jesus tem. É a união das duas naturezas em uma pessoa. Maria por projeto divino, por eleição e graça da escolha, Maria foi escolhida para fazer parte da união hipostática, porque ela pode dizer que é Mãe de Deus. Por quê Ela é Mãe de Deus? Nunca perguntamos: você é mãe do quê? Mas de quêm? Maria gerou um ser humano, ela não gerou uma natureza divina. Ela gerou Jesus humano, mas que é Deus. A pessoa divina do Filho foi gerado desde toda eternidade pelo Pai. Se Deus quiseze trazer Jesus sem Maria, Ele tinha trago, mas Ele quis usar de Maria. Maria gerou a pessoa de Deus. Eis aí o grande mistério, Ela gera o Filho. 

Existe uma oração que vem lá do Egito. Essa oração é aquela: “Debaixo da Vossa proteção recorremos Santa Mãe de Deus, não desprezeis em nossas súplicas em todas as nossas necessidades, mas livrai-nos de todos os perigos! Ó Virgem, Gloriosa e Bendita.” Em grego se formos ver debaixo da proteção, o grego original seria: Dentro do Vosso útero nos refugiamos Santa Mãe de Deus. Os cristãos desde do ínicio não diziam: “Mãe intercede aí!” Ela é intercessora. Mas eles dizem: “Nós refugiámos debaixo da vossa proteção.” Maria tem um poder. E como Maria tem poder? Como uma mulher no resto da sua descedência Maria luta contra o dragão se Ela não tem poder? Ela só pode ter poder. E se formos ver uma está ligado a união hipostática. 
Você precisa estar unido a Deus a tal ponto que seja santo. Nós precisamos ser outros cristos. Ser Jesus. Precisamos ser tão configurado a Cristo que as pessoas vejam Cristo em nós. Tudo aquilo que a Igreja faz é gerar Cristo em nós. O sacramento da crisma, Deus Pai envia o ungido para gerar Cristo em nós. Eucarístia, Deus Pai envia o Espírito para que nós comunguemos o Cristo. Unção dos enfermos Deus Pai envia o Cristo em nós, para nos tornamos um santo e guerreiro. No Matrimônio Deus Pai envia o Espírito Santo, para gerar o esposo em nós. É o resumo da nossa vida cristã.

Quando Deus Pai envio o Espírito foi no ventre de quêm? De Maria. Então quando nos colocamos no ventre de Maria, sobre a proteção de Maria é como se dissermos: “Maria a senhora é a “padeira”, faz que aumente esse pães, que gere mais. 

No tratado São Luís, vai dizer que Deus é quem faz. Maria distribui as graças. 

Fui ordenado pelo Papa João Paulo II. Posso confessar o meu pecado. Eu achava essa história de devoção uma grande bobagem. Eu achava uma coisa perigosissíma porque eu achava que iria levar o povo a mariolatria. Achava que Nossa Senhora queria tomar o lugar de Jesus. Mas depois que São João Paulo II, morreu. Falo que ele colocou a mão na minha cabeça e muitos coisas que ele falava, comecei a acreditar mais. Eu era mais de linha de Ratzinger, enquanto seguia a vida espiritual dos bezentinos, JPII seguia os carmelianos, São João da Cruz e essa devoção á Nossa Senhora. E hoje eu falo que São Paulo II, olhou para mim. 

A consagração a Nossa Senhora é uma consagração feita a Jesus. É consagração a Jesus Cristo ao verbo Encarnado através de Maria. Quando nós vamos para Maria, vemos mais ainda Jesus. Maria se esconde para que Jesus apareça. 

Se você “joga fora” Nossa Senhora, você vai ficar sem Jesus. Quando as pessoas vão para Jesus e se esquecem de ir para Nossa Senhora, elas acabam deixando Jesus. Então nós queremos nos consagrar a Nossa Senhora. 

Houve no século IXX, dois imperadores. Quando Dom Pedro estava velhinho, devia passar o império para a Princesa Isabel, que era devotíssima de Nossa Senhora. Mas infelizmente alguns grupos contrários a Igreja, impediram que isso acontecesse. Mas ela fez uma coisa belíssima, pegou suas jóias e mandou para a Igreja de Nossa Senhora de Aparecida, fez uma coroa e deu a Nossa Senhora. Dona Isabel está começando para o processo de beatificação. 

Quando lá na França perguntaram para ela: “Dona Isabel a senhora libertou os escravos perdeu o trono. A senhora não está arrependida?” Ela disse: se mil tronos eu tivesse, eu perderia para dar a liberdade ao povo. Dona Isabel essa grande devota de Nossa Senhora. Veja meus irmãos quando somos devotos de Nossa Senhora somos mais de Deus ainda. 

A consagração a Nossa Senhora é uma forma de vivermos a graça bastimal. 
Padre Paulo Ricardo 
Sacerdote da Arquidiocese de Cuiabá (MT)

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